Fabio Grijó
Fúlvio Melo
Até o último domingo, o Estádio Olímpico João Havelange não abrigava uma competição de atletismo desde agosto de 2007. A única pista da América Latina credenciada pela Associação das Federações Internacionais de Atletismo (Iaaf) para receber um Mundial ficou sem uso durante 21 meses.
O Engenhão, que tem o Botafogo como responsável, agora, volta a se aproximar do atletismo. Projetos preveem a utilização do estádio para a formação de novos talentos. Até 600 pessoas poderão ser contempladas em um futuro próximo.
"Com a nova diretoria do Botafogo, abriram-se as perspectivas de uso maior do Engenhão para o atletismo", disse Carlos Alberto Lancetta, presidente da federação do Rio. "Estamos negociando com o governo federal, que nos requisitou um projeto de iniciação esportiva e inclusão social para o Engenhão", acrescentou.
O dirigente conta que a iniciativa ainda espera o aval do governo federal e do Botafogo, que venceu a licitação aberta pela prefeitura, construtora do Engenhão, em agosto de 2007, e administrará o estádio durante 20 anos.
No último domingo, o estádio foi sede do GP Rio, a primeira competição desde o Parapan. No próximo domingo, o Engenhão abrigará o Troféu Brasil. Depois disso, não há mais previsão de competições no local, que custou, aos cofres da prefeitura, R$ 380 milhões - a previsão inicial, em 2003, era de R$ 60 milhões.
"Se a pista não é utilizada, o material corre o risco de se deteriorar", diz Lancetta.
Pelo projeto divulgado pelo presidente da federação do Rio, 400 crianças e jovens de 7 a 19 anos serão recrutados para a prática do atletismo no Engenhão. O programa atenderá 150 adultos (com o objetivo de aprimorar o condicionamento físico) e 50 portadores de necessidades especiais.
Em parceria com a federação, o Botafogo segue à caça de parceiros. O vice-presidente de esportes olímpicos do alvinegro, Miguel Ângelo da Luz, afirma que a meta é transformar o Engenhão em uma escola de atletismo.
"Fui na última quinta ao 3° CRE (Coordenação Regional de Educação, braço da secretaria municipal responsável pelas escolas públicas) dos bairros próximos ao Engenhão", afirmou Miguel, que tem planos de montar uma equipe de atletismo do Botafogo no próximo ano.
"O projeto será custeado pelo Ministério da Educação e por outro parceiro. Todos os aparelhos usados permanecerão no Engenhão. Existe a possibilidade de abrigarmos tênis de mesa e lutas também", emendou.
Custo
Segundo Sergio Landau, gestor financeiro do Botafogo, que tem como um das missões fazer o Engenhão dar lucro, R$ 400 mil são gastos, por mês, pelo clube com a manutenção do estádio.
"Estamos fazendo um levantamento e buscando consórcios. Vamos terceirizar a manutenção. Hoje, o Engenhão dá prejuízo ao clube", disse ele.
"A torcida é uma das principais fontes de receita. Estamos estimando o público deste ano para saber o que poderemos esperar desse tipo de receita. Para o próximo ano, receitas de placas e alimentação estarão previstas. É um longo trabalho, mas já conseguimos reduzir o custo em R$ 200 mil", emendou.
A melhora dos acessos ao estádio é outro ponto que pode facilitar o uso maior do Engenhão.
"Semana que vem devo viajar para Brasília para tratar da questão dos acessos. O Maracanã entrará em obras e temos que nos preparar para receber os torcedores da melhor forma", diz o presidente do Botafogo, Maurício Assumpção.
JB Online