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futebol do Rio e o "complexo de vira-latas"


Púlpito

Enviado por Gilmar Ferreira - futebol do Rio e o "complexo de vira-latas"

Quando o gênio de Nélson Rodrigues criou a expressão “complexo de vira-latas” na década de 50, como forma de adjetivar o comportamento do futebol brasileiro diante dos seus adversários, mormente uruguaios e argentinos, ninguém imaginava que esta expressão se encaixaria perfeitamente no atual momento do futebol carioca _ sem estrutura, desorganizado, desrespeitado, manipulado, falido, achincalhado e feliz...

Assim são os requisitos para o "vira-latas".

Qual a razão?... Por quê se chegou a este estado de coisas?


- A Federação:

Com clubes tradicionais, que ajudaram a escrever a história de cinco títulos mundiais, não pode continuar sobrevivendo sem nenhuma identidade, que é o principal requisito de qualquer entidade representativa.

Criar competições com tabelas e regulamentos dirigidos, manipulados, arbitrados, conduzidos e condicionados ao apoio político do presidente da federação é, no mínimo, amoral.

É preciso que haja transparência, confiança, e isonomia nas deliberações e decisões daquela que deveria pautar o gerenciamento das competições, sem privilegiar a cor da camisa e o tamanho da torcida.

- Os clubes:

Usados por alguns dirigentes como o caminho mais curto para a ascensão financeira/política/social, os clubes, (tal como a federação) não dispõem de mecanismos estatutários, que possam coibir o coronelismo e as praticas mafiosas no processo eletivo, buscando sempre a perpetuação do poder.

São “empresas” que emprestam o seu CNPJ e alugam os uniformes, para grupos investidores exporem na vitrine as mercadorias (jogadores), e repassá-las para o mercado exterior.

Os clubes são protegidos pelas autoridades governamentais, que negligenciam a fiscalização sobre os deveres e encargos fiscais, motivando e estimulando a sonegação, com medidas paternalistas, sob o argumento fragilizado de política social e de utilidade pública.

Convivem com milhões de dólares, um cofre vazio e a extinção lenta e progressiva (Canto do Rio, Campo Grande, Serrano, Bangu, América, Botafogo, Vasco, Flamengo, Fluminense, Tigres...etc)

- A mídia:

Principalmente o rádio e os jornais, foram as alavancas para a divulgação, força e propagação do futebol carioca. Com as novas mídias (TV,Internet etc...) e a introdução no mercado de trabalho de uma nova geração de profissionais “preparados” pelas faculdades de comunicação, a linguagem e a maneira em analisar o futebol, tomou um novo rumo, e passou da analise técnica e coerente das equipes, como faziam Rui Porto,Luiz Mendes, para um festival de disse-me-disse, conversa de comadre e uma analise fria e extremamente pertinente para o futuro do futebol – como: quem é mais bonito? Kaká ou Cristiano Ronaldo.

Quando falamos em mídia, lamentamos pelo mesmo comportamento de passividade e de retração dos profissionais cariocas, em pautar e debater as questões impostas pelo poder econômico das empresas de comunicação de outros estados, e principalmente de São Paulo, com receio de perder espaço no mercado.

- O torcedor:

O torcedor, independentemente dos sintomas do vira-latas, ao ser maltratado, desrespeitado e manipulado, se empolga com a menor possibilidade de vitória, e lota o Maracanã, se transformando no único legado do futebol carioca, que um dia foi referência no Brasil.