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Depois de quase parar na Sérvia, Renato Silva diz: 'Dei a volta por cima'

Depois de quase parar na Sérvia, Renato Silva diz: 'Dei a volta por cima'

Execrado pela torcida em 2007, zagueiro vive redenção com a camisa do Botafogo e afirma que bom momento é fruto de mudança fora de campo

Gustavo Rotstein
Rio de Janeiro

Cezar Loureiro/AGÊNCIA O GLOBO
Ano de 2008 tem sido de alegrias para Renato Silva no Botafogo Foram duras as críticas da torcida ao time, mas se na eliminação do Botafogo da Copa Sul-Americana houve um vencedor, foi Renato Silva. A ótima atuação no empate em 2 a 2 com o Estudiantes, na última quarta-feira, consolidou a virada do zagueiro em 2008. Depois de terminar o ano passado rejeitado por torcedores e dirigentes botafoguenses, ele diz viver um momento especial.

Em conversa com o GLOBOESPORTE.COM, Renato Silva ressalta a gratidão pelo Botafogo, clube que deu oportunidades depois de ser flagrado no exame antidoping por uso de maconha e ter o contrato com o Fluminense rescindido. O zagueiro ainda admite cometer alguns erros, mas lembra que o aprendizado se reflete em campo. Ele disputou nada menos do que 66 dos 71 jogos do Alvinegro na temporada, tendo ainda a marca de 32 partidas consecutivas em 2008.

Qual foi o sentimento de uma grande atuação numa partida que terminou frustrada, com o Botafogo eliminado da Copa Sul-Americana?

Por causa do calor do jogo, só consegui dormir às 5 da manhã. No dia seguinte ainda assisti à partida na televisão e fiquei pensando no que aconteceu. O primeiro gol do Estudiantes saiu muito rápido e abalou nossa estrutura. Depois do segundo gol adversário, nossa torcida jogou contra, o que é normal. Na segunda etapa fomos mais aguerridos e terminamos com dignidade. Infelizmente não tivemos muitas forças para reagir, porque o Estudiantes tem qualidade, mas valeu pela vontade de todos.

O que sentiu quando foi aplaudido pelos torcedores após a partida? Foi a sua melhor atuação pelo Botafogo?

Já tive outras boas atuações, mas nessa me superei. Consegui atacar e defender. Fiquei muito feliz com meu desempenho, depois de um ano complicado. Antes, apenas uma meia-dúzia de pessoas gritavam meu nome nos estádios quando eu jogava bem, mas na quarta-feira vi que fui reconhecido por todos. Acho que contribuí para deixar o público menos frustrado e tive uma prova de carinho.

Por falar em ano complicado, 2007 foi difícil para você dentro e fora de campo. Imaginava que 2008 pudesse terminar da maneira completamente oposta?



Esse ano foi realmente muito bom para mim, dei a volta por cima. Estive bem desde o começo, recebi algumas propostas de outros clubes, ganhei confiança e tive atuações regulares ou boas. Já tenho quase 70 partidas na temporada e disputei 32 seguidas. Dentro e fora de campo, foi meu melhor ano. Estou inteiro e pronto para ajudar o Botafogo até o fim do ano.

Até que ponto a mudança de comportamento fora de campo tem se refletido no bom desempenho dentro dele?


Uma coisa ajuda a outra. Em 2008 tive minha afirmação como pessoa. Ainda cometo alguns erros, mas agora em menor quantidade. Errar é normal, mas o problema é que para mim o castigo vem muito rápido. Vou aprendendo com as porradas e procurando viver melhor. Por exemplo, quando o Ney Franco me conheceu, ainda no Flamengo, eu era de farra e bebia muito. Hoje ele vê minha dedicação total nos treinos e me elogia.

Qual a importância do Botafogo na sua recuperação em 2008?

No final do ano passado o Botafogo não queria que eu continuasse, mas o Túlio e o Cuca deram uma força para que meu contrato renovado. Acabou dando certo. Meu destino era o futebol da Sérvia, onde eu sumiria de tudo, mas acabei ficando e destaquei meu nome. Agora estou preparado para jogar em qualquer clube do Brasil e da Europa.

Isso quer dizer que você vai deixar o Botafogo no fim do ano, quando encerra o seu contrato?

Meu primeiro pensamento é ficar, estou esperando o Botafogo para conversar. Quero permanecer porque levo em consideração a importância do clube para mim e a minha adaptação ao Rio de Janeiro, onde moro há quatro anos. Estou com a cabeça tranqüila para analisar as propostas e decidir.

Você defendeu o Belenenses, de Portugal. Pensa em voltar à Europa?

Fiz um contrato de três anos com o Belenenses e cumpri apenas um, antes de ser contratado pelo Flamengo. Tenho vontade de voltar à Europa. Acho que hoje estou num melhor momento para jogar fora do Brasil, caso haja uma boa proposta.