Maracanã vira um verdadeiro Big Brother em dia de jogo
Complexo conta com 75 câmeras espalhadas por todos os lados. Nada escapa aos olhos dos operadores de vídeo que trabalham no estádio
Fabrício Costa Rio de Janeiro
Divulgação/GLOBOESPORTE.COM
Tatiana Domingos trabalha no BBB do Maraca
Tatiana Domingos trabalha no BBB do Maraca
"Sorria, você está sendo filmado". Este jargão está espalhado por todos lados. Seja nos elevadores de um prédio no centro do Rio ou em inúmeros ônibus que trafegam nas áreas mais longínquas da Cidade Maravilhosa. O que pouca gente podia imaginar- pelo menos não há o tal slogan no local- é que o complexo do Maracanã é um verdadeiro Big Brother em dia de jogo.
Com 75 câmeras espalhadas por todos os cantos, qualquer passo em falso de um torcedor (e até funcionário da Suderj) pode ser vigiado. Basta os agentes de monitoramento cismarem com a sua cara. - Nós conseguimos enxergar até o número de um assento no ginásio do Maracanãzinho.
Com 75 câmeras espalhadas por todos os cantos, qualquer passo em falso de um torcedor (e até funcionário da Suderj) pode ser vigiado. Basta os agentes de monitoramento cismarem com a sua cara. - Nós conseguimos enxergar até o número de um assento no ginásio do Maracanãzinho.
Basta acionarmos a câmera que está presa naquele raio e darmos um grande zoom - conta Carlos da Silva, um dos operadores do sistema de vigilância do Maracanã, que também pode avisar à chefia se algum prestador de serviço do quadro-móvel está fora do lugar planejado.A grande diferença para o BBB é que as câmeras do Maracanã não funcionam 24hs por dia. No entanto, elas são ligadas quatro horas antes e continuam funcionando quatro horas depois de todas as partidas no estádio.
O suficiente para captar cenas hilárias que podiam entrar no programa "Nem Big, Nem Brother", do Multishow. - Já flagrei um casal de namorados quase derrubando uma pilastra, de tanto que eles faziam movimentos (risos). Em um outro jogo, avistei um cachorro perdido no meio da arquibancada - confessa a assistente de monitoramento de vídeo, Tatiana Domingos.
Imagens engraçadas à parte, os dois centros de vigilância do Maracanã são de vital importância para o trabalho preventivo do Gepe (Grupamento Especial de Policiamento em Estádios). Assim que detectam um foco de confusão, os operadores de vídeo acionam a Polícia Militar e os homens que ficam de plantão nos portões e nas roletas do estádio.
- Isso tudo pode parecer um grande videogame por causa deste joystick, mas nós também somos responsáveis pela segurança das pessoas dentro e nos arredores do Maracanã. Já consegui evitar uma briga feia num jogo entre Flamengo e Botafogo na rampa do Bigode. E também avisamos quando tem alguém causando tumulto nas bilheterias - esclarece Tatiana Domingos.
Se você vai com freqüência ao Maracanã, provavelmente já foi alvo de algum zoom dessas câmeras na rampa da UERJ, ao redor da Estátua do Bellini ou na estação mais próxima do Metrô. Estes são os três pontos mais monitorados do lado de fora do estádio. Quando a bola rola, os olhos digitais do Gigante se voltam para o gramado.
- Das 75 câmeras, 39 ficam nos arredores do Maracanãzinho, sendo quatros delas instaladas no interior do Ginásio. Os outros 36 equipamentos ficam em vários cantos do Maracanã, com quatro destes só para captar imagens do gramado - confirma a secretária de Turismo, Esportes e Lazer, Márcia Lins.
Legado do Pan do Rio, os centros de vigilância do Maracanã são motivos de comemoração da também presidente da Suderj. - Assim que as câmeras foram instaladas no Maracanã, fizemos reuniões duras com os principais representantes de torcidas organizadas. Dissemos que quem fosse flagrado depredando ou brigando no estádio seria severamente punido. Pensamos até em criar uma lista negra, proibindo os fichados de entrarem no estádio. Só que não foi necessário tomar essa atitude porque as torcidas passaram a ser comportar bem melhor do que antes - garante.
Em relação ao livre trânsito de cambistas do lado de fora do estádio, Márcia Lins afirma que a fiscalização na venda de ingressos compete exclusivamente aos clubes - tendo por base o Estatuto do Torcedor. Nesse caso, as câmeras flagram, as imagens capturadas ficam gravadas e podem servir de banco de dados para a PM. Porém, Flamengo, Fluminense e a CBF - em caso de jogo da seleção brasileira- é quem têm que tomar iniciativa.