Assumpção: 'Sei que sou uma incógnita'
Maurício Assumpção: 'Sei que sou uma incógnita' Candidato único à presidência do Botafogo, o dentista de 46 anos admite não ser conhecido, mas pede um voto de confiança a quem tem o mesmo sonho que ele: um time competitivo para o Estadual de 2009
Raphael Roque
Rio - As eleições presidenciais do Botafogo serão no dia 27 de novembro, e Maurício Assumpção, líder da única chapa inscrita, está pronto para a missão no triênio 2009/11.
A maior preocupação, o buraco financeiro, estará contornada, ao menos nos primeiros meses. Alvinegros ilustres que articularam a candidatura prometem um investimento que manterá o clube ativo até que as finanças se reequilibrem.O dentista de 46 anos terá a seu lado Manoel Renha como homem-forte.
Ele aposta na mudança, ao adotar um estilo menos centralizador que o atual, com cargos mais definidos no futebol e sem a figura do ‘colaborador’. Otimista, Maurício acredita que pode, sim, montar um time competitivo já para a disputa do Estadual de 2009.
—Como funcionará o investimento desses alvinegros para que o Botafogo possa se estruturar?—Não vamos ter nenhum Mecenas.
Ninguém vai nos dar dinheiro. São pessoas que estão ligadas à minha candidatura desde o início. Será um aporte em forma de fundos recebíveis. Eles receberão no futuro, quando o clube se estruturar. Não podíamos recorrer ao mercado, pois o Botafogo não tem crédito.
Os valores ainda não foram definidos, porque dependem de como a economia vai reagir. Mas eles sabem que não pode ser pouco, porque a idéia é que isso nos permita trabalhar até o meio do próximo ano.
—Não há o risco de essa verba ser comprometida com as dívidas deixadas pela atual administração?
—Como torcedor, não acredito que o Bebeto deixará o clube na situação que estão pensando que ele vai deixar.
—Será possível montar uma equipe competitiva?—Cresci jogando futebol de areia. Não entro em nada para competir, quero ganhar. Terei um limite, mas se tiver criatividade e um mínimo de condições, é possível ter um time que nos traga alegrias em 2009. É preciso ter inteligência. Em vez de 10 caras ganhando R$ 10 mil e que não resolvem, prefiro um que ganhe R$ 100 mil e seja decisivo.
—E os planos para as divisões de base?
—É uma prioridade. Não é possível fazer essa revitalização sozinho. Precisaremos de sócios, mas o controle sobre os jogadores continuará sendo do Botafogo. É uma grande válvula de escape para completar nossas equipes e também para fazer caixa. Sei que é impossível hoje trabalhar sem uma Traffic ou uma Ability, mas quero minimizar isso. Não podemos ficar dependentes.
—Manoel Renha será seu homem-forte e, com isso, Bebeto de Freitas se afasta. Carlos Augusto Montenegro e Ricardo Rotenberg farão o mesmo.
Considera isso um desprestígio?—Sinceramente, não.
Conversei com todos eles e, depois de anos no dia-a-dia do futebol, precisam de férias.
Falei para o Montenegro que quando ele recarregar as baterias, é só me avisar e voltar.
—Como pensa em montar a estrutura da diretoria?
—Além dos vice-presidentes, teremos os diretores, que pretendemos buscar no mercado e serão remunerados. A idéia é descentralizar. O poder de decisão é meu, mas terei pessoas para cuidar de cada área. Não sou onipresente nem onipotente.
As funções serão bem definidas. O colaborador atrapalha, porque acaba ocorrendo ‘bate-cabeça’. Quem quiser ajudar será bem-vindo.
—Como está encarando a missão de ser o próximo presidente do Botafogo?
—Sei que sou uma incógnita para todos, da torcida aos jogadores. Mas estou me cercando de pessoas em que eles confiam, como o Renha e o André Silva, que será o vice de futebol e que já trabalha com os atletas. Fiz questão de já definir isso para tranqüilizar os que decidirão o futuro no fim do ano. Estão todos apreensivos com o próximo ano. Preciso de um tempo e do voto de confiança de todos.