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Eleições 2008


Equilíbrio

Escolha de última hora. Até 15% dos eleitores do Rio ainda admitem mudar voto, o que mostra eleição indefinida

Fábio Vasconcellos

RIO - Faltando dois dias para o segundo turno das eleições, as pesquisas Ibope e Datafolha divulgadas quarta-feira revelam que ainda é grande o número de eleitores que podem mudar de voto.

Pelo Ibope, que fez o levantamento na terça e na quarta-feira, cerca de 15% dos eleitores afirmaram que sua escolha não é definitiva.

No Datafolha, que foi às ruas nos mesmos dias, o percentual dos que admitem mudar de voto é de 10%. Na prática, muitos cariocas que disseram preferir Eduardo Paes (PMDB/PP/PTB/PSL) ou Fernando Gabeira (PV/PSDB/PPS) ou ainda anular ou votar em branco não estão totalmente decididos e podem mudar de posição até domingo, o que mostra um quadro de indefinição no Rio.

Na consulta do Datafolha, Paes aparece com 44% dos votos contra 41% de Gabeira. O Ibope, por sua vez, dá 43% para cada candidato. A soma dos nulos, em branco e de eleitores indecisos no Datafolha chega a 15%; e no Ibope, a 13%.

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É uma eleição dura, difícil, que será decidida na última hora
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Pelo Datafolha, entre os eleitores de Paes, 6% admitiram que não estão totalmente decididos, enquanto entre os que preferem Gabeira, 5% ainda podem mudar. Segundo o instituto, o nível de decisão está equilibrado: 90% dos eleitores de Gabeira não mudariam, e 89% dos que preferem Paes hoje não o abandonariam. Já o Ibope diz que 91% dos eleitores do candidato do PV estão totalmente decididos, contra 84% de Paes.



Os eleitores com formação entre 5 e 8 série do ensino fundamental são aqueles com maior probabilidade de alterar sua decisão (20%), segundo o Ibope. O Datafolha aponta os eleitores com ensino médio como aqueles com a maior possibilidade de mudança (12%).

Na avaliação do diretor do Datafolha, Mauro Paulino, os dados do instituto indicam que a eleição continua indefinida, embora uma tendência de crescimento de Paes tenha sido detectada:

- É uma eleição ainda muito acirrada. Neste momento, Paes aparece com maior chance, mas é preciso considerar os últimos atos de campanha. O debate na televisão pode ser decisivo, já que deve haver um grande interesse dos eleitores em avaliar o desempenho dos candidatos.

A diretora do Ibope Márcia Cavallari disse ser muito difícil qualquer previsão. Como os institutos apontam apenas tendências, Márcia considera que a decisão do eleitorado só deverá se confirmar momentos antes do início da votação:

- É uma eleição dura, difícil, que será decidida na última hora.

Os números do Datafolha no segmento por idade, escolaridade e renda mostram que Gabeira perdeu votos em 12 das 14 faixas de análise. Paes, por outro lado, ganhou em 11. Na maioria dos segmentos em que o candidato verde perde eleitores, há um aumento também dos votos em branco, nulos e de eleitores indecisos. Esse movimento representa que Paes recebeu apenas parte dos eleitores que deixaram Gabeira.

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Essas mudanças são naturais. O eleitor desiste de votar num candidato, mas parte dessas pessoas tem alguma resistência a migrar diretamente para o outro candidato
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- Essas mudanças são naturais. O eleitor desiste de votar num candidato, mas parte dessas pessoas tem alguma resistência a migrar diretamente para o outro candidato. Esses eleitores, portanto, decidem anular ou ficam indecisos, mas continuam em processo de decisão - explica Paulino.

Um exemplo da mudança de intenção de votos ocorreu entre os mais jovens (16 a 24 anos). Embora ainda mantenha o maior percentual nessa faixa do eleitorado, Gabeira perdeu 7 pontos, em relação à pesquisa Datafolha de 17 de outubro.

Apesar da perda do candidato do PV, que passou de 56% para 49%, Paes ganha apenas 2 pontos percentuais (subiu de 38% para 40%). O percentual de nulos e em branco subiu de 4% para 7%, e indecisos de 2% para 3%. Na faixa dos eleitores de 25 a 34 anos, Paes ganhou três pontos (passou de 39% para 42%), e Gabeira perdeu sete (queda de 47% para 40%). Os nulos e em branco foram de 7% para 13% nesse segmento.

Para Ricardo Ismael, do Departamento de Política e Sociologia da PUC-Rio, os dados revelam que a campanha de Paes conseguiu segurar a "onda pró-Gabeira" que surgiu semanas antes do primeiro turno. O professor acredita que a participação da máquina estadual e apoios partidários obtidos pelo peemedebista tiveram efeito.