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Cortês vive sonho: 'Nunca imaginei que gritariam meu nome na Seleção'

Em estado de graça após atuação diante da Argentina, lateral do Botafogo brinca que amarelinha não pesou em sua estreia no time de Mano Menezes

Por André Casado Rio de Janeiro
 
Cortês na partida do Brasil contra a Argentina (Foto: Ag. Estado) 
Cortês na partida contra Argentina (Foto: Ag. Estado)
 
A vida de Cortês mudou rapidamente. Após a ótima atuação contra a Argentina, na estreia pela Seleção Brasileira, o lateral admite que não estava nem em seus sonhos mais otimistas algo semelhante ao que viveu na noite da última quarta-feira, em Belém. Em fevereiro deste ano, o jogador ainda desconhecido ia treinar no Nova Iguaçu embarcando em um ônibus público ou em um vagão de trem. As melhor lembrança era, até então, ter sido eleito o melhor lateral-esquerdo da Segunda Divisão do Campeonato Carioca.

- Estou muito feliz, não poderia ser diferente. Nunca imaginei que gritariam meu nome pela Seleção. Agora é ter os pés no chão, é só o início de muita coisa boa que tem acontecido nesse ano - afirmou o jogador, ovacionado pelos torcedores depois de ser substituído, exausto.



O camisa 6 nunca escondeu o lado humilde. No futebol e na vida. Jogou a Terceira Divisão do Rio pelo Castelo Branco. Depois, disputou a Segundona pelo Quissamã. Chegou à Primeira contratado pelo Nova Iguaçu. Para só então chamar a atenção dos dirigentes do Botafogo. Foi subindo degrau por degrau. Sempre muito querido pelos companheiros (assista ao lado o vídeo da despedida dele do Nova Iguaçu em abril). Mesmo depois de vestir a camisa alvinegra, não abandonou o jeito simples. E a festa de casamento foi em uma unidade da rede de fast food Habib´s. 

Atualmente é praticamente impossível Cortês andar anônimo com aquela cabeleira pela estação de trem de Nova Iguaçu. O lateral vive um momento iluminado. Na estreia com a Seleção teve o nome gritado pela torcida e, de quebra, ainda ergueu uma taça. Tantos motivos positivos fizeram o lateral do Botafogo, já xodó do grupo de Mano Menezes, ser um dos mais requisitados pela imprensa no desembarque, em aeroporto do Rio.

Willian Barbio Nova Iguaçu (Foto: Eduardo Peixoto / Globoesporte.com) 
Em fevereiro, Cortês ia treinar todos os dias de trem
no Nova Iguaçu (Foto: Eduardo Peixoto)

Postulante a uma vaga em posição carente no país, Cortês sabe e espera que a boa impressão deixada possa assegurá-lo nas próximas convocações, que terão, também, os "estrangeiros". Maior prova disso é que o nervosismo da primeira vez não parece ter atrapalhado nem um pouco. A ponto de a jogada do segundo gol ter partido de uma arrancada de seus pés.
- Não pesou, não (a camisa da Seleção), caiu bem (risos). Deu tudo certo, me deixaram à vontade e o time fez uma grande atuação. Naquele lance, eu fui levando a bola, avancei mais porque tinha espaço e deixei o Diego Souza bem à vontade. Aí, depois, foi muita alegria. Vou batalhar para ter mais chances de jogar - disse, em meio a um certo tumulto no local, entre curiosos e uma dúzia de jornalistas.

Para enfrentar Costa Rica e México, na semana que vem, Mano Menezes chamou Marcelo, do Real Madrid-ESP, e Adriano, do Barcelona-ESP, dois concorrentes de peso que o alvinegro, de 24 anos, terá de driblar para se firmar. O outro lembrado costuma ser André Santos, do Arsenal-ING. O experiente Kléber, do Internacional, corre por fora. Ele atuou na partida em Córdoba, deixando o folclórico botafoguense no banco de reservas.


 Ainda que rapidamente, Ronaldinho Gaúcho registrou sua admiração pela atuação de Cortês. O craque do Flamengo, que ainda não conseguiu voltar a marcar um gol pela Seleção (são quatro anos de jejum), gostou da ousadia do novo amigo.

- Jogou bem solto, tem bom astral, está de parabéns. Ele merece - limitou-se a dizer, com um sorriso no rosto.

Após o triunfo por 2 a 0, Mano Menezes também se surpreendeu com o destaque.

- Acho que Cortês agradou a todos. Quando o convocamos para o primeiro jogo, tínhamos que tomar cuidado, era tudo muito novo. Há oito meses ele estava no Nova Iguaçu, vem fazendo um ótimo Brasileiro, e aí surgiram muitas entrevistas, se torna requisitado. É normal que seja assim, você precisa esperar um pouquinho. Mas hoje saio olhando para frente e vendo que ganhamos alguns jogadores - disse, em entrevista coletiva, em Belém.