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Essa não deu no jornal (6)

O “Essa” da vez é uma homenagem a um grande brasileiro, com quem tive o privilégio trabalhar, conviver e aprender por um ano e meio no Jornal do Brasil, antes que ele nos deixasse, durade nte a Copa de 1990. Falo de João Saldanha, o João Sem Medo, que apesar da fama de durão, foi uma das figuras mais doces que conheci.

 As colaboraçoes são do brilhante jornalista e amigo Rodrigo Araújo e do editor André Kolandra, aqui do Sportv. Nas duas a situação era a mesma: pediram a João que fizesse um comentário breve, por causa do tempo que estava estourando – e poucas coisas irritavam mais o gaúcho do que ter seu espaço cerceado.
Uma foi no jogo Brasil 4 x 2 Iugoslávia, em 1986, no qual Zico fez dois gols de placa e, salvo engano, fez chover também. No rádio, encerrando a transmissão, o locutor pede: “João, o tempo está em cima, resuma o jogo em uma frase.” Genial, ele atendeu: “Se fosse Zicovic, a Iugoslávia teria ganho de 4 a 2, como era Zico, o Brasil é que ganhou.”
Mas há outra, em outra partida há mais tempo, que retrata melhor a irritação do João Sem Medo, e que também foi ao ar, para desespero dos narradores e operadores no estádio. “João, mudaram um anúncio, ficou maior, por favor, o comentário tem de ser curtinho, não se alongue muito”, disse o locutor, enquanto o comercial rodava. Volta para o locutor que emenda. “João Saldanha, estamos encerrando a transmissão, o que você achou do jogo?”
Sem pestanejar, e sem dizer mais nada, João, disciplinado, resumiu: “Uma bosta!”