Aprovado pelo Mago: 'Vai ser muito fácil jogar ao lado do Renato'
Maicosuel elogia nova contratação e Caio Júnior, além de garantir que Botafogo pode ter muitas conquistas se seguir seu exemplo de dedicação
Com sorriso no rosto, Maicosuel chega e pergunta:
- E aí, fechou com o Renato mesmo?
A resposta positiva ainda não podia ser confirmada no momento da entrevista, feita na manhã desta quinta-feira, mas só a grande possibilidade da contratação de um volante considerado excelente pelo jogador já o fez sorrir. Algo que o camisa 7 tem repetido durante 19 dias, desde que retornou a jogar depois de sete meses de recuperação de uma lesão no joelho esquerdo.
Maicosuel considera Renato um excelente jogador (Foto: André Durão/Globoesporte.com)
A expressão de felicidade só ficou um pouco de lado no domingo, quando o Botafogo perdeu na estreia do Brasileirão para o Palmeiras. Mas nada que abalasse o Mago. Com a confiança de quem superou as expectativas médicas, que chegaram a cogitar o fim de sua carreira, ele garante:
- Vamos conseguir muitas conquistas.
Confira a entrevista que teve a participação de perguntas de torcedores pelo Twitter:
@Brunimbs pergunta: O que achou da contratação do volante Renato e o que ele mudará no jeito de jogar do Bota?
Você acha que pode ser o “cara” do Botafogo?
Não diria o “cara”. Se o Botafogo fizer um grande campeonato, todas as peças vão sobressair. Então, ser o “cara”, jamais. Temos um grupo forte. A gente sabe que precisa de reforços, mas para poder jogar bem o campeonato todo, que é longo. O elenco já é bom. Tem jogadores de qualidade, com características diferentes. Por isso, para mim, a palavra reforço é um pouquinho forte. A gente precisa de jogadores para nos ajudar, isso sim. Se quem vier não treinar, não vai jogar. Vai jogar quem já está aqui.
Dos 39 gols marcados pelo Botafogo em 2011, 19 foram do Loco Abreu ou do Herrera. Acredita que o time ainda é muito dependente do ataque titular?
Eles se entrosaram bem dentro e fora de campo. São excelentes jogadores. Não somos dependentes, mas claro que eles fazem falta, fariam também em qualquer outro time do futebol brasileiro. O Loco tem bagagem, até de Copa do Mundo. Herrera também é um jogador aguerrido. A gente até brinca que fora de campo ele é um gatinho, aí chega lá dentro ele engole todo mundo. Então, essa parceria fez bem para o Botafogo. Espero que eles continuem assim. Se eles continuarem a fazer gol, o resto do time não vai nem precisar fazer.
O Botafogo me faz feliz hoje, em todos os sentidos"
Maicosuel
Dá para travar uma batalha sadia pela artilharia do time no Brasileirão?
Sempre vou pelas beiradas. Deixo para eles, mas, se não fizerem e eu puder fazer, vou por ali, devagarzinho. Mas tenho certeza de que eles não vão deixar de fazer os gols deles, pela qualidade que têm.
@allanjggonzaga pergunta: Você prefere jogar mais como meia ofensivo ou atacante?
Prefiro jogar como meia. Não tenho essa característica de dominar a bola de costas para o zagueiro, tomar muita porrada assim. Gosto mais de vir com a bola de frente, dominada. Explorar o meu forte, que é a velocidade. Sem dúvida, sempre vou preferir jogar de meia. Mas, se não tiver possibilidade e tiver de jogar de atacante, eu jogo para ajudar a minha equipe.
Acredita que o clima de união entre os jogadores do Botafogo pode ajudar na longa jornada no Brasileirão?
Pode. É aquela velha frase: a união faz a força. Mesmo na derrota, se a gente estiver unido, o grupo não vai ter rachadura, jogador não vai fazer corpo mole, não vai falar mal do outro. Eu vou treinar feliz todos os dias. Só tenho amigos ali, pessoas de quem eu gosto. O Botafogo é diferente de todos os lugares que passei.
Você trabalhou com o Caio Júnior no Paraná, em 2003. Ele já disse que você mudou muito desde aquela época. Acha que ele mudou também?
Ele amadureceu bastante, era muito novo. Está conversando mais, sabendo lidar com o jogador. Pegou uma experiência muito bacana no Qatar. Em relação a treinos, táticas, mudou muito também. Está muito mais inteligente. Ele já era um cara culto antes. Agora dá para reparar que ele não repete um treino na semana, sempre dá coisas diferentes, de dois toques. Está colocando tudo que aprendeu em prática agora.
@MulequeMatheus pergunta: Queria saber se aquele gol que marcou a sua volta foi de reflexo ou pura habilidade mesmo? (NR: gol marcado no amistoso contra o Friburguense, que marcou a reestreia de Maicosuel depois de sete meses de recuperação da lesão no joelho esquerdo)
A bola veio muito forte. Ia chutar de primeira, mas na hora que ela quicou tive que dar um corte. Até brinquei com o Alex: “Você tocou para mim ou deu um passe para o inimigo?”. Veio muito rápido, não tinha muito o que fazer. Nem pensei em joelho, nada. Foi um lance isolado. Um giro na perna que eu tinha machucado. O que mais me chamou a atenção foi a comemoração. Até o Caio Júnior pulou. Ele mesmo fala que foi um dos momentos inesquecíveis da carreira dele. Fiquei muito feliz. Sou um privilegiado por tudo o que está acontecendo comigo. Depois do nascimento da minha filha, foi o melhor sentimento que já tive na minha vida até hoje.
Acha que seu exemplo ao superar a lesão e voltar a jogar bem pode ser usado como incentivo para o Botafogo no Brasileirão?
A gente fala isso em todas as preleções. “Por tudo que nós passamos, vamos comer a grama. Os caras não vão ganhar da gente. Perdemos um braço, uma mão, mas não vamos perder”. Acho legal porque a gente está passando por um momento que todo mundo fala que não é bom. Mas eu não considero assim. Acho aceitável perder para o Palmeiras de 1 a 0 em São Paulo. Não é nenhum absurdo. Sempre vai ser muito mais difícil para o Botafogo. Não sei o porquê, mas é assim aqui, é diferente. A gente sabe disso, que vai ter que ralar para caramba. Como eu fiz no tratamento, indo todo dia lá, sabendo que é chato, mas que tinha que fazer. Assim vamos conseguir muitas conquistas, não só para o Botafogo, mas para a carreira de cada um.
@NegroZ7 pergunta: Mago, o que você acha do sentimento que a torcida alvinegra tem por você? Ama mesmo o Fogão quanto nós o amamos?
Eu aprendi a gostar do Botafogo dessa forma. Tudo o que eu sou hoje, tudo o que eu tenho profissionalmente, foi o Botafogo que me ajudou a construir. Ele abriu as portas, acreditou no meu futebol e me abraçou. Então, tudo o que o torcedor sente por mim, eu sinto pelo Botafogo. O Botafogo me faz feliz hoje, em todos os sentidos. Não é só chegar para treinar, é ver os meus amigos. Estar na minha casa, um lugar que eu gosto.
Participaram da entrevista os jornalistas Cíntia Barlem, Gustavo Rotstein, Ivan Raupp, Marcelo Baltar, Mariana Kneipp e Thiago Fernandes.