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Cartolas do Fogão ameaçados de morte

Torcedores avisaram que matariam o presidente e o vice de futebol se o time caísse para a Série B

POR MARCIA VIEIRA
Ataque - O Dia Online

Rio - A conquista do título carioca trouxe de volta aos torcedores do Botafogo o orgulho. Um sentimento bem diferente do fim do Campeonato Brasileiro do ano passado, quando a ameaça de rebaixamento para a Segunda Divisão transformou as vidas do vice-presidente de futebol, André Silva, e do presidente, Maurício Assumpção, num inferno — e até numa questão de vida ou morte.

Nas semanas que antecederam o jogo derradeiro contra o Palmeiras, que selaria o destino do clube na competição, os dois dirigentes foram ameaçados de morte por torcedores e até dependentes químicos. Com exclusividade, André Silva contou ao ‘Ataque’ que ele e Maurício Assumpção chegaram ao Engenhão dentro de um carro blindado e vestidos com coletes à prova de balas.

“Naquele jogo fomos para o estádio em um carro blindado, com três seguranças fortemente armados e usando coletes à prova de balas. Eu tinha também uma passagem aérea em aberto. Caso acontecesse o pior, eu ficaria 15 dias fora”, revelou André Silva.

Mas os cuidados com a segurança dos dirigentes não ficaram restritos apenas ao estádio. “A polícia fez ainda uma rota de fuga para mim e para o Maurício. Queriam que a gente saísse do estádio antes do final do jogo, mas nos negamos e ficamos até o fim, mesmo contra a vontade do chefe do policiamento”, ressaltou André. Ele contou ainda que, na véspera da partida, ele e o presidente receberam uma ligação de uma psicóloga de um órgão que atende dependentes químicos avisando que eles corriam risco de vida. Dois pacientes haviam dito a ela que se drogariam no jogo e, se o Botafogo caísse, matariam os dirigentes.

As ameaças começaram bem antes da partida. À medida que o time despencava na tabela e a obrigação de vencer os últimos jogos se tornava indispensável para evitar o vexame da Segundona, as intimidações se intensificavam. Aconteciam no cartório onde André trabalha como tabelião substituto, em Nova Iguaçu, ou em telefonemas para a sua casa.

Mãe desesperada

“Gritavam comigo aqui na frente do cartório e diziam que iam me matar se o Botafogo caísse”, conta, indignado, o dirigente, lembrando que nem mesmo a sua mãe escapou das provocações. “No último jogo, passaram em frente ao apartamento dela, no Flamengo, e gritaram: ‘Vou matar seu filho’. Ela ficou desesperada.”

Na época, o clima entre as torcidas organizadas do clube era o pior possível, um barril de pólvora prestes a explodir, mas que graças aos gols de Wellington e Jobson, na vitória por 2 a 1 sobre o Palmeiras, não foi detonado. “Foram dias difíceis. Ainda bem que este ano ganhamos o Carioca e o clima agora é completamente diferente. Ainda bem que passou”, desabafa André.