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Carta Bomba

SPORTV
por André Risek

Meu caro Adriano,



Deixa ver se entendi direito essa história de você ir para o Roma… Primeiro, você andava triste, tristinho em Milão. Era chamado de Imperador, vestia a camisa do Inter, mas bateu a saudade dos amigos, do funk na Chatuba, e você fez de tudo para voltar. Chegou a ameaçar abandonar o futebol! O Inter foi surpreendentemente bacana, liberou e você veio para o Flamengo, seu clube do coração.

E como você jogou no Campeonato Brasileiro do ano passado… Era tão melhor que todos os outros que parecia em ET em campo. Valia a pena pagar ingresso só para te ver jogar com a 10 rubro-negra. Recebido de braços abertos por uma nação apaixonada, você ainda tinha a tolerância do clube para fazer o que bem entendesse.

E aí vira o ano, vem 2010, Copa do Mundo. A torcida continua te amando, o vice de futebol continua dizendo que você pode fazer o que bem quiser. E como você retribui? Com a maior auto-destruição do futebol mundial.

Emenda uma encrenca na outra – todas criadas por você, meu caro. Ok, nossa imprensa, cumprindo seu papel de imprensa, revelou relações íntimas e perigosas com “pessoas ruins”. Mas isso era motivo para você parar de retribuir o amor incondicional que os flamenguistas depositavam em você? Não era, Adriano, definitivamente não era. Um cara tão amado quanto você no Flamengo acaba recebendo um (errado) salvo-conduto para fazer o que bem entender. Você sabe bem do que estou falando. E rasgou tudo isso.

Largou mão de tal jeito dos seus deveres com o Flamengo que aquele Adriano guerreiro, forte como um touro e indomável do ano passado deu lugar a um atleta paradão e desanimado no ataque, plantado feito mandioca na área adversária. Suas atuações ridículas custaram, vamos falar a verdade, o semestre rubro-negro. E isso tendo a seu lado um cara que corre como o Vágner Love!

Você conseguiu ficar gordo, pela segunda vez consecutiva, em ano de Copa do Mundo, Adriano… Você cuspiu na Copa do Mundo pela segunda vez. Isso é algo que nem um imperador tem direito de fazer. Foi você, Adriano, quem convocou um atacante limitado (mas trabalhador) como o Grafite. Deixou o Dunga sem opção.

E agora, Adriano, depois de tudo isso, você vai voltar ao lugar que tanto lhe deixou triste anos atrás, a Itália. A Itália, lembra-se, este lugar chato, feio, de comida ruim, que quase fez você abandonar o futebol tempos atrás… Lá não tem Chatuba (e garanto que nem o seu dinheiro é capaz de erguer uma que seja igualzinha). Lá, você não vai poder fazer do clube a casa da mãe Joana.


Eu só me pergunto por que… Por que, Adriano? Marcelo Barreto e eu certa vez dissemos que você não está nem aí para o futebol. Mas a impressão, caro Imperador, é que você não está nem aí para nada.

Boa sorte no Roma. Eles não sabem o que estão fazendo…