Alvinegro esbarra em erros de finalização, na retranca paraguaia e sofre 3 a 1 dentro do Engenhão
Gustavo Rotstein Rio de Janeiro
Agência/Reuters
Juninho disputa bola com Nanni em derrota do Botafogo para o Cerro Porteño
Embora tenha criado as melhores oportunidades, o Botafogo pagou pelos seus erros de finalização e acabou eliminado da Copa Sul-Americana, depois de perder por 3 a 1 para o Cerro Porteño, nesta quarta-feira, no Engenhão, em jogo pelas quartas de final da competição. O Alvinegro, que havia perdido por 2 a 1 o jogo de ida no Paraguai, saiu em desvantagem no placar, empatou, mas, com Alessandro expulso aos 31 minutos do segundo tempo, não teve força suficiente para reagir.
A partir de agora, o Alvinegro dedica-se exclusivamente à luta contra o rebaixamento no Campeonato Brasileiro, competição pela qual recebe o Coritiba, neste domingo, no Engenhão. Já o Cerro Porteño espera o vencedor do confronto entre Universidad de Chile e Fluminense, que acontece nesta quinta-feira, para saber quem enfrenta na semifinal.
Nervosismo desde o início
A necessidade de vitória, mesmo que pelo placar mínimo, influenciou o comportamento do Botafogo. Desde o início, a equipe mostrou certo nervosismo no momento de escolher a melhor jogada a fazer. Os jogadores alvinegros se perdiam na forte marcação do Cerro Porteño, que se fechava na frente da sua área e era beneficiado pelo fato de o adversário pouco se arriscar nas laterais do campo.
Os alvinegros buscavam valorizar a posse de bola, esperando o momento certo para encontrar espaços no meio da defesa paraguaia. Por causa dos muitos passes improdutivos, a torcida logo perdeu a paciência, tornando o ambiente ainda mais tenso. A primeira oportunidade clara dos donos da casa aconteceu aos 17 minutos, quando Reinaldo recebeu na entrada da área e chutou. Barreto soltou a bola, mas se recuperou a tempo de evitar o gol.
Aos poucos, aumentava a quantidade de lances ríspidos. A arbitragem do uruguaio Roberto Silvera era condescendente com algumas entradas violentas, mas ao Cerro Porteño interessava a catimba, e o Botafogo entrou na provocação dos paraguaios. Quando focava na partida, conseguia chegar com perigo, principalmente pelos pés de Jônatas. Aos 29 minutos, ele acertou um belo lançamento para Reinaldo na direita, e o atacante cruzou na medida para André Lima, que cabeceou rente à trave direita de Barreto.
André Lima lamenta oportunidade de gol desperdiçada no Engenhão
Nos minutos finais da primeira etapa, jogadores e torcida mostravam impaciência com a catimba e as faltas violentas do Cerro. O Botafogo se aproveitou de alguns momentos de desconcentração do adversário para chegar mais duas vezes com perigo. Depois de receber passe de Jônatas, Renato tocou na saída do goleiro, mas o zagueiro Herner tirou a bola que ia em direção ao gol. Pouco antes do intervalo, Lucio Flavio pegou a defesa paraguaia desprevenida ao cobrar falta rapidamente para Alessandro, que cruzou para Renato. O goleiro Barreto espalmou, e a bola tocou no travessão.
Substituição paraguaia muda o jogo
O Botafogo voltou para o segundo tempo disposto a garantir de forma imediata a vantagem da qual necessitava. Logo aos 20 segundos, André Lima perdeu uma chance na cara do gol, mas o ímpeto não diminuiu. Renato, de cabeça, e Reinaldo, com um chute colocado, também estiveram perto de abrir o placar. A atuação empolgante contagiou a torcida e afetou o Cerro Porteño, que mostrou nervosismo e se encolheu.
Mas foi então que o técnico Pedro Troglio fez a substituição que modificaria radicalmente os rumos da partida. Num momento de desatenção da defesa do Botafogo, o Cerro Porteño avançou pelo lado direito. Irrazábal cruzou e Núñez, que acabara de entrar no lugar do inoperante Ramírez, apareceu livre e, de peixinho, cabeceou no canto esquerdo de Jefferson, fazendo 1 a 0, aos 11 minutos.
A reação de Estevam Soares foi imediata, substituindo Gabriel por Victor Simões. No entanto, o Botafogo mostrou ter sentido o golpe e deixou cair o ritmo. Neste momento, somente era ouvida a pequena, mas animada, torcida paraguaia. O treinador alvinegro também não quis esperar e em seguida trocou Renato por Jobson.
E foi este jogador que incendiou a partida no momento em que o desânimo começava a tomar conta do Engenhão. Jobson fez boa arrancada pela direita, driblou um adversário e cruzou rasteiro para André Lima. O atacante pegou de virada e chutou rasteiro, empatando o jogo aos 27 minutos.
No entanto, o ímpeto alvinegro sofreu abalo quando, quatro minutos depois, Alessandro, numa disputa de bola no meio-campo, acertou um carrinho violento em Cardozo e recebeu o cartão vermelho. O lateral-direito saiu de campo xingado por sua própria torcida. A partir de então, o Botafogo deixou de lado o pouco que sobrava de organização e partiu de qualquer maneira para cima do Cerro Porteño.
Os minutos se passaram, e o Botafogo mostrou-se entregue. E foi assim, com os jogadores apenas assistindo à movimentação adversária, que o Cerro Porteño deu o golpe de misericórdia, aos 43 minutos, com um gol marcado por Irrazábal. A insatisfação da torcida se transformou em revolta quando, aos 46, o time paraguaio partiu em contra-ataque e Cáceres marcou o terceiro com um lindo toque por cobertura. Agora, o jeito é pensar apenas no Campeonato Brasileiro.
Ficha técnica:
BOTAFOGO 1 x 3 CERRO PORTEÑO
Jefferson, Alessandro, Juninho, Diego e Gabriel (Victor Simões); Fahel, Jônatas (Rodrigo Dantas), Lucio Flavio e Renato (Jobson); Reinaldo e André Lima. Barreto, Irrazábal, Herner, Torrén e Cardozo; Villarreal, Brítez, Cáceres e Cristaldo (Piris); Ramírez (Núñez) e Nanni (Julio dos Santos).
Técnico: Estevam Soares. Técnico: Pedro Troglio.
Gols: Núñez, aos 11, André Lima, aos 27, Irrazábal, aos 43, e Cáceres, aos 46 minutos do segundo tempo.
Cartões amarelos: André Lima, Gabriel, Lucio Flavio (Botafogo); Brítez, Villarreal (Cerro Porteño). Cartão vermelho: Alessandro (Botafogo). Público: 15.428 presentes. Renda: R$ 153.271,50.
Estádio: Engenhão, no Rio de Janeiro (RJ). Data: 04/11/2009. Árbitro: Roberto Silvera (URU). Auxiliares: Walter Rial (URU) e Maurício Espinosa (URU).