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Túlio: volante universitário faz primeiro jogo como titular no Grêmio

Jogador cursa Administração à distância e sonha fazer Medicina ao largar o futebol. Ele fala com carinho do Botafogo

Zero Hora Porto Alegre

Se Paulo Autuori tem um volante para escalar contra o Botafogo, neste domingo, às 16h (de Brasília), deve agradecer a José de Arimatéia. Não falamos aqui do personagem que aparece nos evangelhos do Novo Testamento, mas do pai de Túlio, o novo cão de guarda da defesa do Grêmio.

O recém-contratado, que tem uma passagem marcante pelo Glorioso, só joga no meio-campo porque foi tirado do gol aos 12 anos, em um torneio de Brasília. Filho de pais nascidos no interior do Piauí, Túlio cresceu em Guará, cidade-satélite do Distrito Federal. Só teve infância de classe média porque José de Arimatéia Pinheiro e a mulher, Maria Elsa, apostaram tudo no estudo. Chegaram a Brasília no fim dos anos 60 e calcaram uma lição de vida no filho que nasceria em 1976 – o terceiro de quatro irmãos: jamais esmorecer. Túlio decorou-a e a aplica em cada dividida no meio-campo.

– Nasci em berço bem melhor. Mas jamais me acomodei – conta o volante. Pois a carreira bem-sucedida dos pais (um administrador de empresas e uma assistente social) ensinou a Túlio o apreço aos estudos. Depois de tentar faculdades de Educação Física e Ciências da Computação, quando jogava no Goiás com o amigo Fernandão, agora estuda à distância.

Túlio cursa Administração pela Unisul, de Santa Catarina. Ingressou na faculdade quando estava no Corinthians, em março. Agora, se prepara para a primeira prova, que fará aqui mesmo, em Porto Alegre. Por isso, os estudos em casa, na concentração e nas viagens do time. Quando se despedir do futebol, ele tentará Medicina. Para isso, resgatará o perfil da infância, de aluno discreto, “que não tocava o terror, mas não era CDF”.

O inverso do Túlio jogador, um protagonista. E isso graças a seu José de Arimateia.



A mudança de rumo aconteceu em um campeonato do Minas Brasília Tênis Clube. O guri Túlio era goleiro de futsal. Ganhou título de craque em torneio. Só que o time carecia de qualidade. E José de Arimateia, pai e técnico, deu um carteiraço:

– Tirei o Túlio do gol e o coloquei de cabeça de área. Fomos campeões. Túlio pegou gosto. Em 1993, com 16 anos, chegou ao Goiás. Saiu em 2002, depois de empréstimo ao Al-Hilal, da Arábia. Nesta semana, a mulher, Viviane, e os filhos Taís e Vitor, fecham a casa em Goiânia e chegam a Porto Alegre. Aqui, pretende seguir o estilo de aplicação e entrega.

Essa dedicação ganhou até lágrimas no Botafogo, para onde foi depois de sair do Goiás, em 2003. – O clube que marcou minha carreira foi o Botafogo. Ninguém queria ir para lá. Mas me identifiquei – revela, lembrando da campanha pela Série B. Túlio aprovou Porto Alegre:

– Quando se escolhe um lugar para trabalhar, não se pode fazer firula.