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Responsável por dar toque racional ao Bota, Ney enfrenta o Fla, a sua criatura

Em entrevista ao GLOBOESPORTE.COM, técnico alvinegro revela ter cuidados ao lidar com histórico supersticioso do Alvinegro

Gustavo Rotstein Direto de Saquarema, RJ

Pensando friamente, o perfil de Ney Franco pouco se encaixa ao do Botafogo. Enquanto o treinador prima pela racionalidade e pouco se apega a estatísticas, o clube é envolto em superstições e recorre frequentemente ao passado. Mas isso não impediu que as duas partes tivessem um casamento feliz.

Neste domingo, treinador e Alvinegro se unem para buscar o título do Campeonato Carioca contra o Flamengo, time que, segundo o próprio Ney, ainda tem muitas das características do time que formou na Gávea em 2006 e 2007.

Nesta entrevista exclusiva ao GLOBOESPORTE.COM em Saquarema, local que o Botafogo deixou neste sábado após quatro dias de treinamentos, Ney Franco falou, entre outros assuntos, sobre a expectativa por conquistar o segundo título do Carioca e sobre sua relação com as características da personalidade alvinegra.

GLOBOESPORTE.COM

– Qual será o significado para a sua carreira de um possível título do Campeonato Carioca neste domingo?

NEY FRANCO – Um segundo título do Carioca seria algo importante para incluir no meu currículo. Também ficaria com um bom número de conquistas no Rio de Janeiro, algo que poucos treinadores conseguiram. Este Estadual teria uma grande repercussão, principalmente porque o Flamengo é visto por muitos como favorito e busca mais um tricampeonato, e o Botafogo poderia impedir essa hegemonia. É algo que nos valorizaria muito.

Você costuma dizer que o Flamengo ainda tem muitas das características da equipe que você ajudou a formar e que conquistou a Copa do Brasil de 2006 e o Carioca de 2007.Então seria verdade dizer que a final deste domingo seria algo como criador x criatura?

Acho que sim, porque antes de eu chegar, o Flamengo não tinha muitas das jogadas que apareceram desde então. Além disso, a forma de jogar que implantei na equipe foi mantida pelos treinadores que vieram depois de mim. A equipe dá uma segurança a Fábio Luciano e Ronaldo Angelim na defesa. Além disso, também tem um ataque que chega à frente com qualidade.

Apesar ser uma pessoa racional, você conseguiu uma grande identificação com o Botafogo, um clube apegado a superstições. Como explica isso?

André Durão /GLOBOESPORTE.COM


À beira do campo, Ney Franco diz que dificilmente perde a tranqulidade
Acho que essa identificação aconteceu porque ficou tudo balanceado.

É importante haver um lado mais racional, mais prático. Não sei se é achismo ou algo empírico, mas sei que superstições, estatísticas e fatos do passado não ganham um jogo de futebol. Também não acho que um time vestir certa camisa ou usar tal meia tenha algum peso. Os atletas decidem o que vai acontecer em campo.

Você acredita que tenha conseguido contribuir para dar esse lado mais racional ao Botafogo?

Olha, eu tenho um certo receio em falar sobre isso, porque sei que a superstição é algo muito forte no Botafogo. De repente, se eu não conquistar títulos aqui, podem dizer que é porque estou me distanciando dessa característica. Mas sei que as pessoas que trabalham no clube e querem o bem do Botafogo pensam como eu. Seja como for, tenho sempre em mente as coisas positivas.

Neste momento de decisão você foge da sua característica de tranquilidade e fica mais agitado? O que pode tirar o Ney Franco do estado normal numa situação como essa?


Não fico agitado, porque tenho a consciência de que fiz o melhor para chegar até aqui. Além disso, não adianta ficar assim durante uma partida, pois os jogadores é que estão no controle da situação. A alteração acontece apenas se algum fator externo atrapalhar, como atraso de salários. Aí, sim, vou para o jogo mais preocupado. Para a final deste domingo está tudo tranquilo. Comissão técnica, jogadores, diretoria e torcida estão empenhados em conquistar o título.Criamos um ambiente bom, que nos dá mais confiança.

Que efeito o título do Campeonato Carioca teria no Botafogo em relação ao Campeonato Carioca, que começa daqui a uma semana?

Iniciaríamos a competição com mais tranquilidade, sem muita turbulência. Nosso objetivo é terminar na fase de classificação para a Libertadores, mas começamos o Brasileiro pensando no título. Sempre há uma equipe que surpreende, e em 2009 ela pode o Botafogo.

O Botafogo com certeza terá novidades no Brasileirão, mas você tem alguma preferência entre trabalhar com um elenco formado na maioria por astros ou por jogadores ainda em busca de afirmação?

Na montagem do time de 2009, a diretoria indicou o Reinaldo, que é experiente, e eu aceitei na hora. O Athirson foi oferecido ao Botafogo há pouco tempo, e eu aprovei, mas não houve um acordo financeiro. Não tenho preferência em comandar mais jovens ou medalhões. O importante é que o jogador faça a função que foi pedida.