Cadeiras cativas do Maracanã: privilégio ou tormento?
Contribuintes são lesados em partidas com grande público e ficam com a visão prejudicada diante dos torcedores das cadeiras azuis
Cahê Mota Rio de Janeiro
Carlos Mota/GLOBOESPORTE.COM
Torcedores ficam de pé nas cadeiras azuis e prejudicam os contribuintes das cativas
Torcedores ficam de pé nas cadeiras azuis e prejudicam os contribuintes das cativas
O que devia ser sinônimo de privilégio tem se tornado transtorno no Maracanã. Desde a criação das cadeiras azuis no lugar da antiga geral, os portadores de cadeiras cativas no estádio têm sofrido com um dilema: ou ficam sentados ou assistem ao que acontece no gramado. Diante da impaciência de quem fica nas azuis e permanece de pé durante os 90 minutos, os contribuintes são obrigados a se levantar e perdem o conforto que lhes é de direito.
- Quando tinha a geral, quem ficava na cadeira cativa não tinha nenhum tipo de problema. Depois que fizeram as cadeiras azuis, ficou bom para o povo, mas não para nós. Porque ninguém senta lá. Em dia de grandes jogos, todo mundo das cadeiras cativas tem que ficar em pé. Tem até invasão, todo mundo pula. O pessoal da Suderj até tenta controlar, mas não consegue. Isso é sempre. Venho em todos os jogos do Flamengo e é a mesma coisa.
Não é barata a anuidade e acontece isso - reclama a advogada Margareth Marques, que garantir ser assídua na cadeira paga pelo marido. Responsável da Suderj pelo controle no local, o fiscal identificado apenas como Caldas garante que na base do bate-papo os funcionários até tentam controlar a situação, mas o policiamento escasso torna a missão impossível.
- É um sofrimento. A gente pede, mas o policiamento tem que fazer uma varredura ali. Já até botei isso no papel. O número de policiamento é pequeno. Em clássico então, somem. Se tivesse mais policiais, eles ficariam sentadinhos. O pessoal que fica mais próximo do campo reclama, cria um problema. Tentamos fazer a nossa parte.
A PM concorda com o Senhor Caldas, mas reforça que esta não é sua principal atribuição no local.
- É só olhar em volta. Está vendo todo esse espaço (apontando para todo o setor das cativas)? Sabe quantos policiais estão aqui para controlar isso tudo? Só dois. É como secar gelo. A gente vai, conversa, fala, o pessoal senta, mas é só a gente dar as costas que eles levantam. Tentamos colaborar, só que é difícil. Na verdade, nosso papel aqui é evitar confusões e brigas - diz um policial que trabalha no local, mas prefere não se identificar.
E enquanto não é encontrada uma solução para o problema, a anuidade segue sendo cobrada.
E enquanto não é encontrada uma solução para o problema, a anuidade segue sendo cobrada.