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Em meio a crise, Flamengo já pensa em reformulação

Patrícia Amorim vai treino nesta sexta. Saídas de Joel e Ronaldinho não estão descartadas


JOEL SANTANA no Ninho do Urubu: trabalho do técnico não está agradando à diretoria e ele precisa de bons resultados para se manter no clube. Hoje, ele participa de conversa dos jogadores com Patrícia Amorim
Foto: Cezar Loureiro (03-04-2012) / Agência O Globo
JOEL SANTANA no Ninho do Urubu: trabalho do técnico não está agradando à diretoria e ele precisa de bons resultados para se manter no clube. Hoje, ele participa de conversa dos jogadores com Patrícia Amorim Cezar Loureiro (03-04-2012) / Agência O Globo
RIO - A ser confirmada contra o Lanús, na próxima quinta-feira, a provável eliminação do Flamengo da Copa Libertadores será um desfecho previsível de uma série de erros dentro e fora de campo desde o início da competição. Entre a dificuldade de planejar a disputa de duas competições ao mesmo tempo, a leniência com o comportamento de Ronaldinho Gaúcho, carências do elenco e erros do técnico Joel Santana, uma série de fatores explica a temporada ruim. Após a derrota para o Emelec, a diretoria se vê numa sinuca de bico na gestão do futebol: evita tomar decisões drásticas às vésperas de dois jogos importantes (Vasco e Lanús), mas, como ainda tem esperanças nas competições, alimenta a ideia de fazer alguma coisa enquanto há tempo.

Neste sentido, a presidente Patrícia Amorim, distante do futebol desde que trocou a comissão técnica em fevereiro, vai ao treino desta sexta-feira no Ninho do Urubu conversar com os jogadores. A pessoas próximas, garantiu que fará dura cobrança ao grupo, atitude que foge a seu estilo de comandar.

Cai o conceito de Joel

Atos mais concretos, porém, terão de esperar o calendário de jogos. Já há, na diretoria, a convicção de que o futebol rubro-negro precisa de uma reformulação que inclua a demissão de Joel Santana, cujo trabalho tem decepcionado os dirigentes. Mas não haverá mudanças até o fim da participação na Libertadores e, possivelmente, no Carioca.

Outro ponto crucial é Ronaldinho. Também é ponto pacífico no clube que ele não tem interesse ou capacidade (ou os dois) para produzir em campo um futebol que justifique o pesado investimento de R$ 1,2 milhão por mês. Mas a situação é de difícil solução, pois ele está contratado até a metade de 2014. Ontem, o colunista Renato Maurício Prado noticiou em seu blog no site do GLOBO que o Flamengo iniciou contatos com Assis para encontrar uma maneira de rescindir o contrato.
No dia a dia, porém, os comandantes do clube — seja Patrícia Amorim, o vice de futebol Paulo César Coutinho ou qualquer outro dirigente — não conseguem exigir de Ronaldinho mais comprometimento e evitam críticas públicas à falta de dedicação ao clube. Coutinho admitiu que é um caso difícil.

— Se fosse um jogador comum, o rendimento seria normal, ele tem dado boas assistências. Já chamamos ele à consciência, outros jogadores também. Precisamos dele nessas decisões. Quando fizemos a cartilha, ele criticou. Não é simples, mas também não é hora de caça às bruxas agora — afirmou o vice-presidente de futebol.

Somado a tudo isso, há os problemas de campo. A cada entrevista, Joel tem reclamado do cansaço dos jogadores por causa do excesso de jogos e viagens. Contraditoriamente, optou por não poupar atletas de jogos contra pequenos no Carioca. Na Libertadores, o Flamengo sofreu gols e perdeu jogos nos minutos finais das partidas. Ao escalar os titulares em todos os jogos, Joel também abriu mão de datas em que poderia treinar o time, outra de suas constantes reclamações.


Na quarta-feira, o Flamengo novamente voltou a sofrer gols de cabeça. Se a zaga falha pelo alto, o restante do time não consegue evitar que uma equipe como o Emelec faça mais de 30 cruzamentos num jogo. Ao trocar Deivid por Gustavo, Joel Santana chamou ainda mais o adversário para seu campo. Na entrevista após a partida, tentou se justificar e criticou os jogadores:

— A proposta não era voltar (recuar). Não dá para fazer isso num campo desse tamanho. Situações se repetem há três jogos. Começa num padrão e vai cedendo terreno. Tudo que aconteceu, a gente sabia. Não dá para explicar o inexplicável. Acho que está faltando maturidade, não era para trazer os caras para a nossa área — disse.

Adriano vai hoje ao Ninho

Embora a diretoria faça o diagnóstico da falta de comprometimento de Ronaldinho, um dos pontos da "reformulação" que deve acontecer para o Brasileiro é a recontratação de Adriano, outra estrela com dificuldades de se dedicar aos clubes que defende.

Hoje, após o treino no Ninho do Urubu, o médico José Luiz Runco dará entrevista para falar sobre o caso do atacante. Adriano, que terá de se submeter a uma nova cirurgia, desta vez para corrigir problemas na cicatrização da lesão no tendão de Aquiles, também deve estar presente no CT para falar sobre sua volta ao clube.

A princípio, ele deve precisar de cerca de 60 dias para se recuperar da nova cirurgia e, então, iniciar a retomada de sua forma física. A intenção do Flamengo é oferecer um contrato por produtividade a Adriano.

— Podendo até, dependendo da participação dele, chegar a mais que o valor acordado. Por exemplo, falando em números hipotéticos só para explicar: digamos que ele peça R$ 200 mil, ofereceríamos um mínimo de R$ 60 mil ou R$ 70 mil, podendo até chegar a mais de R$ 200 mil se ele jogasse todas as partidas — explicou Coutinho.