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Alecsandro e Loco Abreu a 11 metros do perigo

Na semana dos pênaltis perdidos, Botafogo e Vasco podem decidir na bola parada



Alecsandro e Loco Abreu, atacantes com problemas na marca do pênalti
Foto: Arte sobre fotos de Cezar Loureiro e Jorge William / O Globo
Alecsandro e Loco Abreu, atacantes com problemas na marca do pênalti Arte sobre fotos de Cezar Loureiro e Jorge William / O Globo

RIO — São apenas 11 metros que separam o gol da marca do pênalti. Mas, quando a penalidade é decisiva, a distância parece aumentar em qualquer estádio do mundo. Dois protagonistas da final de domingo da Taça Rio entre Vasco e Botafogo, no Engenhão, sabem bem o que passaram esta semana os craques Messi, Kaká e Cristiano Ronaldo nas semifinais da Liga dos Campeões da Europa, e o argentino Dátolo, do Internacional, contra o Fluminense na Libertadores. Os atacantes Alecsandro e Loco Abreu não têm sido muito eficazes na temporada quando a responsabilidade está toda em seus pés. E podem se ver novamente frente a frente com os goleiros adversários no Engenhão. Caso não haja vencedor na decisão da Taça Rio, a vaga na final do Carioca contra o Fluminense será decidida a 11 metros do gol.

Poucos metros que custaram um preço alto a Alecsandro. Um dos cobradores oficiais do Vasco, o atacante viveu maus momentos naquele pedaço do campo. Só neste ano, foram três pênaltis perdidos em sequência. Dois contra o Alianza Lima pela Libertadores e um no empate com o Resende, no Carioca. Na partida contra os peruanos, ainda houve uma terceira penalidade que o atacante quis bater e foi impedido por Juninho, que pegou a bola e marcou o gol. Na sequência do Estadual, o artilheiro do Vasco na temporada, com 14 gols, insistiu e errou de novo.

Vasco treina cobranças

Foi a gota d’água para o atacante fazer uma autoavaliação e desistir de ser o principal cobrador do time. Atitude prontamente apoiada pelo técnico Cristóvão Borges, que o tirou do posto, mas deixando aberta a possibilidade de sua volta às cobranças, quando Alecsandro se sentir novamente confiante para reassumir a função. Enquanto isso, Felipe, Diego Souza, Fágner e o goleiro Fernando Prass, que tem treinado constantemente cobranças nos treinos, dividem a responsabilidade. O camisa seis já mostrou ser bom substituto ao cobrar bem contra o Flamengo na semifinal.

No Botafogo, Loco Abreu parece também fora de eventual cobrança na final, embora o técnico Oswaldo de Oliveira não tenha se manifestado. Nas costas do artilheiro, está um retrospecto de seis pênaltis desperdiçados em sete cobranças — cinco consecutivos. O último foi contra o Bangu na semifinal.

A prova dos nove para os atacantes, e os demais jogadores, poderá acontecer no domingo. Se a Taça Rio não for decidida nos 90 minutos, a marca branca que delimita a distância se tornará a protagonista da noite. Para consagrar goleiros ou crucificar os cinco ou mais cobradores escolhidos para definir o destino da equipe.

Treinamento não tem faltado. Diariamente, alguns jogadores encerram o trabalho coletivo e, antes de descer ao vestiário, cobram penalidades.

Mas isso não é garantia de nada. No ano passado, também na final da Taça Rio, o Vasco viu o Flamengo comemorar o título carioca na disputa de pênaltis. Fellipe Bastos, Bernardo e Élton — os dois últimos não estão mais no time — desperdiçaram suas cobranças. Na ocasião, apenas Alecsandro converteu para os vascaínos.

— Treinamento ajuda muito. Mas é complicado saber o que passa na cabeça do jogador. Mesmo já consagrado, com o estádio cheio, toda a pressão em cima, não é fácil... Acontece, só batendo para saber — disse o atacante Éder Luís.
O volante Rômulo, que não costuma ter esta missão, junta-se aos que acreditam que decisão por pênaltis em parte é loteria.

— Nosso time está tranquilo. Todos os dias um treina cobrança para melhorar sempre — garantiu.

Clássico mais equilibrado

O Vasco, porém, não quer contar com a sorte ou o azar de ter um jogador num mau dia. E pode se agarrar aos números do clássico. Nas últimas dez partidas, somente duas terminaram empatadas. Cada time venceu quatro vezes. Quando venceram, as equipes foram bem ofensivas, marcando dois ou mais gols de diferença.

— Isso é a cara de clássico. Quando se toma gol tem que ir pra cima, e as duas equipes têm qualidade. Se tiver goleada dessa vez que seja do Vasco — afirmou Éder Luís.

Na opinião de Éder Luís, a disposição ofensiva das equipes não quer dizer avenidas abertas aos atacantes.
— A equipe do Botafogo vai ser mais equilibrada do que a do Flamengo, vai ser um jogo melhor e mais difícil. O Botafogo vai precisar sair também. Na última vez (3 a 1 para o alvinegro), pecamos muito. Eles aproveitaram mais as nossas falhas. Agora, temos de saber aproveitar as falhas do adversário — avaliou.