Extremamente educado, de fala mansa e calmo mesmo nos momentos de maior pressão à beira do gramado, o técnico Oswaldo de Oliveira parecia servir como uma luva para o futebol japonês quando se transferiu para o Kashima Antlers em 2007, carregando na bagagem um título do Campeonato Brasileiro e da Copa do Mundo de Clubes da FIFA pelo Corinthians e uma Copa Mercosul com o Vasco. Pois o técnico chegou ao novo país e, de cara, foi expulso de campo duas vezes. Foi então que ele entendeu que mesmo um dos maiores cavalheiros do futebol brasileiro tinha muito a aprender ali.
De volta ao Brasil, Oswaldo alia o que absorveu da cultura oriental à tranquilidade que sempre foi sua marca registrada para tentar conquistar novos títulos do lado de cá do mundo, pelo Botafogo. “Aprendi muito. É claro que, quando você vive num país daquele nível de disciplina, de obediência, de solidariedade, volta modificado. Lá a educação é uma coisa natural. Eu era até um dos mais esquentados. Tanto que fui expulso, coisa que não acontecia aqui”, lembra Oswaldo em conversa com o FIFA.com, rechaçando a possibilidade de sua polidez, rara no futebol brasileiro, ser confundida com falta de comando. “As pessoas que pensavam assim foram persuadidas pelos resultados. Ninguém fraco, sem liderança, vence”.
De volta ao Brasil, Oswaldo alia o que absorveu da cultura oriental à tranquilidade que sempre foi sua marca registrada para tentar conquistar novos títulos do lado de cá do mundo, pelo Botafogo. “Aprendi muito. É claro que, quando você vive num país daquele nível de disciplina, de obediência, de solidariedade, volta modificado. Lá a educação é uma coisa natural. Eu era até um dos mais esquentados. Tanto que fui expulso, coisa que não acontecia aqui”, lembra Oswaldo em conversa com o FIFA.com, rechaçando a possibilidade de sua polidez, rara no futebol brasileiro, ser confundida com falta de comando. “As pessoas que pensavam assim foram persuadidas pelos resultados. Ninguém fraco, sem liderança, vence”.
No Japão, resultados para comprovar a eficiência de seu estilo nunca faltaram. Foram três títulos da J-League (2007, 2008 e 2009) e a consequente idolatria não só da torcida, mas também da diretoria do Kashima. Oswaldo tem consciência de que só sairia do clube se pedisse demissão, como de fato aconteceu no fim do ano passado, quando recebeu o convite do Botafogo.
“Os diretores do Kashima tinham a coragem de me dizer isso. Era uma relação bacana, fruto da cultura do povo. Aqui no Brasil teriam receio de dizer isso a um técnico, por medo de o profissional se acomodar. Mas eu realmente achava que era hora de voltar. Pela família e pela vontade de voltar para o futebol brasileiro. Queria estar aqui para ver a Copa do Mundo no Brasil."
Quem é polêmico?
Oswaldo havia assistido a algumas partidas do Botafogo do amigo Caio Junior em 2011 e lembrava de ter gostado do conjunto que vira em campo quando recebeu a proposta alvinegra. Achou que era o momento certo para voltar a encarar a eterna montanha russa do mercado nacional e disse sim, mas pediu reforços para encorpar o que chama de “bom grupo de apoio” – contratações que aguarda até hoje. Enquanto elas não chegam, o técnico usa o jeito de paizão para trabalhar a confiança de jogadores em baixa até sua chegada, como Márcio Azevedo e Elkeson, e aposta em homens de confiança, como os experientes Renato e Loco Abreu - que ele define como “agregador e brincalhão, nada contestador como haviam insinuado”.
Oswaldo havia assistido a algumas partidas do Botafogo do amigo Caio Junior em 2011 e lembrava de ter gostado do conjunto que vira em campo quando recebeu a proposta alvinegra. Achou que era o momento certo para voltar a encarar a eterna montanha russa do mercado nacional e disse sim, mas pediu reforços para encorpar o que chama de “bom grupo de apoio” – contratações que aguarda até hoje. Enquanto elas não chegam, o técnico usa o jeito de paizão para trabalhar a confiança de jogadores em baixa até sua chegada, como Márcio Azevedo e Elkeson, e aposta em homens de confiança, como os experientes Renato e Loco Abreu - que ele define como “agregador e brincalhão, nada contestador como haviam insinuado”.
Lidar com jogadores polêmicos como o uruguaio é um capítulo à parte na trajetória de Oswaldo, por sinal. O treinador pode se orgulhar de ter encontrado a receita para acalmar ânimos de estrelas como Marcelinho Carioca, Edílson e Romário. Mas, ao contrário do que o gênio tranquilo pode indicar, não foi cedendo demais que ele conquistou o coração de famosos rebeldes dos gramados.
“Sempre me dei muito bem com jogadores que alguns consideravam problemáticos. Confesso que no início ia um pouquinho preocupado, porque a concessão te leva à falha. Por ironia, eles acabaram comprando o meu barulho e sempre foram muito eficientes. Romário, por exemplo: depois de sua volta, acho que o vi em seu melhor momento ali, em 2000”, lembra Oswaldo, em referência à temporada em que o Vasco conquistou a Copa Mercosul e a Copa João Havelange, esta já sob o comando de Joel Santana. “Eles sempre entenderam que eu nunca quis ser mais do que eles. Sei que meu limite é fora do campo, sei que não vou fazer gol de bicicleta, nem golaço de falta”.
Obediência e disciplina
Das lições que trouxe do Japão, Oswaldo não abre mão de aplicar nos treinos do Botafogo a que considera mais importante no futebol moderno: a participação total dos jogadores nas ações da equipe. “O que mais me marcou do que aprendi lá é que temos que melhorar muito nosso nível de obediência e de disciplina. O futebol ainda é criatividade, ainda é individualismo, ainda é da estrela, mas ele é cada vez mais tática, competitividade. E isso se baseia na disciplina e na obediência, na movimentação da equipe em blocos. Se você dá espaço, o adversário joga; se não dá, ele não joga. O cara que está dentro do campo, atacante ou defensor, tem que participar, quando ataca ou quando defende. Temos que ser uma barreira para o nosso adversário”.
Das lições que trouxe do Japão, Oswaldo não abre mão de aplicar nos treinos do Botafogo a que considera mais importante no futebol moderno: a participação total dos jogadores nas ações da equipe. “O que mais me marcou do que aprendi lá é que temos que melhorar muito nosso nível de obediência e de disciplina. O futebol ainda é criatividade, ainda é individualismo, ainda é da estrela, mas ele é cada vez mais tática, competitividade. E isso se baseia na disciplina e na obediência, na movimentação da equipe em blocos. Se você dá espaço, o adversário joga; se não dá, ele não joga. O cara que está dentro do campo, atacante ou defensor, tem que participar, quando ataca ou quando defende. Temos que ser uma barreira para o nosso adversário”.
Oswaldo coloca a fórmula e seu temperamento dócil à prova durante o Campeonato Carioca em busca do primeiro título em território nacional desde a vitória no Supercampeonato Paulista de 2002 pelo São Paulo – no mesmo ano, poderia ter comemorado a conquista do Tricolor paulista no Campeonato Brasileiro, fosse ele disputado em sistema de pontos corridos (na ocasião, ainda em formato de mata-mata, foi surpreendido pelo Santos, com um desempenho arrebatador na fase final). Com passagens pelos outros três grandes clubes do Rio, o treinador garante ter visto poucas diferenças entre a torcida alvinegra e as outras que conheceu.
“É assim no Cruzeiro, no Corinthians, no Vasco, no Flamengo e no Kashima: tem que fazer gol, vencer e conquistar título. Não existe outra receita", explica ele, antes de resumir aquilo que mais importa sobre sua fama de bom cidadão. "Não adianta ser bonzinho se não ganhar."