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Jairzinho e PC Caju: unificação de títulos valorizará o futebol brasileiro

Craques do Botafogo campeão da Taça Brasil em 1968 vibram com a possibilidade de CBF reconhecer competição como Campeonato Brasileiro

Por Márcio Mará Rio de Janeiro
Paulo Cesar Caju ex-craque 
Paulo Cezar Caju: do meio para a frente, Botafogo
só tinha craque (Foto: GLOBOESPORTE.COM)
 
O primeiro foi craque da moda por bom tempo, principalmente entre o fim dos anos 1960 e a metade da década seguinte. O outro, o grande Furacão da Copa de 70, artilheiro da Seleção Brasileira no Mundial do México. Os dois estavam lá,  juntos. E conquistaram também a Taça Brasil de 1968, pelo Botafogo. Paulo Cezar Lima, o PC Caju, e Jair Ventura Filho, o Jairzinho, vibram com a possibilidade de a CBF unificar a Taça Brasil e o Roberto Gomes Pedrosa, o Robertão (chamado também de Taça de Prata), com o Campeonato Brasileiro.

As finais contra o Fortaleza - primeiro, o empate por 2 a 2 na capital cearense, e depois, a goleada por 4 a 0 no Maracanã, com gols de Ferreti (2), Roberto Miranda e Afonsinho - nem deixaram alguma lembrança marcante. A memória deu um drible nos craques alvinegros, que preferiram exaltar a qualidade daquele time.
- Se a CBF tomar mesmo essa decisão, vai valorizar mais o futebol brasileiro. Esse time do Botafogo campeão da Taça Brasil foi um dos melhores de todos os tempos. Do meio-campo para a frente, só tinha campeão do mundo em 70  - afirmou Caju, com a costumeira irreverência.

Jairzinho é outro que valoriza a importância da segunda geração de ouro alvinegra. A primeira, que tinha Garrincha, Didi, Nilton Santos, Amarildo e Zagallo, teve o azar de encontrar pela frente o Santos de Pelé, Coutinho, Pepe & Cia. no auge. Não conseguiu levantar o caneco. Já em 1968, a equipe obteve o título inédito.

estátua jairzinho botafogo engenhão 
Jairzinho: time do Botafogo campeão da Taça Brasil em 1968 era tão bom que tinha alguns reservas de luxo, como o meia-armador  Afonsinho e o artilheiro Ferreti (Foto: Fernando Soutello / Agência Estado)
 
- Vou escalar o ataque: Rogério, Jairzinho, Roberto e Paulo Cezar. No meio-campo, tinha o Gérson para lançar e o Carlos Roberto para armar e marcar. A defesa não era tão má assim. É que se jogava um futebol muito ofensivo, no 4-2-4. Ainda contávamos com o Ney Conceição, o Afonsinho e o Ferreti. Um banco de luxo. Onde você encontra isso agora? Cada time, na época, tinha pelo menos quatro craques. O torcedor hoje nem se emociona tanto. Como se pode achar que aquela competição não era um Brasileiro? - disse Jairzinho, com a mesma energia com que furava as defesas adversárias.

Do meio-campo para a frente, só tinha campeão mundial em 70"
Paulo Cezar Caju
 
Paulo Cezar nem quer saber da história de que os times do Rio e de São Paulo entravam na reta final da competição e atuavam poucas partidas para chegar ao título. Em 1968, por exemplo, o Botafogo jogou apenas seis jogos, eliminando o desconhecido Metropol e o poderoso Cruzeiro antes de encarar o Fortaleza na final.

- Isso não importa. Nosso time era muito superior, tanto que conquistou o título. O problema é que naquela época a visibilidade era menor do que hoje. Tinha também o Rio-São Paulo, que reunia as melhores equipes dos dois estados, e depois o Robertão, que foi uma espécie de Brasileiro. Só passaram a dar mais espaço à Taça Brasil depois que o Cruzeiro deu aquele sacode no Santos do Pelé, em 1966. Até então, era mais um duelo de cariocas com paulistas.

O ex-ponta-esquerda do Botafogo, que depois ainda foi campeão carioca no Flamengo (1972) e bi no Fluminense (1975-76), além de conquistar o Mundial de Clubes pelo Grêmio (1983), lembrou como aquele título foi especial para a sua carreira.

time Botafogo campeão Taça Brasil 1968 
Campeão da Taça Brasil de 1968 (Foto: Divulgação)
 
- Eu me tornei profissional em 1967, e com dois anos já tínha sido bicampeão da Taça Guanabara e do Carioca. A Taça Brasil foi o meu quinto título. Dois anos depois, ainda fui campeão do mundo. Foi uma fase sensacional. Sempre me senti campeão brasileiro. Agora, se for reconhecido mesmo, melhor ainda.

O eterno ídolo alvinegro dá de ombros para quem não reconhece a competição como um autêntico Campeonato Brasileiro.

- Quando você vai conseguir agradar todo mundo neste país? É assim mesmo. Só vou dizer uma coisa. O Brasileiro de hoje está com 20 clubes. Aquela Taça Brasil teve 23.