Na coluna “Gente Boa”, assinada por Joaquim Ferreira dos Santos, em “O Globo”, leio que Carlos Leal, dono da editora Francisco Alves, desistiu de editar um livro de arte sobre o Botafogo. Ele ia fazer 27 livros – agora só vai fazer 26. Fala Leal:
“Dizem que tem coisas que só acontecem ao Botafogo. A covardia e a incompetência nunca estiveram entre essas coisas. Esse time e essas diretorias não merecem um livro de arte. Como falar do passado sem falar do presente? Ser tri-vice é demais.”
Na coluna “Painel do Leitor”, na “Folha de S.Paulo”, leio a carta de Fernando Cezar:
“Joguei a toalha. Chutei o balde. Peguei o meu boné e fui embora. Chega de ir aos jogos do Botafogo. Agora faço parte da maior torcida do Brasil, a Sofá-fogo. Só vou assistir às partidas do alvinegro com amigos botafoguenses, também desiludidos, todos sentadinhos em um confortável sofá. Perder uma classificação nos pênaltis na Copa do Brasil, em pleno Engenhão, para o Americano, não foi o suficiente para que o nosso Botafogo aprendesse. Logo em seguida deixa de conquistar um título estadual, também nas penalidades máximas (…). Assim não dá! Para mim chega. Só volto a frequentar estádios depois que o Botafogo for campeão.”
Sou obrigado a confessar a minha perplexidade com os dois desabafos. Minha língua coça de vontade de dizer: não são botafoguenses de verdade.
O botafoguense se desespera, sim, com o time, mas a história o ensinou a ser um cético, não se iludir. O botafoguense sabe, sempre, que as chances de ganhar são infinitamente menores que as de perder.
O botafoguense sonhava com uma goleada sobre o Americano no Engenhão, mas tinha certeza, no íntimo, que aquela era mais uma das tragédias anunciadas na história do time.
O botafoguense tinha esperanças, em sua relação de amor e ódio com Cuca, que o pé frio na história fosse o técnico. Mas, a maior concentração de torcedores supersticiosos do planeta, no fundo, desconfiava que, talvez, quem sabe, o supersticioso Cuca seria a pessoa ideal para seguir à frente da equipe.
Quando, na Tribuna da Imprensa do Pacaembu, soube que o primeiro tempo da final terminara com derrota de 2 a 0, juro que vi o filme. Sabia que o Botafogo empataria a partida e perderia o título nos pênaltis. Por força do hábito, penso sempre o pior, quando imagino o que pode acontecer com o Botafogo em campo.
Fiquei triste, tristíssimo, mal-humorado na noite de domingo. Dormi mal, não quis ler o jornal na segunda-feira, mas ontem mesmo, na internet, já procurava saber sobre a lista de reforços que Ney Franco apresentou à diretoria. Do que li, nada me deu muitas esperanças. Como sempre, estou pronto para continuar a sofrer.