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Maior goleada da história do futebol brasileiro completa um século

Por Marcelo Monteiro - Blor Memória E.C

O atual time do Botafogo está enfrentado dificuldades para balançar as redes. Em três partidas do Campeonato Brasileiro-2009, o Alvinegro marcou apenas um gol. É o pior ataque da competição até o momento. Mas há 100 anos, o Botafogo não teve problemas para mandar a bola para dentro do gol. Em 30 de maio de 1909, o Alvinegro, ainda sob o nome de Botafogo Futebol Clube, aplicou a maior goleada da história do futebol brasileiro: 24 a 0 em cima do Sport Club Mangueira. Resultado que está destacado na “Sala dos números” do Museu do Futebol, instalado no Pacaembu.

A partida foi válida pelo Campeonato Carioca de 1909, a quarta edição da centenária competição. Sete clubes disputaram o torneio: Fluminense (campeão), Botafogo, América, Riachuelo, Haddock Lobo, Mangueira e Bangu. O último se retirou da competição em protesto contra a anulação do jogo contra o Riachuelo.

E o Mangueira, time rubro-negro da Tijuca (Zona Norte do Rio), também desistiu da competição a quatro rodadas do encerramento do torneio, com um saldo de um empate e nove derrotas em dez jogos. A equipe marcou quatro gols e sofreu 45.

Vinte e quatro destes feitos pelo Botafogo. O primeiro tempo do jogo naquele 30 de maio de 1909 no campo da Rua Voluntários da Pátria terminou 9 a 0 para o Alvinegro. Que balançou a rede mais 15 vezes no 40 minutos finais. Naquele tempo, os períodos tinham cinco minutos a menos. Ainda bem para o Mangueira.

O artilheiro da partida foi Gilbert Hime, que fez nove gols. Recorde no futebol nacional até 1976, quando Dario fez dez no jogo Sport 14 x 0 Santo Amaro, pelo Campeonato Pernambucano.
Flávio Ramos (sete), Monk (dois), Lulu Rocha (dois), Raul Rodrigues, Dinorah, Henrique Teixeira e Emmanuel Sodré completaram o placar.

Autor de um gols daquela histórica partida, o defensor Dinorah teve uma história de vida marcada por uma tragédia. Três meses e meio depois da goleada sobre o Mangueira, em 15 de agosto, o jogador foi atingido na nuca, dentro de sua casa, por um tiro disparado pelo escritor Euclydes da Cunha, autor de “Os Sertões”. Dinorah era irmão do militar Dilermando Cândido, amante de Ana de Assis, mulher do escritor. Irritado com a traição, Euclydes invadiu a casa do rival, no bairro de Piedade (Zona Norte do Rio), e iniciou o tiroteio. E acabou morto por Dilermando, bem mais hábil com uma arma de fogo.

Mesmo com a bala alojada em seu corpo, Dinorah continuou jogando e foi campeão carioca pelo Botafogo em 1910. Mas progressivamente, foi perdendo os movimentos, até ficar paraplégico. Anos depois, amargurado, cometeu suícidio ao se jogar nas águas do Rio Guaíba (Porto Alegre).


BOTAFOGO 24 x 0 MANGUEIRA

Data: 30/05/1909

Competição: Campeonato CariocaLocal: Rua Voluntários da Pátria

Árbitro: Antônio Miranda

Botafogo: Coggin, Raul Rodrigues e Dinorah; Rolando de Lamare, Lulu Rocha e Edgard Pullen; Henrique Teixeira, Flávio Ramos, Monk, Gilbert Hime e Emmanuel Sodré.

Mangueira: Luiz Guimarães, José Perez e Carlos Mongey; Victor, Jonas Cunha e Justino Fortes; Alberto Rocha, João Pereira, Menezes e Maranhão.

Gols – Gilbert Hime (9), Flávio Ramos (7), Monk (2), Lulu Rocha (2), Raul Rodrigues, Dinorah, Henrique Teixeira e Emmanuel Sodré.


Súmula pesquisada por Pedro Varanda