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A rara emoção de encontrar um ídolo




Blog do Mauricio Stycer
Repórter especial do iG.

Uma viagem de trabalho ao Rio de Janeiro mais os problemas técnicos enfrentados pelo iG me impediram de atualizar este blog nos últimos dias. Acabei não fazendo nenhum comentário sobre uma reportagem muito emocionante que tive a chance de realizar no final da semana passada.

Desde que eu soube que uma grife carioca preparava o lançamento de uma camisa em homenagem a Nilton Santos vinha tentando encontrá-lo para escrever algo a respeito. Viajei para o Rio no sábado, 7 de fevereiro, ainda sem saber se seria autorizado a visitá-lo na clínica onde está internado desde janeiro de 2007.

Ao chegar no Rio, telefonei mais uma vez para dona Célia, esposa de Nilton, que falou: “Se você quiser, pode vir agora. Ele está recebendo a visita de dois jogadores”. Corri para a clínica, na zona sul do Rio. Já adorei a placa colocada à porta do quarto de Nilton: “Seja bem vindo. Não fale mal do Botafogo”. Lá dentro, Adalberto, ex-goleiro do time campeão em 1957, e Cacá, lateral direito do time campeão em 1961, contavam histórias e se divertiam.

Nilton só teve um clube em sua carreira, o Botafogo, onde atuou de 1948 a 1964. Ficou famoso por assinar contratos de trabalho em branco – um sinal de sua identificação com o clube, mas também reflexo da falta de profissionalismo no período, o que prejudicou não apenas o jogador, mas inúmeros colegas seus.

O Botafogo arca com as despesas da clínica – um compromisso do ex-presidente Bebeto de Freitas, mantido pelo atual presidente, Mauricio Assumpção. Nilton sofre do Mal de Alzheimer. Durante o período da minha visita, fez vários comentários, mostrando que estava acompanhando as conversas. A primeira coisa que disse, ao ouvir de mim que sou botafoguense, foi: “Soube escolher”.

O repórter deve evitar escrever na primeira pessoa em textos informativos, mas não consegui, nesta reportagem, deixar de expor a minha honra e emoção por estar entrevistando um dos maiores jogadores da história do futebol brasileiro.
O relato da minha visita foi publicado no Último Segundo no sábado à tarde, um dia antes da apresentação oficial da camisa em homenagem a Nilton. A pedido dos organizadores, que queriam aguardar a festa de lançamento domingo, no Engenhão, não publiquei a foto de Nilton vestindo a camisa, o que faço agora, no blog (acima). Trata-se de uma imitação do modelo usado pelo Botafogo em 1962, com o escudo e o número 6, às costas, bordados. A camisa custa R$ 99 – e 20% da receita com as vendas será revertida para Nilton.

Em tempo: agradeço de público a Cesar Oliveira, criador do site Livros de Futebol, e a
Malu Cabral, que mantém um blog sobre o Botafogo, pela ajuda.