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COLUNISTA POR UM DIA: BREVE RELATO DE UMA NOITE GLORIOSA

Por Cesar Oliveira
Em 14/02/2009, às 09:20:16

Cricrizada Amiga:Convidei o Dr. Humberto Cottas para relatar a todos nós como foi a "hora feliz" esta semana no Botafogo. Uma iniciativa da diretoria social que abriu as portas do clube também aos não-associados, como um modo de movimentar a vida social no Botafogo, estagnada – sem exagero – há décadas.

Apesar do temporal que impediu que muitas outras pessoas estivessem presentes, o evento foi um sucesso e com certeza será repetido mais vezes, como praxe na vida social de um clube que se recupera depois de seis anos de bílis e maus bofes.

Mas vamos ao relato do Dr. Cottas, o médico que atendeu o nosso grande Quarentinha, em 1995, no Hospital do Fundão, relato que está presente no livro "O artilheiro que não sorria", de Rafael Casé. Com o palavra, o meu amigo Humberto Cottas, um dos melhores filhos de Vila Isabel.

BREVE RELATO DE UMA NOITE GLORIOSA

Fim da tarde de quinta-eira no Rio de Janeiro, 12 de fevereiro de 2009. Saio de carro do trabalho em Copacabana após um dia de labuta intensa e enfrento a chuva grossa que começa a inundar a cidade por volta de 19h00. Destino: Botafogo, Av. Venceslau Brás, 72, sede de General Severiano, onde soube que haveria um evento de encontro da família botafoguense.

Estaciono no shopping anexo à sede e vou a pé debaixo da chuva do 3º ato do Rigoletto até chegar, enfim, ao nosso clube. Fui encaminhado ao Salão Nobre, onde na entrada fui calorosamente recepcionado pelos diretores Thiago Cesario Alvim e Alberto Macedo. Logo em seguida percebi que não somente eu, mas qualquer um que subisse a escadinha que leva ao salão era recebido da mesma forma, com enorme carinho.

No saguão estavam desfraldadas as enormes bandeiras com as imagens de Heleno, Nilton Santos e Mendonça (aquelas bandeiras que os “Loucos” levam aos jogos). O salão estava repleto de mesas cuidadosamente arrumadas e vários garçons uniformizados prestando ótimo atendimento, com direito a solicitação de cervejas em baldes de gelo e acepipes variados a escolher (o consumo era pago, afinal a entrada era franca).

Logo após minha chegada, quem apareceu por lá na condição de representante do nosso maior ícone foi a esposa do Nilton Santos, Dª. Célia, com quem conversei por algum tempo sobre o maior lateral do planeta. Fiquei satisfeito em saber que ele está muito bem cuidado e com a saúde em dia, enfrentando somente os problemas crônicos de quem chega aos 83 anos de idade.

Quando me dei conta, o salão já tinha cerca de 200 pessoas, que se confraternizavam em um ambiente leve, animado e descontraído. Dividi uma mesa com ninguém menos do que Antonio Carlos Azeredo, o Carlinhos, neto de Paulo Azeredo, acompanhado também pelo bisneto. Uma figuraça que me contou histórias que ouvia desde criança, narradas por seu avô e companheiros da nossa fase mais gloriosa.

Dentre várias histórias deliciosas, ele contou que Paulo Azeredo na época em que assumiu o clube o fez de forma interina, para presidi-lo somente por um mês, devido a brigas políticas homéricas (coisas do nosso Botafogo, pra variar...). Dizia seu avô, às gargalhadas que acabou tendo que ficar não só por um mês, mas por 23 anos. Isso é o Botafogo, contava-me, completando que agora o clube estava aberto novamente, para reunir tanta gente apaixonada e com tantas histórias. Falamos de Flavio Ramos, o grande responsável por tudo aquilo que estava ali.

Por lá também estavam Antonio Carlos Mantuano, Marcos Portella, Miguel Angelo da Luz, a Sonja, Paulo Marcelo Sampaio e outras grandes figuras botafoguenses. Aliás, na companhia do nosso amigo PM Sampaio, autor do fabuloso blog “Arquiba do Botafogo”, tomei algumas cervejas e assisti boa parte do jogo pelo telão.

Em determinado momento, quando já achava que nada mais de incrível pudesse ocorrer, quem surge no salão e senta numa mesa ao lado da minha? O Roberto Miranda !!! Não me furtei a conversar com esse ídolo, acompanhado da esposa, que me disse ter conseguido sair de Niterói debaixo daquela chuva para prestigiar um momento como aquele. Cheguei a comentar com ele que provavelmente a nossa amiga em comum, a também niteroiense Ticiana Senra, filha herdeira do inesquecível Waltencir não deve ter tido a mesma sorte de conseguir chegar ao Rio no meio daquele temporal.

Logo depois chegou o Carlos Roberto, não menos ídolo e nosso último técnico campeão. Fiquei observando esses dois caras, conversando e rindo à vontade na mesa que ocupavam, como dois garotos entrosados da época em que saíam como guerreiros vencedores de batalhas em gramados com a camisa alvinegra, nos idos de 67-68. Soube que, também por conta do dilúvio, não conseguiram chegar por lá o Mauricio, o Amarildo e o Jairzinho. Aí já seria demais, não ? Fica então pra próxima ...

Depois de toda essa social, veio o jogo no telão. Vencer ou não já tinha virado um detalhe para mim, pois o time já estava classificado e naquele momento a vitória maior era o clima da família botafoguense reunida daquele jeito. No entanto, a bela vitória acabou sendo a cerejinha do bolo. Para quem estava lá, o ambiente era de jogo no estádio, com direito a comemorações, xingamentos a juiz, músicas de torcida, hino cantado a plenos pulmões e abraços efusivos entre irmãos botafoguenses que nem se conheciam no meio do salão após os gols.

Ao final do jogo, todos foram convidados para tirar uma foto histórica na escada de entrada da sede. Em seguida, começou a ser organizado um show com roda de samba, mas aí tive que bater em retirada, pois estava exaurido, porém de alma mais do que lavada.

Posso garantir a todos os que temiam pelo evento apresentar risco ao clube, por possível presença de intrusos, beberrões baderneiros e não-sócios, que tal temor não representou qualquer ameaça. Digo isso na condição de sócio-proprietário do clube, primeiro pelo fato de ser um evento no salão, sem entrada para as demais dependências sociais internas. Ademais, pelo fato de ter sido realizado por gente que sabe fazer um evento de forma profissional impecável e acima de tudo, apaixonada.

O melhor foi ouvir do Beto Macedo, um dos idealizadores do acontecimento, que aquele provavelmente foi o primeiro de muitos pela frente. Isso talvez signifique a volta de uma época áurea e glamorosa, quando aquele salão abrigava eventos, bailes e festas, na qual o Botafogo representava o Rio de Janeiro no que havia de melhor, seja em campo ou seja em seu quadro social.

Senti falta por lá da galera que frequenta o Canal Botafogo. No próximo não pode ter desculpa, tem que ir todo mundo, até o Sobrinho.

Por fim, encerro esse breve relato concluindo que, se é verdade o que dizem as teorias de várias doutrinas espiritualistas – de que os seres após o fim da vida podem retornar com suas consciências a ambientes em que viveram – na noite de 12/02/2009 compareceram ao Salão Nobre de General Severiano: Flavio Ramos, Emmanuel Sodré Viveiros de Castro, Nilo Murtinho Braga, Carvalho Leite, Tovar, Heleno de Freitas, Carlito Rocha, João Saldanha, Paulo Azeredo, Mané Garrincha, Quarentinha, Sandro Moreyra e muitos outros mais. Estavam todos presentes.

Digam-me lá, qual o clube que pode reunir tanta fera junta ?

Como disse Cesar Oliveira em sua coluna recente, é a FAMÍLIA BOTAFOGUENSE DE VOLTA !!!

Humberto Cottas
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Saudações Botafoguenses!
E que venha o Zé Cachaça!
Cesar Oliveirabotafogo100@globo.com