Jefferson lamenta dispensas: "Não me perguntaram se estava de acordo"
Goleiro
critica diretoria pela saída de nomes importantes e diz que vai esperar
eleição para decidir futuro: "Minha vida financeira estacionou"
Depois
da derrota para o
Figueirense por 1 a 0, a situação do Botafogo se complicou e o
rebaixamento se aproxima
cada vez mais. O time pode cair neste domingo, se perder para a
Chapecoense e o Vitória vencer o Figueirense. Um dos líderes do
alvinegro, Jefferson desabafou em entrevista
exclusiva para o Esporte Espetacular. O goleiro da Seleção não deixou
pergunta
sem resposta. Revelou que o vestiário do
Botafogo está cabisbaixo, falou sobre os sete meses de direito de imagem
que o clube
lhe deve, contou que já foi sondado para sair e disse que não concordou
com as dispensas
de Edílson, Emerson Sheik, Bolívar e Júlio César.
Jefferson, como é passar
por duas situações opostas deste jeito, ao mesmo tempo sendo convocado e
ameaçado de rebaixamento com o Botafogo?
- Olha, é uma experiência
nova na minha carreira. É um momento muito especial que eu estou vivendo. E
hoje aqui no Botafogo, a gente sabe que a gente vive um momento tenso, onde os
jogadores já entram ansiosos na partida. Eu já aprendi a ganhar, a perder, e é
nesse momento que o guerreiro se sobressai. É lamentável, viu. Eu
particularmente chego triste em casa. Aprendi a amar o Botafogo e acho que o
respeito é muito grande pela camisa do clube. O que eu posso dizer para os
torcedores é que eu sinto muito por tudo que está acontecendo, acho que eles
não mereciam o que aconteceu desde o início do ano até agora.
Quais foram as grandes
falhas do Botafogo?
- Acho que o planejamento
esse ano não correu bem. Tivemos muitos problemas fora de campo, muitas coisas
vazaram daqui de dentro. Então, hoje, não tem como sugar muita coisa dos
jogadores, porque os jogadores estão exaustos emocionalmente. Acho que o que
atrapalhou mais o Botafogo não foi dentro de campo e sim o extra. Salário,
perda do Engenhão, greve, discussão que saiu fora do clube, dispensa de
jogador. Muita coisa que você acaba
pegando tudo isso e reflete dentro de campo.
Repórter Thiago Asmar e Jefferson (Foto: Reprodução TV Globo)
Você chegou a criticar
publicamente a postura da diretoria, principalmente do presidente Maurício Assumpção.
Continua tendo aquela opinião?
- Eu como capitão e
representante dos jogadores não conseguia ver o Botafogo na situação em que
estava e o nosso presidente não estando junto com a gente aqui. Eu acho que foi
só essa minha cobrança. Era você perder os jogos e não ter ninguém ali para estar
junto com você.
Concordou com a dispensa de Emerson Sheik, Edílson, Júlio César e Bolívar?
- Nem me perguntaram né.
Nem me perguntaram se eu estava de acordo ou não...
(interrompe) Acha que por
ser capitão você deveria ter sido consultado?
- Eu acho que sim. Como
capitão seria bom até para eu estar passando para os jogadores e tendo outra
visão. Mas como eu falei: a gente é funcionário.
Jefferson concedeu entrevista ao Esporte Espetacular (Foto: Reprodução TV Globo)
Você acha que eles seriam
importantes para o grupo fugir dessa situação?
- Sem dúvida nenhuma. Com
certeza, com todo o currículo que esses quatro jogadores têm, com certeza eles
acrescentariam bastante para esse grupo aqui.
Junto com os quatro dispensados,
você era um dos que mais cobravam os salários. A saída dos companheiros
enfraqueceu o time também fora de campo?
- A partir do momento em
que o Botafogo deixou de cobrar, foi aí que começou a cair. Porque o filho que
você ama, você corrige, cobra, dá puxão de orelha. Então, a partir do momento
em que os jogadores pararam de cobrar, é como se... Ah, então, entre aspas,
ficou tudo elas por elas. A partir do
momento em que a gente estava cobrando, assumindo a responsabilidade, o time
estava envolvido. A partir do momento em que começou a minar um, minar outro,
ameaçar um, ameaçar outro, o Botafogo começou a perder força.
Você falou que tem sete
meses de atraso nos direitos de imagem e que representam a maior parte do
salário. Como ficar assim?
- Nesse ano minha vida
financeira parou, estacionou. Isso é uma das coisas que a gente fica triste. Eu
perdi essa garra... que eu digo que é garra de leão. Quando você é um leão,
você vai, cobra, peita. Diz que está junto. Cobra as promessas. Diz: “E aí? Prometeu?
Vamos cumprir?” Com garra, você acaba
crescendo, chamando um, chamando outro.
Como recuperar a motivação
dos mais jovens diante da ameaça cada vez maior do rebaixamento?
- Você chega hoje no
vestiário e vê jogadores de cabeça baixa, com a autoestima baixa. Uns
acreditam, outros já estão desesperançosos. O maior adversário do Botafogo,
hoje, é o fator psicológico. O maior adversário do Botafogo hoje é entrar em
campo com confiança, acreditando que a gente pode vencer.
Jefferson, pensativo, responde a tudo (Foto: Reprodução TV Globo)
Como foi a derrota para o
Figueirense?
- Tentamos. Claro que teve
o lance do Jóbson que errou o pênalti, só que tentamos, corremos atrás. A bola
não está caindo. A gente tem que ser homem de entrar em casa, levantar a
cabeça, abraçar a esposa, os filhos, as filhas, e falar: “olha, o que eu pude
fazer pelo Botafogo eu fiz”.
Muito se fala que o
Jéfferson pode sair do Botafogo. Tem propostas?
- Tem sondagens sim. Mas
estou esperando o dia 25 de novembro para conversar com a próxima diretoria e
saber o planejamento, a minha importância no projeto deles para, aí sim, abrir
o leque ou fechar o leque.
O goleiro titular da
seleção brasileira disputaria uma série B no ano que vem?
Pela grandeza do Botafogo.
Todos os goleiros gostariam de estar jogando no Botafogo, independente se é a
série A ou série B. O Botafogo é grande, tem história e na série B com certeza
tem mais visibilidade do que muitos times na série A. A gente sabe que é
difícil, que é complicado. Mas a gente vai fazer o máximo possível pra sair
dessa situação.