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Novo rebaixamento do Botafogo para a Série B foi tragédia anunciada
Glorioso sofreu com inúmeros problemas ao longo do ano até ter queda para a Série B sacramentada. Crise financeira, salários atrasados e outros problemas atingiram o clube


LANCEPRESS! - Rio de Janeiro (RJ)

A nova queda do Botafogo para a Série B do Campeonato Brasileiro, a segunda do clube no século XXI, - a primeira em 2002 - pode até ser considerada como uma tragédia anunciada em General Severiano. A péssima administração da cúpula comandada por Maurício Assumpção e o planejamento adotado para a atual temporada foram cruciais para o descenso da equipe. A aposta em um técnico sem experiência, problemas salarias, ameaças de greve, montagens e desmontagens do elenco foram algumas variáveis para acelerar o declínio do Alvinegro em 2014.
A conquista da vaga para a Taça Libertadores, em 2013, após 18 anos longe da competição sul-americana, trazia um prenúncio de que 2014 poderia ser ano de glória. Entretanto, ainda no ano passado, o clube traçou os planos para esta temporada baseado em conquistas audaciosas como chegar às fases finais da Copa do Brasil e da Libertadores.

Por reflexo dos problemas extracampo, o time teve a pior campanha da história no Estadual, eliminado precocemente. Além disso, o desempenho na Libertadores também foi o pior das quatro participações que o clube carioca esteve presente.

Campanha em 2014
Neste Campeonato Brasileiro, o Botafogo perdeu 22 jogos, com apenas nove vitórias e seis empates. Em 64 jogos disputados no ano, o Botafogo soma 35 derrotas, 12 empates, com apenas 17 vitórias conquistadas.

Salários atrasados
Durante toda a temporada, jogadores e funcionarios do clube conviveram com problemas de salários atrasados, agravando cada vez mais o trabalho interno e o rendimento em campo. Atualmente, alguns jogadores estão com dois vencimentos atrasados na carteira de trabalho (CLT), além de sete meses de direitos de imagem. O diretor-técnico Wilson Gottardo sempre tentava amenizar a situação com reuniões como grupo.

Reuniões com Gottardo foram frequentes no segundo semestre (Foto: Wagner Meier)

Saída do Ato Trabalhista
O Ato Trabalhista é um acordo feito entre um determinado clube e a Justiça do Trabalho. O acerto organizava a fila de credores do Botafogo, que pagava um determinado valor para repassar àqueles que tinham algo a receber do Alvinegro, evitando que o clube ficasse sujeito a penhoras.
Porém, o presidente Mauricio Assumpção não renovou o acordo para 2014, alegando que não era bom continuar nos termos em que estava assinado e tentava negociar um novo acordo, algo rejeitado pela Justiça.
Assim, o clube teve todas as receitas penhoradas e passou sufoco durante todo o ano, sem conseguir cumprir seus compromissos.

Crises internas
Sem dinheiro, os problemas internos começaram a se acumular. Um dos principais deles - e que azedou de vez a relação entre o presidente e os líderes do elenco - foi o cancelamento de um amistoso com o Botafogo-PB, um dia antes do programado. Em protesto pelos constantes atrasos, os jogadores resolveram não viajar.
Outro problema, em março, foi o protesto dos jogadores nos treinos, na semana da decisiva partida contra a Unión Española. Na ocasião, eles ficavam sentados nos gramados por aproximadamente dez minutos, antes de iniciarem os trabalhos.
Perda de jogadores importantes
Se 2013 já foi marcado pela perda de jogadores importantes durante a temporada como Vitinho, Fellype Gabriel e Andrezinho, 2014 seguiu o mesmo caminho. Seedorf, Rafael Marques, Hyuri e Elias saíram no início do ano acabando com a espinha dorsal do time que terminou o Brasileiro do ano passado em quarto lugar.
Durante a temporada, além dos demitidos, Dória foi negociado com o Olympique (FRA), Lodeiro foi para o Corinthians e Jorge Wagner retornou para o futebol japonês.


Política em ebulição
O ano é de eleição e, como acontece em qualquer clube, a política ferve internamente. Acuado, o presidente Mauricio Assumpção pouco se expôs no segundo semestre - tirando no episódio da dispensa de quatro jogadores - e não declarou apoio público a nenhum dos quatro candidatos à presidência. Até porque ninguém quer ter seu nome vinculado ao mandatário.


Uma "comissão de crise" foi instalada no clube para analisar os problemas internos e ajudar o próximo presidente. Até mesmo um impeachment foi cogitado, mas a ideia não avançou pois o processo seria demorado, desgastante e desnecessário, já que o mandato de Mauricio está perto de acabar.

Presidente alvinegro pouco se expôs nos momentos de crise (Foto: Bruno de Lima)

Aposta em Eduardo Hungaro para a Libertadores

Devido ao alto salário, o Botafogo preferiu não renovar o contrato de Oswaldo de Oliveira para 2014. Desculpa incoerente, já que contratou diversos jogadores após a saída dele - alguns com vencimentos altos. E o pior, escolheu Eduardo Hungaro, ex-auxiliar de Oswaldo, para comandar o time na Copa Libertadores. Não deu certo. A inexperiência de Hungaro pesou, o time foi eliminado na fase de grupos e o então treinador voltou a trabalhar na comissão técnica.

Treinador foi opção após saída de Oswaldo de Oliveira (Foto: Paulo Sergio)

Contratações que não corresponderam
Não se pode negar que o Botafogo contratou muito nesta temporada. O grande problema é que quantidade não significa qualidade. Os laterais gêmeos Alex (lateral-direito) e Anderson (lateral-esquerdo) são um símbolo dessa política. Contratados para disputarem a vaga com Edilson, Lucas e Julio Cesar, eles não corresponderam e foram afastados antes do fim do primeiro semestre.
Além dos irmãos, o zagueiro Mario Risso, o volante Rodrigo Souto, os meias João Gabriel e Ronny e os atacantes Yuri Mamute e Ferreyra não deslancharam e pouco contribuíram com o Alvinegro.

Irmãos não conseguiram se firmar na equipe (Foto: Bruno de Lima)

Ameaça de greve do corpo médico
Com vencimentos atrasados, que chegaram a cinco meses, alguns membros de todo o departamento médico/físico, entre eles massagistas, fisioterapeutas, psicólogos, médicos, dentre outros, mostram insatisfação com as promessas da diretoria e até cogitaram fazer uma paralisação nos trabalhos no mês de agosto. O ápice do problema veio após a diretoria prometer quitar parte dos atrasados destes funcionários com a renda do clássico contra o Fluminense, em Brasília. A promessa, entretanto, não foi cumprida no prazo determinado.

Problemas nas categorias de base
Por conta dos grandes problemas financeiros vividos pelo clube, os atletas das categorias de base do futebol sentiram um grande reflexo no trabalho. Com o atraso no pagamento dos planos de saúde, desde o dia 25 de julho, os jovens estão sem o auxílio, que foi cancelado pela Golden Cross, administradora dos planos. Diante disso, alguns jogadores com lesões não tem como realizar os exames necessários. Apenas em alguns casos mais graves o clube arca com as despesas. Além disso, as obras em Marechal Hermes não saíram do papel.

Diretor-técnico conversou com elenco sub-20 (Foto: Divulgação/Botafogo)

Apostas em Jobson e Carlos Alberto
Sem verba para cumprir com as obrigações e sem condições de reforçar o elenco, o técnico Vagner Mancini teve de apostar no retorno de Jobson. O jogador, que foi o responsável pela permanência do time na Primeira Divisão, em 2009, foi visto como uma solução para tentar salvar novamente a equipe. Além do atacante, Carlos Alberto também foi uma das opções, já que o clube ainda tinha uma dívida com o jogador. O meia, porém, figurou mais vezes no departamento médico do que entrou em campo.


Afastamento de Bolívar, Julio César, Emerson e Edilson

No último treino antes do confronto com o Vitória, em Salvador, o presidente Mauricio Assumpção anunciou a rescisão contratual com o zagueiro Bolívar, o lateral-esquerdo Julio César, o atacante Emerson e o lateral-direito Edilson, aumentando ainda mais a crise no clube. Na ocasião, o técnico Vagner Mancini até colocou o cargo à disposição.

Rescisão de Lucas
No fim de agosto, o lateral-direito Lucas entrou na Justiça para pedir a rescisão de seu contrato com o clube, protegido pelos três meses de salário e depósitos de FGTS atrasados. Teve o pedido atendido e conseguiu o desligamento do Alvinegro. Além de brigar por R$ 20 milhões - o valor da multa rescisória prevista em contrato -, os três meses de salários atrasados, seis meses de direitos de imagem, o depósito do FGTS (que não é recolhido desde 2011), direitos de arena e outros valores.

Jogador pediu a liberação do clube por falta de pagamento (Foto: Bruno de Lima)

Fechamento do Engenhão
Com problemas estruturais, o fechamento do Engenhão, em março de 2013, foi um dos fatores da grave crise financeira que o clube se encontra. De acordo com o presidente Mauricio Assumpção, o Alvinegro estima um prejuízo de cerca de R$ 45 milhões por causa do fechamento do estádio.

Estádio foi interditado em março de 2013 (Foto: Paulo Victor Reis)
 
Manutenção do técnico Vagner Mancini
O técnico Vagner Mancini assumiu o Botafogo no início do Campeonato Brasileiro. Com o treinador, o Alvinegro venceu nove vezes, empatou seis partidas e perdeu 20. Para muitos, a permanência do técnico foi crucual para a queda do time.


Mancini assumiu o Botafogo no início do Brasileirão (Foto: Wagner Meier)

Prejuízo após eliminação na Libertadores
A precoce eliminação, ainda pela fase de grupos da Copa Libertadores, prejudicou bastante o planejamento para a temporada. Isto porque as diretoria do Alvinegro realizou projeções esperançosas para a competição sul-americana. A projeção era a de chegar à final da Libertadores. O orçamento alvinegro apontava a conquista de cerca de R$ 17 milhões entre premiações e bilheterias dos jogos, mas acabou conquistando apenas R$ 9 milhões.



Invasão em treino
Cerca de 20 membros de uma facção organizada do Botafogo invadiram o Engenhão enquanto o time treinava. Os torcedores fizeram duras cobranças aos atletas, além de ameaças, nas áreas internas do estádio. Carlos Alberto foi o mais insultado.

Jefferson lamenta a queda: "Comprei briga para que não viesse a acontecer"

Capitão, que se desentendeu com Maurício Assumpção ao longo do Brasileirão, admite que problema financeiro foi determinante para o rebaixamento do Botafogo

Por Santos, SP
Jefferson, Santos X Botafogo (Foto: Mauro Horita / Agência estado)Jefferson contra o Santos (Foto: Mauro Horita / Agência estado)

Jefferson é conhecido pela frieza, tanto dentro de campo quando fora dele. Depois da derrota do Botafogo por 2 a 0 para o Santos, neste domingo, na Vila Belmiro, que resultou no rebaixamento do clube, o capitão tentou resumir o sentimento do elenco e foi duro nas palavras. Abalado, disse que tentou alertar o ano inteiro para o risco deste desfecho trágico, mas que chegou a ser criticado por isso.


Durante o Brasileiro, Jefferson se desentendeu com o então presidente Maurício Assumpção. O goleiro acusava o ex-mandatário de não estar por perto para dar suporte ao time.

- É inexplicável. O que eu tinha que falar, falei durante o ano. Comprei briga, barulho para que isso não viesse a acontecer. Fui criticado por algumas pessoas, mas era tudo em prol do Botafogo. Não queria ver o time nessa situação. Lamentável. Estou muito triste, mas eu e os jogadores podemos sair de cabeça erguida porque fizemos tudo o que podíamos - afirmou o camisa 1.


Jefferson afirmou que todos têm uma parcela de culpa pelo rebaixamento, mas concordou com a tese de que o grave problema financeiro do clube foi determinante para o fracasso alvinegro. O goleiro lamentou o fato de o time não ter mostrado poder de reação nesta reta final do Brasileiro.


- Cada um tem que assumir sua culpa, sua responsabilidade. Todo mundo. Sabemos que este ano o que aconteceu fora do campo influenciou muito. Se pegar nossos últimos jogos, nós tentávamos, no motivávamos, mas nada resolvia. O jogo contra o Santos foi nítido. Equipe precisava vencer, pressionar e não conseguiu ir bem. É o psicológico - finalizou.


A derrota manteve o Bota na penúltima colocação do Brasileiro com 33 pontos. No próximo domingo, o Glorioso encerra sua participação na competição no duelo com o Atlético-MG, no estádio Mané Garrincha, em Brasília.

Na Vila, santistas partem para cima de botafoguenses, e PM entra em ação

Após o jogo, policiais atiram bombas de gás contra torcedores do Peixe que tentaram pegar uma bandeira do Botafogo

Por Santos
Depois de ver o Botafogo ser rebaixado na Vila Belmiro, com a derrota por 2 a 0 para o Santos, um grupo de torcedores do time carioca viveu momentos de pânico na saída do estádio santista, no início da noite deste domingo. Membros de uma torcida organizada do Peixe tentaram agredi-los, querendo a qualquer custo uma bandeira que carregavam.

A Polícia Militar entrou em ação para tentar dispersar a confusão, e membros da organizada santista reagiram com rojões. Policiais, então, passaram a usar bombas de gás, e aí foram torcedores santistas que nada tinham a ver com o fato que passaram a sofrer. Houve correria para tentar se abrigar. Os bares próximos à Vila foram fechados até que a confusão terminasse.
Pelo menos 20 torcedores do Santos foram detidos - até o fechamento desta matéria, o comando da Polícia Militar não informara quantos. Ainda não há, também, informações sobre feridos até o momento.
santos botafogo confusao vila belmiro (Foto: Gabriela Fernandes/Arquivo Pessoal)

Torcedores do Santos se abrigaram em bares para fugir da confusão (Foto: Gabriela Fernandes/Arquivo Pessoal)

santos botafogo confusao vila belmiro (Foto: Gabriela Fernandes/Arquivo Pessoal')

Polícia Militar usou bombas de gás para dispersar multidão (Foto: Gabriela Fernandes/Arquivo Pessoal')

Novo presidente do Botafogo isenta elenco e comissão técnica por degola

Carlos Eduardo Pereira afirma que primeiro passo para 2015 é liberar receitas e evita falar em formato no departamento de futebol antes de reunião com Mancini e Gottardo

Por Rio de Janeiro
Carlos Eduardo Pereira e Nelson Mufarrej eleições Botafogo (Foto: Sofia Miranda)Carlos Eduardo Pereira convocou a torcida para abraçar o time na volta à Série A (Foto: Sofia Miranda)

Minutos depois da confirmação do rebaixamento do Botafogo para a Série B do Campeonato Brasileiro em 2015, o novo presidente do clube, Carlos Eduardo Pereira, mostrou que já deixou o torcedor de lado para incorporar o dirigente que comandará o Alvinegro no tortuoso caminho de volta à elite nacional. Sereno, se apressou em isentar o plantel e a comissão técnica pela campanha pífia na competição deste ano. A culpa é, para ele, do "Botafogo como instituição". O primeiro passo para planejar a próxima temporada é no tribunal. Ele afirmou que já nesta segunda-feira haverá uma reunião com objetivo de levar o clube de volta ao Ato Trabalhista e liberar suas receitas. Sem isso, diz que o Bota "acaba".


Em entrevista por telefone ao GloboEsporte.com, o presidente analisou a partida contra o Santos, disse que o elenco se dedicou e que o resultado "não chegou a ser surpreendente". Sobre o sentimento do torcedor nesta tarde de domingo, falou em sofrimento, mas não deixou de pedir apoio para a próxima temporada.


- Estou muito triste, como toda a grande torcida botafoguense, tenho certeza que estão todos muito sofridos. É uma tarde muito doída para todos nós. Mas tenham a certeza de que vamos trabalhar dobrado em 2015 e é muito importante que a torcida venha com o Botafogo. Abrace o Botafogo nesse momento difícil. Precisamos sair juntos dessa situação e sair mais fortes do que em 2014. Será um ano de superação - avisou.

Carlos Eduardo Pereira não deu detalhes sobre qual formato planeja implantar no departamento de futebol para 2015. Afirmou que também nesta segunda haverá um encontro para começar a definir o planejamento. O primeiro passo será ouvir o técnico Vagner Mancini e o diretor Wilson Gottardo sobre o plantel, para depois, então, definir o que será feito.


Confira a íntegra da entrevista do presidente Carlos Eduardo Pereira ao GloboEsporte.com:


O que achou da partida? Como foi esse momento do rebaixamento para o senhor?

Não tenho muita coisa que comentar, uma vez que a gente pegou o clube na semana passada, e procuramos dar o que estava ao nosso alcance de apoio ao plantel. Dentro da linha que eles vêm desempenhando, um trabalho de muita luta, de muita dedicação, hoje não foi diferente. Se empenharam profundamente e perderam para uma equipe que foi superior. Em um jogo fora de casa, é um resultado que não chegou a ser surpreendente. A responsabilidade por esse rebaixamento não é do plantel, é do que o Botafogo produziu ou não produziu ao longo de 2014. O Botafogo como instituição.

O senhor crê que os problemas nos bastidores foram decisivos para a queda?
(Problemas nos bastidores) foram determinantes, sobretudo o abandono que o plantel e a comissão técnica tiveram da gestão que colocou o clube em uma encruzilhada e assistiu passivamente sem buscar nenhuma alternativa, nenhuma solução, e sem se afastar também. Acho que quando você não tem uma solução para uma empresa ou um clube que você está conduzindo, o mínimo que tem de fazer é se afastar e permitir que outras pessoas tem de fazer"
Carlos Eduardo Pereira, presidente do Bota

Claro, foram determinantes, sobretudo o abandono que o plantel e a comissão técnica tiveram da gestão que colocou o clube em uma encruzilhada e assistiu passivamente sem buscar nenhuma alternativa, nenhuma solução, e sem se afastar também. Acho que quando você não tem uma solução para uma empresa ou um clube que você está conduzindo, o mínimo que você tem de fazer é se afastar e permitir que outras pessoas tem de fazer. Essa diretoria nem fez, nem deixou que outras pessoas do clube fizessem, então essa responsabilidade é basicamente do clube, e não do plantel, muito menos da comissão técnica.


Como o senhor se sente nesse momento?

Estou muito triste, como toda a grande torcida botafoguense, tenho certeza que estão todos muito sofridos. É uma tarde muito doída para todos nós. Mas tenham a certeza de que vamos trabalhar dobrado em 2015 e é muito importante que a torcida venha com o Botafogo. Abrace o Botafogo nesse momento difícil. Precisamos sair juntos dessa situação e sair mais forte do que em 2014. Será um ano de superação.


O que já é possível prometer para a torcida agora, até falando de elenco também?

O que dá para prometer é um trabalho muito sério, muita dedicação, e um primeiro momento passa por equacionar as questões fiscais. Se o Botafogo não resolver, se os atores desse momento não entenderem que não é possível um clube operar com 100% das suas receitas bloqueadas por ações trabalhistas, então realmente estarão querendo o fim do Botafogo. Sem isso, a gente não pode contratar, assinar contrato com os jogadores, então vamos estar amanhã no Tribunal Regional do Trabalho buscando o retorno do Botafogo ao Ato Trabalhista (que limita em 15% sobre todas as receitas as penhoras dessa origem). Em paralelo, nossos advogados estão buscando outras medidas que protejam as receitas do clube e permitam que uma parte dessas receitas seja dedicada ao pagamento das demandas trabalhistas, mas não todas, senão o Botafogo acaba.


E o Engenhão, estará mesmo liberado para o estadual?
(...) É possível um clube operar com 100% das suas receitas bloqueadas por ações trabalhistas. Então vamos estar amanhã no Tribunal Regional do Trabalho buscando o retorno do Botafogo ao Ato Trabalhista"
Carlos Eduardo Pereira, presidente do Bota

Estivemos com o prefeito Eduardo Paes na sexta-feira, foi um encontro muito positivo, muito cordial, e a expectativa, o pleito do prefeito, é que o estádio seja liberado para o Carioca. Não sabemos se será possível porque não depende do desejo do prefeito, nem do nosso. Mas o compromisso do prefeito é pressionar ao máximo essas empresas para que o estádio esteja disponível para o Carioca, que será o nosso primeiro desafio no ano.


E qual é o pensamento para o futebol? O formato incluirá um executivo ou o vice de futebol tocará o dia a dia?


O nosso planejamento para 2015 começa nesta segunda-feira. A gente não pôde mexer em absolutamente nada porque a equipe ainda estava disputando o campeonato com chances de obter uma colocação. Então de modo algum quisemos fazer uma análise prévia do plantel, ou das atuações, ou muito menos da comissão técnica. Agora, o que vai se ouvir, é a comissão técnica, conhecer em maiores detalhes como o Mancini e o Gottardo enxergam esse plantel, acrescentar as nossas observações, e vamos definir o formato. Eu tenho algumas ideias, o Mantuano (vice de futebol) tem outras,então vamos consolidar essa visão para implementar para 2015.

Mancini atribui degola aos problemas do clube em 2014: "Não caímos hoje"

Técnico do Bota lembra situações de dificuldade no ano: "Fora de campo nem se fala"

Por Santos, SP


O Botafogo terminou o final de semana matematicamente rebaixado para a Série B do Campeonato Brasileiro. A queda iminente foi esticada até a penúltima rodada, mas não resistiu à derrota por 2 a 0 para o Santos na Vila Belmiro (veja os melhores momentos no vídeo acima). Para Vagner Mancini, a degola não aconteceu na tarde deste domingo. O técnico, que comandou o Alvinegro do início ao fim da competição, apontou como responsáveis pela situação do clube os problemas que surgiram dentro e fora de campo durante a temporada. Como por exemplo as lesões no elenco, os salários atrasados e a dispensa de jogadores considerados importantes.

- É difícil até falar neste momento. Ninguém gostaria de estar nesta situação. Sabíamos que quatro cairiam, e o Botafogo foi um deles. Tivemos problemas dentro, e fora de campo nem se fala. Não caímos hoje. Sabíamos que seria difícil, mas lutamos até o fim - disse Mancini.

Em instantes, outras informações.


Botafogo perde para o Santos por 2 a 0 e é rebaixado para a Série B do Campeonato Brasileiro
Com atuação apática, time carioca amarga segunda queda de sua história


por O Globo






Gabriel deixa o campo chorando após a derrota que sacramentou o rebaixamento do Botafogo - Michel Filho / Agência O Globo



RIO - O Botafogo vai jogar a segunda divisão do Campeonato Brasileiro em 2015. Com uma atuação apática em que só o goleiro Jéfferson se salvou, o time alvinegro foi derrotado pelo Santos por 2 a 0, neste domingo, na Vila Belmiro, sacramentando o segundo rebaixamento de sua história 12 anos depois da primeira queda para a Série B. Os dois gols do jogo foram marcados pelo centroavante Leandro Damião.

O volante Gabriel deixou o campo chorando. Ele foi um dos que mais sentiram o rebaixamento alvinegro.

- A gente que está um tempo no clube, sente mais que alguns. É normal. Quem está desde o começo do ano sabe que a gente não queria deixar o Botafogo cair. Falta mais um jogo. Vamos terminar o ano como homens - disse.

O jogador cobrou que os problemas enfrentados pelo clube no ano sejam corrigidos.

- Tem que ver o que fez de errado nesse ano e corrigir os problemas. O Santos jogou dentro de casa, não tinha mais nada para fazer (no campeonato), mas demoramos a reagir. Não fizemos gols, eles fizeram - lamentou.

O clube lamentou o rebaixamento em posts publicados em sua conta oficial no Twitter: "Em 2015, vamos juntos, clube, torcida, diretoria, com o retorno do nosso estádio. Vamos fazer essa estrela voltar a brilhar. #SouBotafogo".

A situação do Botafogo era muito difícil. O time precisava vencer os dois jogos restantes e torcer por tropeços de Vitória e Palmeiras nas rodadas finais. No sábado, o time pôde comemorar as derrotas dos dois times para Flamengo e Internacional, respectivamente, mas neste domingo o Botafogo não conseguiu fazer a sua parte.

O time pareceu entrar em campo já conformado com o rebaixamento, embora ainda tivesse chances matemáticas de permanecer na elite. Mas a atuação do time da equipe de Vágner Mancini acabou sendo um retrato do ano alvinegro, em que o time colecionou fracassos e jogos ruins, perdeu jogadores importantes e teve problemas políticos e com atrasos de salário. Enquanto isso, via o seu capitão, o goleiro Jéfferson, ser o único a se salvar com bons jogos e convocações para a seleção brasileira.

Agora a diretoria eleita do Botafogo terá o trabalho de reconstruir o time e levá-lo de volta para a elite em 2015.

Na última rodada, o Botafogo se despedirá da elite enfrentando o Atlético-MG no estádio Mané Garrincha, em Brasília.
SANTOS DOMINOU O JOGO
Embora precisasse desesperadamente da vitória, o Botafogo começou o jogo devagar e completamente dominado pelo Santos. O time de Vágner Mancini levou mais de 20 minutos para dar o primeiro chute a gol enquanto viu a equipe paulista mandar no jogo.

O Santos poderia ter inaugurado o placar aos 9 minutos quando Gabriel recebeu um passe de Thiago Ribeiro na área e tocou para David Braz. O zagueiro perdeu um gol incrível da pequena área, isolando a bola.

A partir daí, o Botafogo contou com a sorte e com as defesas de Jéfferson para evitar o gol. Aos 28, o capitão defendeu um chute cara a cara com Robinho. Cinco minutos depois, Thiago Ribeiro arriscou da entrada da área e tirou tinta da trave direita de Jéfferson. Aos 34, Renato cabeceou e Jéfferson evitou o gol caindo no canto esquerdo.


Aos 41, Jéfferson teve sorte. Após o levantamento da bola na área, Gabriel cabeceou e acertou a trave. O goleiro não escondeu sua irritação com a atuação apática da equipe.


- A gente está meio perdido no jogo. Treinamentos para não deixar os caras jogarem no nosso campo, mas estão jogando fácil. Temos que voltar com outra atitude. Está parecendo que o Santos está brigando pela Libertadores e o título. E não é. Nós é que estamos brigando contra o rebaixamento - desabafou o capitão.

De fato, o Botafogo não conseguia impedir o Santos de jogar no seu campo. E em ritmo de treino. Foi com extrema tranquilidade que o time paulista abriu o placar aos 3 minutos do segundo tempo. No seu primeiro toque na bola, Leandro Damião, que havia entrado no intervalo no lugar de Robinho, recebeu na área, deixou Dankler no chão com um drible desconcertante e tocou no canto esquerdo de Jéfferson, que dessa vez não conseguiu evitar o gol.


Sem conseguir fazer um gol há cinco jogos, o Botafogo partiu para o tudo ou nada. Logo após o gol, Vágner Mancini colocou Murilo e Gegê em campo. Com um atacante a mais em campo, o técnico esperava que o time fosse mais agressivo, mas foi o Santos que quase fez o segundo com Lucas Lima. Mais uma vez Jéfferson evitou o gol. Aos 30, o goleiro evitou o segundo com uma grande defesa em cabeçada de Renato.

O Santos continuou jogando em ritmo de treino e sacramentou o rebaixamento do Botafogo ao marcar o segundo gol aos 44 minutos. Após bela jogada de Daniel Guedes na lateral, ele cruzou para Leandro Damião. O centroavante precisou de duas tentativas diante da defesa alvinegra para marcar o segundo fechando a partida e mandando o Botafogo para a Série B.

SANTOS 2 X 0 BOTAFOGO
Local: Vila Belmiro, em Santos (SP)
Árbitro: Paulo Godoy Bezerra (SC)
Cartões amarelos: Júnior César (Botafogo) Caju (Santos)


Gols: Leandro Damião aos 3 e aos 44 minutos do segundo tempo para o Santos
Santos: Aranha, Diego Guedes, Edu Dracena, David Braz e Caju; Alison, Renato e Lucas Lima; Gabriel (Serginho), Thiago Ribeiro (Diego Cardoso) e Robinho (Leandro Damião). Técnico: Enderson Moreira.

Botafogo: Jefferson, Régis, Dankler, André Bahia e Júnio César; Airton, Gabriel e Andreazzi (Murilo); Ronny (Gegê), Yuri Mamute e Bruno Corrêa (Maikon). Técnico: Vágner Mancini.