Com amor à camisa comprovado, jogadores podem beijar o escudo de seus clubes à vontade, caso marquem neste domingo
Gustavo Rotstein e Rodrigo Benchimol
Rio de Janeiro
André Lima e Adriano levam para campo as emoções das arquibancadas, neste domingo Se no futebol, hoje em dia, os jogadores estão cada vez mais apegados aos valores materiais e são raros os casos de quem jogue por verdadeiro amor à camisa, o duelo entre Botafogo e Flamengo, neste domingo, às 18h30m (de Brasília), traz dois exemplos de verdadeira paixão clubística. Os homens de área das duas equipes - o alvinegro André Lima e o rubro-negro Adriano - jamais esconderam para quem torcem.
O Imperador, todos sabem, voltou ao Flamengo motivado pelo amor infantil. Após deixar a Inter de Milão e chegar a anunciar uma interrupção na carreira, foi recebido na Gávea com a reverência que um jogador plenamente identificado com a torcida merece ter. Este amor, na verdade, não surgiu nas categorias de base do Flamengo, como aconteceu com muitos jogadores. Trata-se de uma paixão familiar e que atravessa gerações.
A avó de Adriano, Vanda, é uma das incentivadoras deste sentimento, assumido mesmo quando o atacante esteve no São Paulo, único clube brasileiro além do Fla cuja camisa Adriano vestiu.
- Esse é um amor que vem de berço. Toda minha família é rubro-negra. Todo mundo sabe que minha avó é apaixonada pelo Flamengo e sempre fez tudo para eu jogar aqui. Mas meu pai (Almir) também era rubro-negro doente. Então não tinha como não ser – disse o atacante.
Sem dar maiores detalhes, ele contou que já fez muitas loucuras pelo Flamengo e que costumava ir de ônibus ao Maracanã.
- Sempre fui fanático. Mas fanático mesmo. Sempre que eu tinha a oportunidade eu ia ao Maracanã com meu pai ou com meus amigos – disse Adriano, que também fazia um esforço para acompanhar os jogos do time profissional quando ainda estava na base.
A mesma coisa acontece com o homem-gol alvinegro. Da arquibancada do Maracanã, André Lima viu Túlio Maravilha marcar um dos gols do Botafogo na vitória por 3 a 1 sobre o Flamengo, pelo Campeonato Brasileiro de 1995. Naquele ano, o menino de 10 anos comemorou como torcedor a conquista do título inédito. Neste domingo, ele estará em campo para ajudar seu clube de coração a conquistar uma nova vitória sobre o rival.
André Lima reconhece que, às vésperas de uma partida tão importante e contra um adversário tradicional, o lado torcedor fala mais alto do que o normal. Ao mesmo tempo, ele vive a expectativa daqueles que assistem à partida e a responsabilidade dos que decidem o seu resultado.
- Perto de um clássico como o de domingo, bate mais aquele lado torcedor. Fico mais ansioso do que o normal por querer ajudar minha equipe e saber que ela depende de meus gols para vencer. Mas, ao mesmo tempo, fico tranquilo por saber que conto com a ajuda dos meus companheiros e pela confiança que tenho no meu futebol - disse.
Rivalidade ganhou nova dimensão
Como torcedor e jogador do Botafogo, André Lima sabe muito bem a dimensão que ganhou o clássico contra o Flamengo nos últimos anos. O atacante, que disputou apenas a primeira das três finais consecutivas do Campeonato Carioca entre as duas equipes desde 2007, garante que o duelo deste domingo será leal. Ele traz dos tempos de arquibancada a inspiração para brilhar numa partida de tamanha importância.
- Sempre que podia e tinha condições financeiras, ia ao Maracanã com meu pai. A fase que mais me marcou foi aquela do Túlio Maravilha, e não apenas naquele ano de 95. Sou fã número um dele.
Neste domingo, tanto André Lima como Adriano brigarão para balançar as redes, no clássico que eles consideram o de maior rivalidade do futebol carioca. Se alcançarem este objetivo, ninguém duvidará de comemorações com direito a beijos na camisa