
Pantera vai abocanhar parte da renda do Botafogo na decisão (Crédito: Gilvan de Souza)
Advogado do ex-jogador acusa clube de praticar caixa dois na situação
Carlos Monteiro RIO DE JANEIRO Entre em contato
O Botafogo perdeu mais uma batalha jurídica contra Donizete, o verdadeiro Pantera, que ainda cobra dívidas trabalhistas do clube. Para não não ter a renda da final da Taça Rio penhorada, como havia determinado a Justiça, o departamento jurídico entrara com um recurso ordinário, que foi indeferido pelo desembargador Aloysio Santos, presidente do TRT da Primeira Região.
Luiz Roberto Leven Siano, advogado de Donizete, diante da decisão, solicitou, e a Justiça atendeu, a penhora do dinheiro encontrado em todos os postos de venda de ingressos para a primeira partida de decisão do Carioca, até o dia do jogo. Para isso, um oficial de justiça seria designado a ir até cada local para cumprir a ordem.
Segundo Leven Siano, o Botafogo agiu de má-fé e, por isso, vai pedir que a Justiça multe o clube em 20% do total da dívida (cerca de R$ 11,5 milhões), por ato atentatório à dignidade da Justiça.
- O presidente (do TRT) achou o pedido do Botafogo descabido. Pedi o bloqueio da conta do clube no Banco do Brasil. Quando verificamos o saldo, havia somente R$ 11 mil depositados nela. Para onde foi o dinheiro da renda de domingo? Esperava encontrar, no mínimo, este valor lá.
Imaginava que a diretoria do Botafogo fosse séria, caiu a máscara. Na minha opinião, isso é prática de caixa dois - criticou Leven Siano, que também já pediu a penhora da renda do jogo do próximo domingo.
A Justiça do trabalho já deu ganho de causa ao ex-jogador, mas o Botafogo não tem conseguido pagar a dívida. Segundo Leven Siano, o Pantera aceitou reduzir o valor da dívida para R$ 3,5 milhões, a serem pagos em cem parcelas. Mas o Botafogo não aceitou. O clube ofereceu apenas R$ 3 milhões, divididos nos mesmos 100 meses, só que sem juros e sem correção monetária.
- Tentei fazer um acordo no fim da gestão do Bebeto (de Freitas), mas o Maurício (Assumpção, atual presidente) pediu para esperar a sua posse. Esperamos e eles vieram com esta proposta inaceitável. Donizete passa por necessidades, mas eles preferem ignorar isso. Sendo assim, não há outra alternativa que não a penhora das receitas do clube - reclamou Leven Siano.
Procurado pela reportagem do LANCENET!, o vice-presidente jurídico do Botafogo, Gustavo Noronha, explicou a razão pela qual ainda não houve solução e rebateu as críticas.
- Foi uma semana difícil por conta dos feriados. Ainda não conseguimos reagir sobre essa decisão, mas vamos fazê-lo. Ele (Leven Siano, advogado) devia viver o dia-a-dia para saber que tudo o que entra, sai, não se faz caixa-dois aqui. Ninguém é obrigado a guardar o dinheiro em cofre, no clube, por exemplo, não há como - disse Noronha, que confirmou nova tentativa de acordo e assegurou que houve, sim, uma negociação em relação a juros, que seriam de 3% ao ano.