Grandes clubes cariocas conversam por uma agenda de reivindicações que poderá definir a criação de nova liga.
Amélia Sabino e Daniel Leal
Rio de Janeiro (RJ)
Diante da renúncia de Ricardo Teixeira, o Rio de Janeiro saiu na frente na articulação por mudanças na CBF que favoreçam os clubes. A ideia do grupo liderado por Márcio Braga, ex-presidente do Flamengo, culmina na criação de uma liga independente.
Os quatro grandes clubes do Rio se uniram para a formatação de uma agenda comum de reivindicações. Um jantar na segunda-feira, na casa de Márcio Braga, definiu os pontos a serem cobrados.
A proposta demonstra o interesse dos clubes em terem relevante papel nas decisões da CBF, como, por exemplo, apresentarem candidatura à entidade sem a necessidade do apoio das federações.
Hoje, para concorrer ao cargo, é necessário o apoio de, no mínimo, oito federações, o que praticamente inviabiliza a participação dos clubes.
O grupo propõe ainda que o mandato da presidência seja limitado em quatro anos, com possibilidade de uma reeleição. Além disso, pede que os clubes tenham direito a voto nas Assembleias Ordinárias da entidade.
A participação seria estendida a todos os clubes filiados à CBF, e não apenas aos da Série A, como prevê atualmente o estatuto.
Ao mesmo tempo, a ideia é tomar da entidade a organização das competições nacionais. A responsabilidade ficaria a cargo de uma liga de clubes que seria criada, com o consentimento da CBF e embasada em seu estatuto.
No entanto, as conversas são ainda informais. Cartolas do Fluminense devem organizar em breve uma nova reunião com os outros três clubes, para definir ações e unir os quatro grandes em prol da reforma. Só depois dos cariocas estarem afinados é que buscarão apoio dos grandes clubes de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
- Tinha de ocorrer algo para resgatar os clubes, que são os protagonistas do futebol. Deveriam ter grandeza para se reunirem de novo, tratarem diferenças e retomarem a ideia da liga nacional. Sem confronto, talvez até em parceria com a CBF - afirmou Paulo Odone, presidente do Grêmio.
Ex-presidente do Flamengo e candidato derrotado na eleição à presidência do Clube dos 13, em 2010, Kleber Leite será chamado para fazer parte do processo.
- Quem tem de liderar esse processo é quem está na ativa. Isso compete aos presidentes de clubes, aos que estão na Primeira Divisão somando-se aos tradicionais, como o Vitória. Mas vou ajudar no que for preciso - disse.
BATE-BOLA
Márcio Braga
Ex-presidente do Flamengo, ao LNET!:
LANCENET!: Como o senhor está ajudando nessa organização dos clubes, após a saída de Ricardo Teixeira da CBF?
MÁRCIO BRAGA: Acho que nós da sociedade civil que nos preocupamos com a organização do esporte temos de se juntar para ajudar a melhorá-lo, ampliando as forças. Procurei algumas pessoas ligadas ao esporte.
LNET!: Qual é a ação efetiva que pode ser feita?
Os clubes têm de preparar uma agenda positiva para ser entregue à CBF. Essa lógica de que os clubes não votam nem têm poder tem de acabar. São os clubes que estão na linha de frente do futebol, são a célula mater do futebol. Os clubes têm de atingir a maioridade.
Os clubes têm de preparar uma agenda positiva para ser entregue à CBF. Essa lógica de que os clubes não votam nem têm poder tem de acabar. São os clubes que estão na linha de frente do futebol, são a célula mater do futebol. Os clubes têm de atingir a maioridade.
LNET!: Umas das propostas para reformar o estatuto é incluir todos os clubes como votantes. Isso não geraria conflito com os grandes?
Se o clube participa de uma determinada organização, ele tem, sim, de ter voto, tem de ter voz. Pode até ser discutida essa questão do peso do voto, não se pode comparar um time do Acre com um Fluminense ou um Internacional.