Autor do gol da vitória sobre o Madureira relembra as dores por causa de rara lesão que o afastou dos gramados
Gustavo Rotstein
Rio de Janeiro
Para o Botafogo, a vitória por 3 a 2 sobre o Madureira significou seguir na briga por uma vaga na semifinal da Taça Rio. Mas para Túlio Souza, autor do gol que garantiu os três pontos (veja o gol no vídeo ao lado), representou a libertação do jogador que se destacou no Coritiba campeão da Série B de 2007. O jogador, de 26 anos, lutou contra a rara síndrome de Gillmore, lesão que atinge a região abdominal e não havia casos registrados no Brasil.
Operado em fevereiro de 2008, poucas semanas depois de ser contratado pelo Botafogo, o meia espera que a partida da última quinta-feira tenha significado um recomeço que, segundo ele, não seria possível sem o clube alvinegro.
O drama da lesão
- O futebol é bom porque reserva surpresas e a cada dia a gente conhece novas coisas. É muito gratificante voltar a jogar futebol depois do que passei. Não conseguia nem dormir por causa da lesão. Sentia uma queimação durante a noite e precisava andar pela casa para melhorar. Fiquei abatido, mas tive coragem para lutar.
Importância do Botafogo
- O Botafogo é como um pai, pois me acolheu e me curou. Fez tudo por mim e por isso devo muito ao clube. Todos tiveram paciência comigo, principalmente médicos e fisioterapeutas. Tanto que depois do gol que marquei, abracei um dos doutores (Igor Vaz) e dei minha camisa a ele.
Desabafo na comemoração do gol
- No futebol, aprendi que a gente não fala com a boca, mas com os pés. A torcida é maravilhosa e quero retribuir o carinho que recebo. A comemoração não foi direcionada a ninguém, foi um desabafo pessoal. Estava há 15 meses sem marcar um gol. Eu conto, pois sou acostumado a marcar. Mas durante a partida não escutei nada. No momento de celebrar, apenas quis mostrar raça. Estava vivendo aquele momento com os torcedores.
Família
- Meus familiares vieram da Paraíba para o Rio para me verem jogar e foram embora na última quarta-feira sem que eu tivesse entrando em campo. Eu disse para minha mãe que poderia entrar e fazer gol, e agora espero que eles possam vê-lo.
Luta por um espaço no time
- Para mim, ser útil é ser mais do que ser titular. O importante é poder ajudar o Botafogo quando tiver a oportunidade de jogar.
Confira a cronologia do drama de Túlio Souza
4 de fevereiro de 2008 – Depois de diagnosticada a síndrome de Gillmore, cujos sintomas o atormentavam desde os tempos de Coritiba, Túlio Souza é operado no Rio de Janeiro, poucos dias após ser apresentado pelo Botafogo.
6 de março de 2008 – Jogador inicia trabalho de preparação física, depois de um mês de completa inatividade por causa da delicada cirurgia na região abdominal.
23 de março de 2008 – Túlio Souza estreia com a camisa do Botafogo, entrando no segundo tempo da vitória por 7 a 0 sobre o Macaé, pelo Campeonato Carioca. Foi sua primeira partida desde novembro de 2007, quando ainda era do Coritiba.
30 de março de 2008 – Pela primeira vez atua 90 minutos desde novembro de 2007, na vitória do Botafogo por 3 a 1 sobre o Fluminense, pelo Campeonato Carioca. No entanto, é preterido no elenco e tem poucas chances de atuar a partir de então.
4 de agosto de 2008 – Em entrevista ao GLOBOESPORTE.COM, admite ainda sentir dores quando chuta uma bola e revela ter sido submetido a injeções como forma de alívio.
Dezembro de 2008 – Termina o ano tendo disputado apenas 21 das 74 partidas do Botafogo na temporada. Ganha oportunidades como titular da equipe na reta final, depois que o Alvinegro não tinha mais aspirações no Brasileiro. De agosto a novembro, não entrou em campo.
Janeiro de 2009 – Inicia a pré-temporada treinando como titular, mas perde a vaga e retorna à condição de reserva do Botafogo antes da estreia da equipe no Campeonato Carioca.
Fevereiro/Março de 2009 – Depois de algumas semanas treinando mesmo com uma lesão nos ligamentos do tornozelo, Túlio Souza inicia tratamento intensivo e fica quase um mês parado.
2 de abril de 2009 – Após algumas partidas no banco, Túlio Souza entra no segundo tempo e, aos 49 minutos do segundo tempo, marca o gol da vitória do Botafogo por 3 a 2 sobre o Madureira, no Engenhão.