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Derrota para o Fla escancara realidade do Botafogo com o Bom, Bonito e Barato

Blog do Mauro Cezar Pereira - ESPN

O Botafogo pode até ser campeão carioca, mesmo com um elenco inferior ao do Flamengo.

Nitidamente inferior. Da mesma forma que foi eliminado pelo Americano na Copa do Brasil. E é evidente que, apesar das limitações do grupo botafoguense, a equipe da cidade de Campos está bem abaixo tecnicamente.

A possibilidade alvinegra na decisão do segundo turno era vencer num contra-ataque, numa jogada esporádica, aproveitar um raro momento de predomínio em campo. Sim, pois os rubro-negros passaram a maior parte do tempo no campo adversário, com a bola, rondando a área. Faltava entrar na mesma e finalizar.

Assim, em falhas do Flamengo, o Botafogo teve suas duas chances. Perdeu ambas na primeira etapa, com Maicossuel por um detalhe, a trave, e antes, com Victor Simões, por outro detalhe: a deficiência técnica do corpulento camisa 9. Ele é tão limitado quando o flamenguista que usa o mesmo número, o então reserva Josiel.

Mas de tanto rondar a área e incapaz de finalizar bem, o time rubro-negro chegou ao gol. Gol-contra de Emerson, já que seu xará de vermelho e preto é mais segundo atacante do que centroavante de área, e passou o jogo inteiro preparando jogadas... para ninguém. Até preparar para o Emerson de preto e branco: 1 a 0.

Depois disso o que se viu foi a total ineficiência ofensiva botafoguense. Fahel, Thiaguinho, Leo Silva, entre outros, são esforçados, quebram um galho contra os Boavistas, Friburguenses e Tigres da vida, mas num desafio um pouco mais complicado... não dá. Foi assim até contra o empenhado Americano, três dias antes, num duelo de caráter decisivo.

O Flamengo não fez um bom jogo, mas ainda assim venceu. E chegou lá porque, mesmo com salários atrasados como rotina, tem mais time. Não cumprir compromissos no prazo jamais será modelo de gestão, é evidente. Mas a política alvinegra do Bom, Bonito e Barato é incompatível com quem se considera time grande. Pode servir num momento inicial, mas não basta.

A solução? Encontrar uma... solução. Parcerios, investidores, o que for.

Se o Palmeiras tem Keirrison e Cleiton Xavier, entre outros, graças à Traffic, os cartolas do Botafogo que encontrem a "Traffic" deles, ora. Ou algum outro meio de montar um time competitivo e pagar os salários em dia, claro.

Outra saída?

A sinceridade. Armar uma equipe como a atual, baratinha, que recebe em dia, repleta de jogadores esforçados, e jogar limpo com a galera. Seria preciso algum cartola dizer à torcida a mais pura verdade, com peito para encarar as reações indignadas.

"Nos próximos anos não brigaremos por títulos. Vamos reestruturar o futebol, dar passos do tamanho das nossas pernas e preparar um futuro melhor. A meta é ficar na primeira divisão e disputar o Estadual e a Copa do Brasil dignamente. Se der para surpreender e faturar uma dessas taças, ótimo, se não for possível, estaremos olhando mais à frente".

O torcedor do Botafogo precisa ter consciência do tamanho do time que tem. E nem a eventual conquista do Estadual poderá ofuscar os defeitos, as limitações dessa equipe. Caso contrário, correrá riscos no Brasileirão, como em 2006, quando ganhou o Estadual e sofreu na primeira metade da Série A. Naquele ano, o time só saiu do buraco quando mudou de técnico e reformulou o elenco.

Quanto à política do Bom, Bonito e Barato, basta perguntar a qualquer um se gostaria de tê-la em seu próprio time. Insisto: ela não é compatível com os grandes.