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Linha do tempo: Loco Abreu disputa a Copa e perde espaço no Botafogo

Jogador ajudou Uruguai a ficar com a quarta colocação na África do Sul. No Rio, Jobson e Maicosuel mudavam a maneira de jogar do time

Por Diego Rodrigues
Rio de Janeiro

Disputar uma Copa do Mundo. Esse é o sonho de qualquer jogador de futebol. E ser convocado no ano em que seu país supera as expectativas e consegue terminar a competição entre os quatro melhores é ainda mais gratificante. Entretanto, participar da campanha uruguaia na África do Sul trouxe alguns prejuízos a Loco Abreu no Botafogo.

Desde que foi liberado para a disputar o Mundial, o atacante ficou fora do time por três meses. Jogou no empate por 3 a 3 com o Santos, na abertura do Campeonato Brasileiro, em 8 de maio, e só voltou a vestir a camisa alvinegra contra o Atlético-MG, pela 13ª rodada, em 7 de agosto. Mas já havia perdido o seu lugar. O argumento do técnico Joel Santana era de que o camisa 13 precisava recuperar a forma física.

Abreu disputou a última partida com a Celeste no dia 10 de julho, quando entrou no lugar de Cavani, mas não conseguiu ajudar a sua seleção a vencer a Alemanha e ficar com a terceira colocação na Copa. Voltou ao Botafogo para treinar em 27 do mesmo mês.



Mas parecia tarde demais. Para azar do atacante, o Botafogo visitou o Vitória no dia 1º de agosto, venceu por 3 a 1, Jobson se destacou marcando duas vezes e Marcelo Mattos estreou. A atuação serviu também para Joel Santana aprovar e manter o volante na equipe. Com isso, Leandro Guerreiro foi recuado para a defesa.

Daí em diante, o Glorioso venceu mais quatro partidas (Atlético-MG, Atlético-GO, Avaí, Ceará), chegou a oito jogos invicto e assumiu a terceira colocação. A estrutura e a formação caíram nas graças do treinador. Até porque, antes de perder a invencibilidade para o Internacional, na 17ª rodada, a defesa ficou quatro jogos sem levar gols. Jefferson só foi buscar a bola na rede uma vez contra o Colorado, quando Marcelo Mattos estava ausente por suspensão. Com Leandro Guerreiro, Fábio Ferreira e Antônio Carlos na zaga e Marcelo Mattos como primeiro volante, Joel achou a consistência defensiva.


No meio de campo, Somália cresceu, ganhou a camisa 10, e não saiu mais. O jogador é uma espécie de curinga. Também joga como ala pelos dois lados. Mas se tornou incontestável no meio. Já Maicosuel assumiu de vez uma vaga no no setor ofensivo, mesmo sendo meia. Ao lado de Jobson, com estilo mais veloz e agressivo no ataque, foram seis jogos, com cinco vitórias e uma derrota. O aproveitamento de 83,3% impressiona.

No ataque, a única brecha para Loco Abreu parece ser na vaga de Herrera, que foi seu companheiro durante a conquista do Campeonato Carioca. Apesar de estar há cinco jogos sem marcar – desde que a Copa terminou, só balançou as redes contra o Atlético-MG -, o argentino tem a confiança de Joel, que parece pouco disposto a tirá-lo. Ele é o artilheiro da equipe no Brasileiro ao lado de Jobson, com cinco gols.

Loco Abreu Herrera

Partidas

Loco Abreu 26

Herrera 39

Total de gols

Loco Abreu 14

Herrera 18

Gols de cabeça

Loco Abreu 7

Herrera  4

Gols de pênalti

Loco Abreu 3

Herrera 8

Expulsões

Loco Abreu 1

Herrera 2

Diante desta estrutura, ficou complicado para o técnico achar lugar para Loco Abreu. Ele costuma dizer que sua equipe está "certinha". O treinador, inclusive, já se mostrava claramente incomodado com as perguntas da imprensa sobre a possível escalação de Abreu. Após a lesão de Jobson, disse que o escolhido para a vaga “estava mais perto do que os jornalistas queriam do que o que ele queria”. Na ocasião, o uruguaio e Edno disputavam a posição.

Com a insistência nas perguntas, Joel chegou a declarar sobre a possível reedição da dupla Herrera-Loco, que foi bem no Estadual:

- Pode até ser, não estou descartando. Mas há de convir que é uma característica diferente do que vínhamos jogando e vinha dando certo. Essa dupla está treinada também e sei o que pode render. Pode acontecer, quem sabe.

Porém, escalou Abreu como titular contra o Grêmio Prudente, na última quarta-feira. Mas não acabou bem a volta do camisa 13. Ao ser substituído por Renato Cajá, autor do passe para o gol da vitória, o uruguaio saiu gesticulando. Já no banco, Joel chegou a falar para o jogador: “Você é o treinador?” (veja o vídeo abaixo). Com esta partida, Abreu completou seis jogos no Brasileiro - dois apenas como titular - e segue sem nenhum gol marcado.


Apesar da discussão, o atleta afirmou no desembarque no Rio de Janeiro, na quinta, que não havia indisciplina e que tudo não passou de um mal-entendido. Para ele, fora do Brasil é comum sair de campo gesticulando e que precisaria se adaptar à cultura brasileira.

O problema é que foi criado um mal-estar. A diretoria ainda estuda um tipo de punição para Abreu. E o jogador não tem escalação garantida para o jogo deste sábado, contra o Grêmio, no Engenhão. Jobson segue fora por lesão, mas Caio está de volta. Edno também é opção. Já Herrera continua com a confiança do técnico.