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Montenegro: 'Botafogo é um clube sem comando, entregue a empresários'

Ex-dirigentes não perdoam gestão de Maurício Assumpção e dizem que time usa camisa esdrúxula e joga em campo esburacado

Gustavo Rotstein e Rafael Honório

Rio de Janeiro


           Montenegro (esq.) e Rotenberg: críticas à gestão do presidente Maurício Assumpção


Fora da gestão do Botafogo pelo segundo ano consecutivo, Carlos Augusto Montenegro e Ricardo Rotenberg foram ao Engenhão no último domingo para torcer pelo time de coração no clássico contra o Vasco. No entanto, deixaram o estádio aos 35 minutos do primeiro tempo, revoltados com a derrota até então por 3 a 0. De casa, acompanharam a metade final do massacre cruzmaltino e, então, resolveram desabafar. Montenegro e Rotemberg conversaram com o GLOBOESPORTE.COM nesta segunda-feira, pouco antes da demissão de Estevam Soares. E não economizaram palavras. Defenderam uma reformulação total no departamento de futebol do clube. E criticaram pesadamente a gestão de Maurício Assumpção.

- Eles disseram que fariam um Botafogo totalmente diferente da gestão do Bebeto de Freitas. Isso realmente aconteceu. Hoje é um clube sem comando, entregue na mão de empresários. Um clube que não sabe contratar e que não respeita a tradição quando usa aquela camisa esdrúxula. Um time sem patrocínio que joga num campo esburacado - disse Montenegro.

E foi além:

- Não vejo a seriedade para mudar esse estado de coisas. É preciso fazer uma faxina agora, uma revisão geral aproveitando que a temporada terá uma pausa para a Copa do Mundo. E não me venham com desculpa de folha de pagamento. Ela continua enorme, mas o problema é que não estão sabendo contratar e, por isso, acabam ficando na mão de empresários - completou.

O ex-presidente, que no sábado acompanhou o nascimento de seu primeiro neto, apontou o gerente de futebol Anderson Barros como responsável por alguns "maus negócios":

- Foram oferecidos jogadores mais baratos dos que os que lá estão, mas o gerente não quis. Hoje esses jogadores estão bem em outros clubes. O contrato do Loco Abreu é o dobro do que Dodô pediu. Além disso, tiraram dinheiro de um fundo de investimento que tem a função de contratar jovens para trazer atleta de 33 anos.

Colaborador da diretoria do Botafogo até o fim do ano passado, Ricardo Rotenberg foi excluído da gestão Maurício Assumpção desde o início. Para ele, a falta de humildade do presidente é uma das causas da situação do clube:

- Estamos perdendo o patamar em relação aos clubes do Rio. Antes disputávamos a hegemonia com o Flamengo e tínhamos uma certa distância em relação a Vasco e Fluminense. Agora, podemos nem chegar às finais. A falta de humildade do presidente em relação a figuras notórias do Botafogo é algo impressionante. Nunca tive dúvidas de que alguém que é um nada passaria a ser alguém de uma hora para outra. Pode ter dado certo para ele, mas não para o clube, em hipótese alguma.

Rotenberg poupou apenas o vice de futebol, André Silva.

- Se nesse processo há uma pessoa correta, é o André Silva. Minha única crítica é pelo fato de ele não dar porrada na mesa e dizer que não admite tal tipo de coisa. Ele cedeu a algumas coisas e está pagando por isso. Infelizmente não possui total autonomia para administrar o futebol do Botafogo.