
Com a eleição de Maurício Assumpção para um mandato de três anos, a começar em 2 de janeiro de 2009, anuncia-se o fim a gestão de Bebeto de Freitas à frente do Botafogo.
Trato deste assunto no blog por ter lido muito pouca coisa a respeito nos jornais editados em São Paulo, onde moro, e julgar que é um tema com alguma relevância para quem se interessa por futebol.
Bebeto conquistou a presidência no final de 2002, ano em que o Botafogo foi despachado para a Série B do Brasileiro. Afundado em dívidas e má gestão, a queda do time para a segunda divisão não chegou a surpreender. Ao contrário, o time esteve para cair várias vezes, antes de consumar o ato naquele ano ( a situação, diga-se, lembra a do Vasco em 2008, com Roberto Dinamite recém-eleito presidente).
Bebeto assumiu, portanto, num momento decisivo. Se o Botafogo não retornasse à Série A no seu primeiro ano de mandato, acredito, poderia ser o início do fim. Um time que já vinha ladeira abaixo, e ainda por cima com receitas diminutas, dificilmente agüentaria o tranco de permanecer dois anos na Segundona.
A campanha em 2003 não foi das mais brilhantes (11 vitórias, oito empates e quatro derrotas na primeira fase), mas o suficiente para o Botafogo terminar o campeonato em segundo lugar, atrás do Palmeiras. Eu diria que esta foi a conquista mais importante de Bebeto à frente do Botafogo.
Por sua trajetória e carreira, Bebeto trouxe para o futebol a imagem de um sujeito honrado, limpo, sem relações com a velha guarda da cartolagem. É verdade que, ao longo dos seis anos como presidente do Botafogo, nem sempre agiu como esperavam os que lutam pela modernização da estrutura arcaica do futebol (apoiou a Timemania, por exemplo), mas quase sempre esteve do lado certo.
Não conseguiu, porém, reerguer o Botafogo. Em termos de conquistas, a maior foi o título do Estadual em 2006 – pouco para seis anos como presidente. Do ponto de vista da gestão, ao que parece, não foi capaz de sanear as finanças do clube e deixa um legado pouco promissor para os que o sucedem.
Como quase todos os dirigentes de futebol, Bebeto assumiu muitas vezes posições que um torcedor adotaria (invadiu gramados, xingou juízes, ameaçou tirar o time de competições etc).
Por um lado, chega a ser comovente o desespero do presidente do seu clube; por outro, assusta ver que nem ele é capaz de manter a serenidade em momentos decisivos.
Como torcedor, olhando meu time à distância, eu diria que Bebeto ajudou a reerguer a auto-estima de um clube combalido, conseguiu montar alguns times competitivos, que chegaram a dar algumas alegrias à torcida, mas fraquejaram em momentos decisivos.
Bebeto comandou o Botafogo numa travessia pelo deserto – mas, infelizmente, não chegou a destino seguro.