Gol no início da final contra o Vasco favorece tática do Alvinegro, que joga recuado e marca duas vezes explorando os espaços nas costas de Fagner
A ausência de Renato, com uma lesão no tornozelo esquerdo, não
prejudicou o sistema defensivo do Botafogo, que teve seus laterais
voltados à marcação na final da Taça Rio contra o Vasco, vencida pelo
Glorioso por 3 a 1. Durante toda a partida, Lucas e Márcio Azevedo
só foram até a linha de fundo uma vez (cada) e não buscaram o jogo
aéreo sequer uma vez. Em compensação, os dois se desdobraram na defesa e
fecharam os espaços pelos flancos, enquanto os laterais vascaínos se
arriscaram mais no ataque, conforme mostram os mapas de calor. Eles
alçaram quatro bolas na área alvinegra cada um. A movimentação dos
laterais alvinegros foi intensa. Lucas foi quem mais correu entre todos
os atletas ao longo da partida, com 10,154 km percorridos. Márcio
Azevedo fez 9,191km.
De acordo com André Rocha, responsável pelo blog "Olho Tático", a estratégia foi mais em função do rápido primeiro gol alvinegro, marcado por Loco Abreu aos três minutos (na única jogada de linha de fundo de Márcio Azevedo),
do que uma opção tática adotada por Oswaldo de Oliveira. A postura,
porém, ajudou o time a não sentir a ausência de Renato na marcação.
- Foi uma consequência das circunstâncias do jogo. O Botafogo joga no
4-2-3-1, os laterais são mais alas, fracos no confronto direto. Mas o
primeiro gol do Botafogo mudou a cara do jogo. O time adotou uma postura
mais defensiva, de contra-ataque, ficou mais agrupado e diminuiu o
risco dos laterais levarem bolas nas costas. Além disso, encontrou
caminho mais fácil nas costas do Fagner, já que o Fellipe Bastos foi
jogar do outro lado e a direita ficou desguarnecida. Era natural que se
criasse por ali, com Maicosuel, Fellype Gabriel, Andrezinho...
Normalmente, o Eder Luis volta para recompor a marcação com o Fagner, só
que o Botafogo fez jogadas mais agudas, com lançamentos para o ataque -
explicou.
Nos dois jogos finais do Campeonato Carioca, o Botafogo terá pela
frente o Fluminense, que foi o campeão da Taça Guanabara. Mas apesar de
mudar o adversário, André Rocha acredita que os laterais alvinegros vão
continuar mais presos à marcação devido à formação tricolor.
- A tendência é que eles fiquem mais contidos, já que, assim como o
Vasco faz com Diego Souza e Eder Luis, o adversário também joga com dois
abertos pelas pontas: o Thiago Neves, o (Rafael) Sobis ou o
(Wellington) Nem. O Fluminense também gosta de atuar no contra-ataque,
mesmo sem o Nem. Quem fizer o gol primeiro vai definir quem vai jogar
atacando.
Após a partida, o técnico Oswaldo de Oliveira rasgou elogios a Fellype Gabriel,
que jogou improvisado de segundo volante no lugar de Renato. André
Rocha concordou com as palavras do comandante e defendeu a permanência
do jogador no time mesmo com a volta de Renato.
- O Fellype Gabriel foi para um centro menor, que é o Japão, e evoluiu
enormemente. Ele é hoje talvez o mais inteligente taticamente no futebol
brasileiro. Pode jogar aberto, por dentro, sabe marcar, criar, chegar
na frente, fazer gol... Ele é muito completo, rende onde for escalado.
Para mim, o Renato voltaria no lugar do Andrezinho, que está rendendo um
pouco menos em relação aos outros. Ficaria o Marcelo Mattos com o
Renato, e os três meias na frente, alternando intensa movimentação.
Maicosuel, Elkeson e Fellype Gabriel sabem jogar pelos dois lados e
centralizados.
Márcio Azevedo ergue a Taça Rio após a vitória sobre o Vasco (Foto: Bruno Rurano / Agência Estado)