Falsificação de assinaturas na eleição de novembro deixa em risco 14 conselheiros do Botafogo
Se o futebol do Botafogo vive a tensão de uma semana decisiva, a
política do clube também promete ferver nos próximos dias. O relatório
final do inquérito que apurava crime de falsidade ideológica na eleição
para a presidência do clube, em novembro, concluiu que a chapa Mais
Botafogo, encabeçada por Carlos Eduardo Pereira, falsificou assinaturas.
O
Jogo Extra teve acesso com exclusividade ao relatório da delegada
assistente da 10ª DP, Daniela Terra, que considera "robusta e coerente" a
versão apresentada pelo presidente Maurício Assumpção contra os
representantes da chapa Mais Botafogo — Carlos Eduardo Pereira, Anderson
Simões, Luis Fernando dos Santos e Carlos César de Mattos.
O
inquérito está no Ministério Público, mas o parecer da delegada pode ser
suficiente para derrubar 14 conselheiros do poder máximo do Botafogo.
Apesar de a chapa investigada ter sido derrotada na eleição, ainda assim
teve uma quantidade expressiva de votos que lhe assegurou no conselho
deliberativo as 14 vagas que estão agora em risco.
O presidente do conselho deliberativo do Botafogo, José Luiz Rolim, admitiu a possibilidade da exclusão:
—
Se ficar caracterizado que a chapa não tinha 140 nomes habilitados, o
plenário do conselho dirá se foi válida ou não a participação dessa
chapa. Todos os efeitos produzidos pela participação dessa chapa correm o
risco de perder sua eficácia.
O presidente Maurício Assumpção passa a bola para o conselho deliberativo. E vai cobrar uma decisão:
—
O inquérito deixa claro que houve fraude. A chapa foi inscrita de forma
irregular. Cabe ao conselho deliberativo, órgão máximo, julgar o caso,
que é grave.
Informado pelo Jogo Extra sobre o teor do inquérito que não lhe é favorável, Carlos Eduardo defendeu a manutenção do conselho:
—
A Junta Eleitoral do Botafogo é soberana. As eleições aconteceram. Não
se pode criar instabilidade no conselho com base numa denúncia
irresponsável.
A origem da denúncia
O
estatuto do Botafogo exige a adesão de 140 nomes para a inscrição de uma
chapa. Por residirem no exterior, dois inscritos na lista de Carlos
Eduardo tiveram suas assinaturas questionadas pelo grupo de Maurício
Assumpção, que registrou a ocorrência há cinco meses.
O relatório
final do inquérito ressalta que a autoria da falsificação das
assinaturas não foi identificada. E considera incoerentes os depoimentos
dos representantes da chapa Mais Botafogo.