Na semana dos pênaltis perdidos, Botafogo e Vasco podem decidir na bola parada
RIO
— São apenas 11 metros que separam o gol da marca do pênalti. Mas,
quando a penalidade é decisiva, a distância parece aumentar em qualquer
estádio do mundo. Dois protagonistas da final de domingo da Taça Rio
entre Vasco e Botafogo, no Engenhão, sabem bem o que passaram esta
semana os craques Messi, Kaká e Cristiano Ronaldo nas semifinais da Liga
dos Campeões da Europa, e o argentino Dátolo, do Internacional, contra o
Fluminense na Libertadores. Os atacantes Alecsandro e Loco Abreu não
têm sido muito eficazes na temporada quando a responsabilidade está toda
em seus pés. E podem se ver novamente frente a frente com os goleiros
adversários no Engenhão. Caso não haja vencedor na decisão da Taça Rio, a
vaga na final do Carioca contra o Fluminense será decidida a 11 metros
do gol.
Poucos metros que custaram um preço alto a Alecsandro. Um
dos cobradores oficiais do Vasco, o atacante viveu maus momentos naquele
pedaço do campo. Só neste ano, foram três pênaltis perdidos em
sequência. Dois contra o Alianza Lima pela Libertadores e um no empate
com o Resende, no Carioca. Na partida contra os peruanos, ainda houve
uma terceira penalidade que o atacante quis bater e foi impedido por
Juninho, que pegou a bola e marcou o gol. Na sequência do Estadual, o
artilheiro do Vasco na temporada, com 14 gols, insistiu e errou de novo.
Vasco treina cobranças
Foi
a gota d’água para o atacante fazer uma autoavaliação e desistir de ser
o principal cobrador do time. Atitude prontamente apoiada pelo técnico
Cristóvão Borges, que o tirou do posto, mas deixando aberta a
possibilidade de sua volta às cobranças, quando Alecsandro se sentir
novamente confiante para reassumir a função. Enquanto isso, Felipe,
Diego Souza, Fágner e o goleiro Fernando Prass, que tem treinado
constantemente cobranças nos treinos, dividem a responsabilidade. O
camisa seis já mostrou ser bom substituto ao cobrar bem contra o
Flamengo na semifinal.
No Botafogo, Loco Abreu parece também fora
de eventual cobrança na final, embora o técnico Oswaldo de Oliveira não
tenha se manifestado. Nas costas do artilheiro, está um retrospecto de
seis pênaltis desperdiçados em sete cobranças — cinco consecutivos. O
último foi contra o Bangu na semifinal.
A prova dos nove para os
atacantes, e os demais jogadores, poderá acontecer no domingo. Se a Taça
Rio não for decidida nos 90 minutos, a marca branca que delimita a
distância se tornará a protagonista da noite. Para consagrar goleiros ou
crucificar os cinco ou mais cobradores escolhidos para definir o
destino da equipe.
Treinamento não tem faltado. Diariamente,
alguns jogadores encerram o trabalho coletivo e, antes de descer ao
vestiário, cobram penalidades.
Mas isso não é garantia de nada. No
ano passado, também na final da Taça Rio, o Vasco viu o Flamengo
comemorar o título carioca na disputa de pênaltis. Fellipe Bastos,
Bernardo e Élton — os dois últimos não estão mais no time —
desperdiçaram suas cobranças. Na ocasião, apenas Alecsandro converteu
para os vascaínos.
— Treinamento ajuda muito. Mas é complicado
saber o que passa na cabeça do jogador. Mesmo já consagrado, com o
estádio cheio, toda a pressão em cima, não é fácil... Acontece, só
batendo para saber — disse o atacante Éder Luís.
O volante Rômulo, que não costuma ter esta missão, junta-se aos que acreditam que decisão por pênaltis em parte é loteria.
— Nosso time está tranquilo. Todos os dias um treina cobrança para melhorar sempre — garantiu.
Clássico mais equilibrado
O
Vasco, porém, não quer contar com a sorte ou o azar de ter um jogador
num mau dia. E pode se agarrar aos números do clássico. Nas últimas dez
partidas, somente duas terminaram empatadas. Cada time venceu quatro
vezes. Quando venceram, as equipes foram bem ofensivas, marcando dois ou
mais gols de diferença.
— Isso é a cara de clássico. Quando se
toma gol tem que ir pra cima, e as duas equipes têm qualidade. Se tiver
goleada dessa vez que seja do Vasco — afirmou Éder Luís.
Na opinião de Éder Luís, a disposição ofensiva das equipes não quer dizer avenidas abertas aos atacantes.
—
A equipe do Botafogo vai ser mais equilibrada do que a do Flamengo, vai
ser um jogo melhor e mais difícil. O Botafogo vai precisar sair também.
Na última vez (3 a 1 para o alvinegro), pecamos muito. Eles
aproveitaram mais as nossas falhas. Agora, temos de saber aproveitar as
falhas do adversário — avaliou.