Atacante uruguaio se redime de temporada irregular, faz três gols, perde pênalti e se torna a estrela na vitória por 4 a 2 sobre o valente Alvirrubro
Se o jogo é decisivo, Loco Abreu é protagonista. Em noite de fortes
emoções no Engenhão, o Botafogo fez de tudo para se complicar diante do
Bangu - errático, porém valente - mas, com três gols do uruguaio, que
isolou a fase irregular, e um de Maicosuel, passou finalmente à sua
primeira final no estádio, sua casa há cinco temporadas.
A vitória por 4 a 2 classifica o Alvinegro à decisão da Taça Rio, para
enfrentar o vencedor de Vasco e Flamengo, que se enfrentam neste
domingo. Lucas (contra) e Sérgio Júnior descontaram. Além dos três gols,
Loco Abreu também chamou a atenção por mais um pênalti perdido - para
fora -, o sexto nos sete últimos que cobrou. O jogo de seis gols foi
acompanhado por 15.757 pagantes (19.786 presentes) e teve boa presença
da torcida do Bangu.
Domínio alvinegro
Não foi difícil decifrar, logo nos primeiros minutos, quem controlaria
as ações do jogo. Impetuoso, o Botafogo não deu chance ao Bangu, que
preferiu adotar o máximo de cautela e só se expor nos eventuais
contra-ataques. O problema é que a saída de bola era deficiente. Com uma
marcação compacta, o time de Oswaldo de Oliveira comprovou a boa fase
da retaguarda e neutralizou o rival.
Na frente, o lado direito era uma avenida para Lucas, que deitou e
rolou sobre Renan Oliveira. Os gols só não saíram a partir de tabelas
suas com Renato e Andrezinho porque os cruzamentos poucas vezes acharam o
alvo certeiro. Ainda assim, Fellype Gabriel, bem colocado, esteve perto
de marcar de cabeça. Em outra tentativa, o zagueiro Santiago tirou com a
mão e o árbitro ignorou.
Do lado alvirrubro, era flagrante a falta que fazia o meia Almir,
vetado momentos antes do jogo no vestiário. Ainda assim, o ex-alvinegro
Thiago Galhardo não aproveitou a única brecha dada e isolou uma bola que
caiu limpa em seus pés, na marca do pênalti. Durante o tempo técnico, o
volante Renato colocou uma proteção no pé esquerdo e passou a
preocupar. Bastaram dois piques para ver que não dava mais, e Maicosuel
entrou. Fellype foi recuado para ajudar Marcelo Mattos.
O temporal no Rio cessou na hora da partida, mas a chuva de
oportunidades continuou. Sem dar margem para críticas de outrora, o
Glorioso explorava a fragilidade do adversário, que não pareceu a equipe
consistente do turno, e jogava o fino. Aos 30, Loco serviu Fábio
Ferreira, que desperdiçou, de carrinho. Aos poucos, Márcio Azevevo
também era acionado, e a pressão se transformou em gol. Depois de
escanteio de Andrezinho, o zagueiro devolveu a gentileza e só escorou
para o uruguaio completar e abrir o marcador, para o alívio da torcida,
aos 41.
Na volta do intervalo, Cleimar Rocha tentou resolver os espaços atrás,
com a entrada do lateral Gedeilson no lugar do meia Gabriel Galhardo,
irmão do mais famoso. Mas sua estratégia foi por água abaixo quando, em
novo passe preciso de Andrezinho, Loco abriu caminho e meteu a cabeça
nela, vencendo Willian Alves, que chegou muito depois e contribuiu desta
vez.
A vantagem, porém, não durou. Em cruzamento despretensioso do Bangu,
Lucas desviou torto e marcou contra: 2 a 1. A apreensão cresceu, mas o
Botafogo soube controlar os nervos e seguiu melhor. Para virar show e
pedir música no Fantástico, Loco tornou a brilhar, deixando claro que
decisão é com ele. Aos 14, fuzilou a meta, novamente pelo alto e levou o
público à loucura.
Mas o Bangu era valente e não esmoreceu. Deu orgulho à seus fiéis
torcedores, apesar de ter marcado seu segundo também em jogada
esquisita. Em lançamento longo, somente Sérgio Júnior partiu, Jefferson
foi indeciso na dividida, e o camisa 9 deu ares de drama a então festa
no Engenhão: 3 a 2 Faltavam vinte minutos, e o Bangu foi para cima.
Deixou de ser franco-atirador para oferecer ao Alvinegro o papel de
contragolpeador, que o aceitou perigosamente.
Com o duelo aberto, a partida esquentou e Thiago Galhardo acabou
expulso por falta no meio de campo. Logo em seguida, Loco teve a chance
de carimbar o passaporte à final, mas... errou o sexto pênalti em sete
cobranças. A torcida se calou. Desta vez, foi com um chute forte à
esquerda. Vez por outra, o Alvirrubro assustava, mas Jefferson se
redimiu.
E, já nos acréscimos, quando o rival não tinha mais forças, Maicosuel, o
melhor do segundo tempo, resolveu, em nova disparada: 4 a 2 . O
Botafogo está em sua primeira decisão no Engenhão.