Ex-volante da Seleção, amigo de Maradona e agora treinador, Alemão tenta levar o Central de Caruaru ao inédito título de campeão pernambucano
Entrevista marcada para as 9h da manhã e ele chega com pontualidade britânica. Mas o visual é à italiana: tom sobre tom, camisa e calça cinzas, óculos escuros discretos, porém estampando uma renomada marca nas suas laterais. Nos pés, mocassins na mesma tonalidade. Elegância contrastada por um boné, que ali não está compondo o figurino, mas protegendo a calvície em expansão. O look não faria feio em algum resort de luxo na Sardenha, ilha italiana do Mediterrâneo. Mas está sendo usado muito longe dali, sob o sol abrasador de Caruaru, no Agreste de Pernambuco.
No comando do Central, Alemão sonha em voltar ao Botafogo como técnico
(Foto: Tiago Medeiros / GloboEsporte.com)
(Foto: Tiago Medeiros / GloboEsporte.com)
A cidade, a 130 quilômetros da capital, Recife, é o novo lar de Alemão, ex-volante da Seleção Brasleira e hoje técnico do Central, clube que disputa o Campeonato Pernambucano. Aos 51 anos, o ídolo botafoguense e que também marcou época no Napoli, jogando ao lado de Careca e Maradona, tenta se consolidar como treinador e acabou 'pousando' no futebol pernambucano graças a uma forcinha de um amigo dos idos de São Paulo, o ex-atacante Amarildo Amaral, que brilhou com a camisa do Internacional na Copa União de 1987.
- O Amarildo recebeu um convite para ser gerente de futebol do Central, me convidou e aceitei de pronto. Uma excelente oportunidade que não poderia deixar passar, já que o Pernambucano é o Estadual mais disputado do Nordeste – explicou Alemão, que está há cinco anos se aventurando como técnico e antes de chegar ao Central havia passado por Tupynambás-MG, América-MG e Nacional-AM.
Alemão chegou ao Central pelas mãos do amigo
Amarildo Amaral (Foto: Tiago Medeiros)
Amarildo Amaral (Foto: Tiago Medeiros)
- Temos um bom elenco, um clube estruturado, dono de um estádio para 25 mil pessoas, coisa que muito clube grande não tem, e uma torcida apaixonada. Em nosso primeiro jogo em casa (empate por 1 a 1 com o Araripina), levamos mais de nove mil torcedores às arquibancadas. Temos tudo para chegar e vamos chegar. Quero em dois anos deixar o Central na Série B do Campeonato Brasileiro – garantiu.
Um homem do campo
Após encerrar a carreira, em 1996, com a camisa do Volta Redona, Alemão continuou trabalhando com o futebol, mas longe dos gramados. Dedicou-se à carreira de empresário e tinha em sua 'pasta' estrelas do quilate de Euller, Cláudio Caçapa, Leandro Amaral e o pentacampeão mundial Edmilson. Mas a saudade dos gramados falou mais alto, e Alemão decidiu ingressar na carreira de treinador
- Trabalhei com grandes técnicos, como Telê Santana, joguei por grandes clubes, disputei duas Copas (1986 e 1990) e sei
que minha experiência pode fazer a diferença – disse.
No futuro, o Botafogo
Após encerrar a carreira, em 1996, com a camisa do Volta Redona, Alemão continuou trabalhando com o futebol, mas longe dos gramados. Dedicou-se à carreira de empresário e tinha em sua 'pasta' estrelas do quilate de Euller, Cláudio Caçapa, Leandro Amaral e o pentacampeão mundial Edmilson. Mas a saudade dos gramados falou mais alto, e Alemão decidiu ingressar na carreira de treinador.
- Trabalhei com grandes técnicos, como Telê Santana, joguei por grandes clubes, disputei duas Copas (1986 e 1990) e sei que minha experiência pode fazer a diferença – disse.
No futuro, o Botafogo
Ricardo Rogério de Brito, que recebeu do pai, seu Raimundo, o apelido de Alemão, sonha um dia estar à beira do gramado comandando um outro alvinegro, o Botafogo, clube em que marcou época de 1981 a 1987, mesmo sem ter levantado uma taça. E mesmo distante, o ex-volante segue acompanhando o Fogão. Perguntado se sonha treinar o ex-clube que lhe deu tantas alegrias, não pensou duas vezes para responder.
- Claro que sonho. Fui muito feliz com a camisa do Botafogo e devo muito àquele clube. Foi vestindo aquela camisa que cheguei à Copa de 1986 e me projetei internacionalmente – recordou o ex-jogador, que do Botafogo seguiu para o Atlético de Madri-ESP.
Maradona... que amigo!
Alemão foi companheiro de Maradona no Napoli
(Foto: Site Oficial)
(Foto: Site Oficial)
Do Atlético de Madri, Alemão se transferiu para o Napoli-ITA, onde faria parte de um dos maiores times da história do futebol europeu, que tinha como principal referência Diego Maradona. Vestindo o azul napolitano, Alemão conquistou uma Supercopa da Itália e um Italiano (1990) e uma Copa da Uefa (1989). Ao lado do ex-atacante Careca, Alemão era um dos jogadores mais próximos a Maradona. Relação que não foi abalada nem mesmo pelo desconcertante drible que recebeu de 'El Pibe' nas oitavas de final da Copa da Itália de 1990 e que acabou resultando no gol de Caniggia, que eliminou o Brasil do Mundial.
O contato não é constante, mas vez por outra Alemão e Maradona se correspondem por e-mail ou batem papo por telefone. Alemão é só elogios ao ex-colega, e quando perguntado se Messi pode destronar o rei argentino, responde rápido:
- Quantas Copas o Messi ganhou? O que ele fez com a camisa da Argentina? Maradona era o mesmo seja qual fosse o uniforme que vestia.
Seleção Brasileira
Alemão tentar marcar, em vão, Maradona no duelo
contra Argentina em 1990 (Foto: Arquivo / Ag. Estado)
contra Argentina em 1990 (Foto: Arquivo / Ag. Estado)
Com 39 jogos disputados com a camisa da Seleção e seis gols marcados, Alemão se mostra preocupado com o momento do Brasil às vésperas da Copa do Mundo. Para ele, o técnico Mano Menezes precisa dar uma resposta em campo aos maus resultados da temporada passada.
- O Brasil precisa encontrar um padrão de jogo, definir um time e trabalhá-lo. Estou preocupado, mas confio no trabalho e na competência do Mano – disse Alemão.
O agora treinador não pretende, por ora, um dia chegar à Seleção. A preocupação do treinador no presente é outra:
- Estou na Capital do Forró (Caruaru) e não sei dançar. Preciso aprender até junho (mês do São João) para não fazer feio.