Montenegro garante devolução do Engenhão: 'Um castelo de areia'
Depois de conversar até com o prefeito, ex-presidente do Botafogo diz que reunião na quinta-feira será apenas para referendar a decisão do clube
Cobertura do Engenhão com problemas
(Foto: Agência Reuters)
(Foto: Agência Reuters)
Apesar de o presidente do Botafogo, Maurício Assumpção, manter uma
posição de cautela com relação ao destino do Engenhão, o ex-presidente
Carlos Augusto Montenegro já decretou a devolução do estádio para a
prefeitura do Rio de Janeiro depois de sua interdição, resultado de um
problema na cobertura, confirmada no dia 26 de março.
Montenegro afirmou que o clube não tem condições de arcar com os custos
do estádio sem a realização de jogos e eventos. Como não há uma
definição sobre o tempo que o Engenhão ficará fechado, ele conversou com
Maurício e o prefeito Eduardo Paes para decidir pela devolução. Uma
reunião quinta-feira, às 18h (de Brasília), em General Severiano,
servirá para ratificar a decisão, segundo o ex-presidente.
- A reunião é só para referendar. Isso virou um mico. O Botafogo não
pode pagar 500 ou 600 mil reais por mês pelo tratamento do gramado, a
luz, os funcionários sem nenhum evento. Não sei se isso vai demorar
cinco, oito meses ou dois anos. O Botafogo vai devolver isso para a
Prefeitura e ela que trate de fazer tudo que é preciso para as
Olimpíadas de 2016. A gente se vira, joga em Volta Redonda, no Maracanã,
no Aterro, em qualquer lugar. Vamos ficar tratando o campo para os
operários jogarem pelada depois? - disse Montenegro.
O Botafogo passou a administrar o estádio em 2007, depois dos Jogos
Pan-Americanos. São quase seis anos. Montenegro afirmou que o clube não
tinha conhecimento de nenhum dos relatórios feitos sobre a situação do
Engenhão e da sua cobertura e lamentou o risco corrido durante esse
período, já que a cobertura poderia cair com um vento de 63km/h.
- É um castelo de areia, um absurdo. O Botafogo correu um risco muito
grande. Virou um problema de imagem para a empresa, que correu atrás de
vários investimentos. A gente fica ouvindo a Delta, Odebrecht e ninguém
tem culpa. Na hora de receber, eles souberam - reclamou Montenegro.
A devolução ainda desperta questionamentos com relação ao termo de
concessão. No entanto, o ex-presidente garante que o Botafogo não pode
ser obrigado a ficar com o estádio, ainda mais nessas condições em que
se encontra.
- O prefeito está conversando com a gente o tempo todo e tem sido um
grande parceiro. Ele não teve nada a ver com isso. Vai administrar outro
pepino como aconteceu com a Cidade da Música. Ele sabe que não tem
condição de o Botafogo continuar com o Engenhão. Como vai ser essa
entrega, eu não sei. Se vai ser na sexta, sábado, quinta-feira à noite. O
que não existe é a possibilidade de ser obrigado a ficar. Não é nosso.
Se precisar, entrego a chave em juízo, mas queremos fazer isso em paz -
garantiu Montenegro.
O clube ainda vai correr atrás dos culpados. Até o momento, não houve
qualquer comunicação oficial sobre a interdição nem sobre o período em
que o Engenhão ficará fechado. Por enquanto, os profissionais ainda
treinam no local.
- Ninguém tem um plano B. Estão todos revoltados com isso. Talvez a
gente continue treinando depois de entregar a chave, mas aí depende da
Prefeitura - explicou Montenegro.