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Bota decide parar de pagar custos do Engenhão, mas não devolverá estádio

Após reunião, cúpula do clube decide aguardar laudo da prefeitura

 

Por Thales Soares Rio de Janeiro

Montenegro entrevista (Foto: Thales Soares ) 
Montenegro é a favor da devolução do Engenhão
(Foto: Thales Soares )
 
 
A atitude mais drástica de devolver o Engenhão, defendida pelo ex-presidente Carlos Augusto Montenegro, ficou para uma discussão no futuro. Por enquanto, depois de uma reunião de mais de duas horas, o Botafogo decidiu parar de pagar os custos do estádio enquanto o mesmo estiver interditado e entrar na Justiça para se resguardar de problemas futuros com patrocinadores e concessionários.

Um grupo de quase 20 pessoas se reuniu na noite desta quinta-feira em General Severiano para discutir a questão da interdição. Com a presença do presidente Maurício Assumpção, Montenegro, os presidentes de poderes e grandes beneméritos, a decisão foi tomada.

- O Botafogo não vai pagar mais um centavo, porque não tem condição e não é justo pagar por uma coisa que não está sendo usada. O clube não tem culpa de nada, pois vem fazendo tudo que o contrato manda. Se dependesse de mim, entraria em acordo com o prefeito e devolveria. É a minha posição, mas o Botafogo é uma democracia, e não era a mesma da maioria das pessoas, inclusive do presidente - disse Montenegro.

Uma das maiores preocupações do ex-presidente é com a falta do laudo que determinou a interdição do Engenhão, acusando um problema na cobertura que poderia cair com um vento acima de 63km/h. O Botafogo vai esperar esse laudo e o parecer dos engenheiros, que só deve sair entre 15 e 30 dias, sobre o tempo de interdição necessário para resolver a situação.

- Estou muito mal impressionado com essa situação. O Botafogo não estava sendo informado sobre os laudos e estudos. Isso é um problema grave. Se a cobertura tivesse desabado, a culpa seria do clube. Até hoje não há um ofício sobre a interdição nem publicação no "Diário Oficial". Alguém precisa assumir e assinar dizendo que a cobertura pode cair, como disse o prefeito. Depois, vamos aguardar o parecer sobre o que será preciso para reabrir o estádio. Então, vamos nos reunir de novo e resolver o que faremos da vida. Se devolveremos ou não - explicou Montenegro.

Mesmo que o estádio volte a ter condições de ser utilizado pelo Botafogo, que administra o local desde 2007, o ex-presidente não demonstra animação. Para ele, perdeu a graça ser o dono do Engenhão, lembrando que sua história como torcedor foi vivida no Maracanã.

- As pessoas ainda acham que o Engenhão pode ter a cara do Botafogo, mas o que tenho visto é um estádio vazio em jogos de Botafogo, Flamengo e Fluminense. O Maracanã vai ser reaberto depois da Copa das Confederações e a posição do Carlos Augusto é de que o Botafogo saiu mal dessa história. Na minha opinião, o Engenhão perdeu a graça. Minha história sempre foi no Maracanã. O botafoguense viu Nilton Santos, Didi, Garrincha, Quarentinha, Roberto, Túlio, Paulo César lá.

Depois, teve uma sobrevida no Caio Martins, com momentos emocionantes, mas o Engenhão não pegou. Não dá grandes lucros e nem há uma ligação emocional - comentou.

O Engenhão não pegou. Não dá grandes lucros e nem há uma ligação emocional"
Carlos Augusto Montenegro
 
Montenegro descartou a possibilidade de revitalizar o Caio Martins para substituir o Engenhão como palco do Botafogo no Campeonato Brasileiro. Ele citou o Maracanã, depois de sua reabertura, e Volta Redonda, onde o time venceu por 3 a 0 o Vasco na quarta-feira, pelo Campeonato Carioca.

- Essa questão do Caio Martins só poderia acontecer com a devolução do Engenhão. Enquanto não houver uma decisão sobre isso, o Botafogo não vai querer. A possibilidade foi afastada. Podemos jogar no Maracanã, em Volta Redonda, Bangu. Só não jogamos em São Januário - disse o ex-presidente.

Logo depois da interdição do Engenhão, Botafogo e Vasco se desentenderam sobre o uso de São Januário. O clássico realizado quarta-feira inicialmente seria no estádio, mas o Vasco, dono do local, exigia que a divisão fosse de 90% para o mandante e 10% para o visitante. Como o Botafogo não aceitou, também teve seu pedido para enfrentar o Friburguense no estádio recusado, e o jogo foi adiado para o dia 10 de abril.

- O Vasco precisa repensar o seu estádio, pois dessa forma não jogará um clássico lá. Nenhum grande vai aceitar essas condições. Mas a relação não está estremecida. O Vasco tem sido um bom freguês. Ele fez com que o jogo fosse lá em Volta Redonda, e pronto. O Botafogo queria jogar no campo deles, mas com o espaço e a renda divididos igualmente - afirmou.

Para uma decisão definitiva sobre o destino do Engenhão, o Conselho Deliberativo será convocado no futuro. Por enquanto, novas reuniões com o prefeito Eduardo Paes devem acontecer, e o presidente Maurício Assumpção vai se pronunciar nesta sexta-feira sobre o assunto.

Por enquanto, o Botafogo segue mandando seus jogos em Volta Redonda. Domingo, o time volta a jogar no Estádio Raulino de Oliveira, contra o Olaria, pela quinta rodada da Taça Rio.

INFO_ENGENHAO_02 (Foto: Infoesporte)