JOHANNESBURGO - A Fifa se recusou a comentar os erros de arbitragem na Copa do Mundo que contribuíram com a eliminação de Inglaterra e México no domingo . A entidade que governa o futebol, no entanto, pretende reprimir o uso de telões em estádios de futebol, depois que as imagens do replay do primeiro gol argentino contra o México geraram muitas discussões no campo. ( Fifa deveria adotar o tira-teima da TV? )
Os jogadores mexicanos protestaram com o bandeirinha e o juiz após confirmar nos telões do estádio Soccer City que Tevez estava impedido quando marcou o primeiro gol na vitória de 3 a 1, no domingo. O porta-voz da Fifa, Nicolas Maingot, disse que a repetição desse tipo de lance nas telas "não deveria acontecer" e que a instituição pretende manter um controle mais rígido nas próximas partidas.
- Replays podem ser mostrados, mas não quando acontecem lances controversos - sentenciou.
Maingot enfrentou questionamentos hostis durante uma coletiva nesta segunda, mas alegou não ter competência para discutir decisões de árbitros ou mudanças de regras pela International Football Association Board (IFAB), que rejeita a introdução de tecnologias de vídeo para ajudar a impedir erros dos juízes.
- É claro que não vamos abrir nenhum debate - disse Maingot - Esse obviamente não é o lugar para isso.
Os árbitros da Copa do Mundo se encontrarão com a imprensa na terça-feira, em sua base de treinamento em Pretória, mas são proibidos de comentar suas decisões ou de colegas. Em coletivas anteriores, juízes que tomaram decisões polêmicas - como Koman Coulibaly, de Mali, e o francês Stephane Lannoy - não apareceram.
Replays de TV rapidamente mostraram que o chute de Lampard que garantiria o empate inglês contra a Alemanha havia cruzado a linha do gol. Mas o juiz uruguaio Jorge Larrionda não confirmou o lance, ocorrido aos 38 minutos do primeiro tempo. A partida terminou em 4 a 1 para a Alemanha.
Mais tarde, ainda no domingo, o primeiro gol argentino foi marcado por Tevez em clara posição de impedimento, mas o lance foi confirmado pelo juiz italiano Roberto Rosetti, que consultou o bandeirinha. Jogadores mexicanos reclamaram muito após ver reprises da jogada nos telões do estádio.
O craque holandês Johan Cruyff, de 63 anos, engrossou o debate nesta segunda, pedindo tecnologia que ajude os árbitros: "Câmeras nos gols seriam uma boa ideia. Mas se isso incluir também impedimentos, ficaria complicado", escreveu ele no jornal De Telegraaf.
O atacante espanhol Fernando Torres, 26 anos, pediu em uma entrevista de rádio que medidas sejam tomadas para evitar erros que alterem as partidas.
- Estamos cansados de pedir por ajuda tecnológica para esse tipo de situação pois eles podem determinar se você é eliminado de uma Copa do Mundo.
O presidente da Fifa, Joseph Blatter, de 74 anos, que esteve nos jogos no domingo, se opõe fortemente ao uso da tecnologia no jogo.
- Deixem como está e vamos manter o futebol com os erros - disse ele quando testes com vídeo foram cancelados em março de 2008, após uma reunião da International Board - Outros esportes mudam as regras para reagir aos avanços da tecnologia. Nós não, e isso garante a fascinação e popularidade do futebol.
A estrutura de votação da IFAB, que inclui a Fifa e as quatro federações nacional da Grã-Bretanha, garante à Fifa o poder de vetar qualquer proposta. Em 2008, a entidade rejeitou o sistema "Olho de Falcão", usado no tênis para julgar bolas que caem na linha. A versão do futebol utilizaria 12 câmeras ao redor do estádio para determinar a posição da bola e enviar uma mensagem ao árbitro. O tema foi novamente debatido e rejeitado em março passado.
Blatter disse então que a tecnologia de vídeo era cara demais para ser aplicada em todo o mundo, quebraria o ritmo dos jogos e nem sempre é conclusiva.
- Não importa qual tecnologia seja aplicada, no fim a decisão deverá ser tomada por um ser humano - argumenta.