O Globo
RIO - O depoimento do ex-atacante do Flamengo Adriano, na tarde de quinta-feira, na 38ª DP (Irajá) , como testemunha num inquérito que investiga o tráfico de drogas nas favelas Furquim Mendes (Jardim América), Vila Cruzeiro e Chatuba (na Penha), colocou em rota de colisão o Ministério Público (MP) e a Polícia Civil do Rio, mostra reportagem de Carla Rocha e Luiz Ernesto Magalhães, publicada na edição do Globo desta sexta-feira. Na quarta-feira, após Adriano prestar esclarecimentos no MP, o órgão divulgou uma nota afirmando haver fortes indícios de que o ex-craque rubro-negro tenha repassado R$ 60 mil ao traficante Fabiano Atanásio da Silva, o FB . Para a Polícia Civil, porém, ainda faltam elementos que comprovem a acusação.
- Adriano foi convincente. Ele deu as explicações necessárias e neste momento não cabe indiciá-lo. Ele continua na condição de testemunha do inquérito, que corre em sigilo. O inquérito vai prosseguir normalmente e nada mudará se o jogador viajar para a Itália - disse o delegado titular da 38ª DP, Luiz Alberto Andrade.
Segundo o delegado, faltam provas técnicas do envolvimento do futuro atacante do Roma com o crime organizado. Luiz Alberto explicou que, para tentar obter esses elementos, já solicitou a quebra do sigilo bancário e telefônico do jogador, com parecer favorável do MP. De acordo com o delegado, com base no que for apurado, podem ou não ser obtidos elementos para indiciar o jogador. Assim, não está descartada a hipótese de o atacante permanecer na condição de testemunha no inquérito.
Para o presidente da Academia de Polícia do Rio, Wladimir Reale, o MP se precipitou. Ele acusou a Procuradoria Geral de Justiça do estado de promover ações espetaculosas.
- O Ministério Público, nos últimos anos, vem se notabilizando pela pirotecnia e pela espetacularização de sua atuação. Este imbróglio todo só aconteceu por causa da precipitação do MP, que simplesmente agiu contra o que a lei determina - afirmou Reale.