"O ano de 2015 para o Botafogo começou hoje", diz novo presidente
Carlos Eduardo Pereira concede entrevista coletiva após rebaixamento à Série B e afirma que Vagner Mancini e Wilson Gottardo ainda não têm o futuro definido
O
dia seguinte do rebaixamento do Botafogo deu a Carlos Eduardo Pereira
uma noção mais exata do que vai encontrar no próximo e nos dois anos
seguintes. Apenas seis dias depois de ser eleito presidente, ele
concedeu entrevista coletiva para falar sobre os passos seguintes à
queda para a Série B, consumada com a derrota por 2 a 0 para o Santos, no último domingo.
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O presidente afirmou que o técnico Vagner Mancini e o diretor Wilson Gottardo ainda não têm o futuro definido (confira a resposta completa no vídeo acima). Mas deixou claro que o planejamento do futebol para a próxima temporada já foi iniciado.
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Sobre Mancini e Gottardo, ainda vamos aguardar o fim do Campeonato
Brasileiro. A partir de hoje os diretores do departamento de futebol vai
sentar com os dois e avaliar o trabalho, além de entender o que foi
feito e observar pontos negativos e positivos. Mas é importante frisar
que o ano de 2015 para o Botafogo começou hoje.
Carlos Eduardo, presidente do Bota, concedeu sua primeira entrevista coletiva no cargo (Foto: Sofia Miranda)
Confira a íntegra da entrevista do presidente Carlos Eduardo Pereira:
Erros
Houve
distanciamento, perda de comando e ocupação de espaços com pessoas
apadrinhadas do ex-presidente. Com isso foi criada uma estrutura
paralela de amigos e não se conseguiu manter o modelo profissional
funcionado. A chegada do Eduardo Hungaro, um profissional sem
experiência, e todo esse conjunto de fatores foram coroados com a
incapacidade de quitar salários.
Sinais da crise
Desde
2011 o clube dava sinais preocupantes. Internamente, nós do Conselho
Deliberativo observávamos que os orçamentos eram deficitários. Não há
como sobreviver a isso. Ou você corta a despesa ou aumenta a receita,
mas os gestores encontraram a saída adiantando receitas. Era um cenário
praticamente previsível para quem estava no Conselho. Nós alertamos, mas
infelizmente o Conselho teve uma visão política das
contas, e chegamos a essa situação.
contas, e chegamos a essa situação.
Fizemos
uma análise da legislação e vimos que é possível pagar dentro de um
prazo de 30 dias depois do vencimento. Em paralelo, temos quantias
bloqueadas. São cerca de R$ 15 milhões, tendo que pagar R$ 6 milhões ou
R$ 7 milhões. Estamos em contato com a Fazenda para conseguir alguma
compensação usando esses valores para conseguir quitar os débitos até o
fim do ano. O Botafogo não quer sacar esse dinheiro. Nossa ideia é que
ele permaneça na Fazenda para pagar as parcelas do Refis e da Timemania.
Assim poderemos começar 2015 em outro patamar. (Confira a resposta sobre as dívidas do Botafogo no vídeo acima)
Estivemos
com o prefeito na última sexta-feira e ele nos posicionou que as
empresas prometeram inicialmente entregar o estádio em novembro, mas
adiaram para março. Mas ele prometeu que vai se esforçar para que
tenhamos o Engenhão em janeiro. Com isso teremos condições de alavancar o
projeto sócio-torcedor. O estádio tem potencial para gerar outras
receitas, mas precisamos tê-lo efetivamente de volta. Queremos negociar
os naming rights, algo que até agora não se conseguiu.
Patrocínio
A
intenção é renovar com a Guaraviton, que já manifestou interesse. Vamos
abrir esse diálogo a partir de agora e esperamos um bom resultado.
Nosso departamento de marketing está buscando alternativas, caso não
seja possível, mas parece que é a prioridade da empresa também. Em
relação ao contrato para o material esportivo, já tivemos contatos com
um fornecedor importante, com quem teremos uma reunião na sexta. Amanhã
vamos receber outra marca interessada.
Impacto do rebaixamento na captação de receitas
Pelo
que sentimos no primeiro momento, não teremos maiores impactos. As
pessoas têm a devida noção que o Botafogo é uma marca forte, com mais de
5 milhões de torcedores no Brasil e abrangência internacional. Não
sentimos qualquer restrição. Claro que se não conseguirmos voltar à
Primeira Divisão, fica mais complicado por causa da redução de cotas de
televisão. Para 2015 não vi redução, mas nos obriga a retornar à Série A
no fim do ano.
A
questão de custo é bastante relativa. O que você precisa é de um elenco
que te entregue um produto final de boa qualidade. E não
necessariamente o caro entrega o melhor. Tem que ter qualidade,
experiência e buscar no mercado os nomes certos. A expectativa é de um
plantel competitivo e de custo adequado. Por isso, a sinalização de
chamar de volta os quatro jogadores demitidos foi mostrar ao mercado que
as práticas da nova diretoria são diferentes. Teremos uma reunião hoje à
tarde para anunciar os vices, a diretoria completa. Depois pensaremos
nos convites. Hoje já começou o trabalho de avaliação do plantel.
Corte de custos e funcionários
Hoje
vamos nos reunir com os demais vices para saber exatamente a
expectativa de redução. É fundamental que isso seja feito. Para não
sermos injustos com ninguém, vamos fazer uma análise criteriosa.
Real situação do Botafogo
É
pior do que eu imaginava. Nós estávamos acreditando que se tivéssemos
mais alternativas na área trabalhista, teríamos um caminho pavimentado.
Mas vamos ter que começar do zero. Caminho é bem longo para trilhar. A
situação do clube é muito complicada, e é importante que os
sócios-torcedores e os torcedores tenham isso em mente.
Botafogo como reflexo dos problemas do futebol carioca?
Não
vejo a situação do Botafogo como um problema do futebol carioca. Vejo
como um problema interno, gerencial. O Botafogo tinha meios para não
estar nessa situação. Vamos ter que resolver de forma institucional.
Estrutura de trabalho
Há
a vontade de reativar o campo de General Severiano, que tem estrutura,
mas teve um erro infeliz em relação à destruição do campo de grama.
Vamos compatibilizar o Caio Martins com outra alternativa para a base
emergencial. A expectativa é que em 2016 nós consigamos dar início à
obra do CT integrado das categorias. Vai depender da captação de
recursos.
O custo Seedorf
Acho
que a vinda do Seedorf foi capenga, porque trouxe o atleta, mas com
todos os custos ao clube. Tem que ter um projeto de marketing
acompanhando, patrocinadores e eventos que produzam receita para o
clube. Houve um ganho de imagem, mas se tratando de uma instituição em
crise econômica, foi tudo muito caro em relação ao trabalho que foi
feito.
Hoje
o Botafogo tem uma imagem muito desgastada. Como eu disse aos
representantes da Fazenda, você não recupera uma imagem com palavras,
mas com atitudes. É um grande desafio que temos. Confio muito na torcida
do Botafogo, na capacidade de mobilização, de participação. Nosso
programa de sócio-torcedor será feito com transparência, vamos deixar
claro que toda a contribuição será para a montagem e manutenção do
plantel. Isso vai atrair mais pessoas. Mas tudo isso tem que ser sempre
ligado a um projeto com o Engenhão. (Veja o recado que Carlos Eduardo mandou aos torcedores no vídeo acima)
*Estagiária, sob supervisão de Gustavo Rotstein.