"Começar do zero": Jefferson pede paciência e planeja seu 2015
Em
entrevista, capitão não confirma permanência na próxima temporada e
afirma: "Quem vier para o Botafogo, tem que ter paciência". Copa América
o deixa animado.
Apesar da temporada desastrosa do Botafogo, Jefferson
conseguiu terminar o ano com a idolatria intacta e, de quebra, foi
eleito o melhor goleiro do Campeonato Brasileiro. A grande preocupação
dos alvinegros é se o camisa 1 vai permanecer em 2015 e defender o clube
na Série B. O contrato vai até o fim do próximo ano, mas as pendências
financeiras e o panorama pouco otimista podem atrapalhar.
Jefferson tem contrato com o Botafogo até dezembro de 2015 (Foto: Vitor Silva / SSpress)
Jefferson acredita que o momento é de reformulação e paciência, tanto da torcida quanto dos jogadores. Os que permanecerem e os que forem contratados.
- Não vai ser da noite para o dia que vai se reestruturar. A pendência com os jogadores é grande. Entraram pessoas competentes. Acho que as coisas podem melhorar, jogadores serem contratados... Sabemos que são 19 atletas que encerram o contrato. Vamos dizer que se permanecerem dez no total, são dois ou três apenas que estão jogando. Muito pouco. Vai ter que começar do zero. Quem vier para o Botafogo, tem que ter paciência. No começo vai ser difícil.
Se no Bota o ano foi de desgaste, o semblante do goleiro muda quando o assunto é seleção brasileira, apesar da frustração da campanha na Copa do Mundo não ter rendido o hexa. Após o Mundial, Jefferson assumiu a camisa 1, defendeu pênalti cobrado por Messi. Em 2015, ele espera ir bem na Copa América, provavelmente sua primeira competição como titular.
Goleiro foi eleito o melhor do Brasileiro (Foto: Vitor Silva / SSpress)
-
Quando entrei contra a Argentina, jamais pensei que ia defender um
pênalti cobrado pelo Messi, mas claro que entro preparado para isso.
Conquistar esse título seria importante, da forma que for, mas claro que
todo jogador tem esse pinguinho de desejo de fazer história.
Confira a entrevista com o ídolo alvinegro:
GloboEsporte.com: A temporada 2014 para você teve Libertadores, Copa do Mundo, rebaixamento, conquista da posto de titular da Seleção... Foi o ano mais agitado da sua carreira?
Jefferson: Foi um ano de perseverança, de conquistas individuais. Começamos o ano disputando a Libertadores, achamos que seria uma temporada impecável, que para mim teria ainda a Copa do Mundo. Infelizmente para o Botafogo as coisas não saíram como imaginamos. Eu, particularmente, graças a Deus mantive um foco muito grande. Lutar contra o rebaixamento no clube e ter que pegar essa oportunidade na Seleção... São poucos que têm equilíbrio, e felizmente eu consegui ter. Se não tivesse essa perseverança, esse ano poderia ter sido de desvalorização, mas, pelo contrário, amadureci muito e cresci como profissional.
A equipe passou pela primeira reformulação no início do ano, com as saídas de peças importantes, como Seedorf e Rafael Marques, e não foi bem na Libertadores. Aquela derrota para o Unión Española no Maracanã foi o início dos problemas do Botafogo?
- É fácil a gente falar hoje... Talvez não tenhamos planejado bem o ano. Saíram peças fundamentais do ano passado e não vieram jogadores com o mesmo nível de padrão de jogo que nós tínhamos. Acho que aí começou a queda. Saímos da Libertadores, não classificamos para as finais do Carioca... Afeta a autoestima. De lá para cá as coisas foram só caindo.
Confira a entrevista com o ídolo alvinegro:
GloboEsporte.com: A temporada 2014 para você teve Libertadores, Copa do Mundo, rebaixamento, conquista da posto de titular da Seleção... Foi o ano mais agitado da sua carreira?
Jefferson: Foi um ano de perseverança, de conquistas individuais. Começamos o ano disputando a Libertadores, achamos que seria uma temporada impecável, que para mim teria ainda a Copa do Mundo. Infelizmente para o Botafogo as coisas não saíram como imaginamos. Eu, particularmente, graças a Deus mantive um foco muito grande. Lutar contra o rebaixamento no clube e ter que pegar essa oportunidade na Seleção... São poucos que têm equilíbrio, e felizmente eu consegui ter. Se não tivesse essa perseverança, esse ano poderia ter sido de desvalorização, mas, pelo contrário, amadureci muito e cresci como profissional.
A equipe passou pela primeira reformulação no início do ano, com as saídas de peças importantes, como Seedorf e Rafael Marques, e não foi bem na Libertadores. Aquela derrota para o Unión Española no Maracanã foi o início dos problemas do Botafogo?
- É fácil a gente falar hoje... Talvez não tenhamos planejado bem o ano. Saíram peças fundamentais do ano passado e não vieram jogadores com o mesmo nível de padrão de jogo que nós tínhamos. Acho que aí começou a queda. Saímos da Libertadores, não classificamos para as finais do Carioca... Afeta a autoestima. De lá para cá as coisas foram só caindo.
Jefferson espera uma grande reformulação do Botafogo em 2015 (Foto: Vitor Silva / SSpress)
Depois, o time entrou de férias, mas você foi para a Copa do Mundo. Logo que o Mundial terminou, você disse que tinha voltado muito diferente. Agora, algum tempo depois, já sabe melhor o que realmente mudou?
- Claro que seleção brasileira, Copa do Mundo... é outro patamar profissional, de tudo. Não tem como comparar. Poucas estruturas podem ser comparadas com a da Seleção. Lá o jogador só joga, tem todo o respaldo extracampo para tudo, não se preocupa com nada. O profissionalismo, o ambiente... é tudo muito favorável. O que faltou foi só o título, não podemos reclamar de nada. Você sair daquele ambiente e vir para o ambiente que o Botafogo estava passando foi difícil, desgastante. Mudança radical. Tudo. Estrutura, problemas de salário... enfim. Só que consegui manter minha concentração e coroei esse fim de ano com a escolha do melhor goleiro do Campeonato Brasileiro.
E a derrota por 7 a 1 para a Alemanha? O que dizer?
- A gente nem teve muita reação. Não foi aquele jogo em que você leva um gol, depois dez minutos depois leva outro e depois de mais dez outro. Foi um atrás do outro. Se tem um espaço, pode ter uma reação. Mas em dez, 15 minutos já estava 3 a 0, 4 a 0. Foi quando caímos em si. Do banco a gente via os caras saindo a bola e logo depois levava o gol. No segundo tempo que fomos jogar, tentar jogar pela honra.
Lembra como foi a conversa no vestiário no intervalo?
- Todos já estavam de cabeça baixa, porque já estávamos perdendo por 5 a 0. Não tinha como, a gente sabia que não ia virar o jogo, mas poderíamos sair de cabeça erguida. Tanto que tivemos algumas chances no início do segundo tempo. Se fizéssemos um ou dois gols, poderia ser outro jogo.
Depois da chegada do Dunga, no entanto, você voltou para a Seleção como titular e conseguiu até defender pênalti cobrando pelo Messi...
- Sabia que esse seria um ano muito importante na minha carreira, por isso precisei me concentrar tanto. Foi uma dedicação enorme. Eu sabia que teria uma oportunidade na seleção brasileira, só não sabia se seria antes ou depois da Copa. Pude provar para muitas pessoas que cheguei realmente para conquistar essa vaga de titular e nestes últimos jogos deu para mostrar para todos, principalmente para o Dunga, que estou pronto para ser o titular.
Em 2015 tem Copa América, possivelmente sua primeira competição oficial como titular.
- Espero que seja a minha primeira competição oficial como titular. É gostoso jogar na seleção brasileira, disputar título, ser campeão, representar seu país. Quando se está na Seleção, a visibilidade e o reconhecimento são outros. O carinho também. Hoje saio na rua e sou querido por torcedores de outros clubes. Todos hoje veem o Jefferson não só como goleiro do Botafogo, mas da seleção brasileira também. Tenho muito respeito por todas equipes e demonstro isso. Os jogadores sempre falam bem, e isso é importante na profissão.
Qual seria o desfecho dos sonhos? Título contra a Argentina na disputa de pênaltis com você defendendo mais uma cobrança do Messi?
- Não dá nem para esperar isso (risos). Quando entrei contra a Argentina, jamais pensei que ia defender um pênalti cobrando pelo Messi. Claro que entro preparado para isso. Conquistar esse título seria importante, da forma que for, mas claro que todo jogador tem esse pinguinho de desejo de fazer história. Espero conseguir defender mais pênaltis.
Nesta reta final do Brasileiro, depois que voltou da Seleção, o clube já estava sem Emerson, Bolívar, Edilson e Julio Cesar, quatro dos mais experientes. Se sentiu "sozinho" ou com a necessidade de se expor mais?
- Quando os mais experientes foram saindo, automaticamente o grupo foi perdendo identidade, força... Chegou um momento que eu tive que esquecer as coisas de fora do campo. Muitos atletas estavam precisando de incentivo, força. Até eu, pelo ano do Botafogo, precisava de uma concentração fora do normal para continuar sendo valorizado, continuar buscando meus objetivos. Se eu ficasse olhando em volta, talvez nem estivesse na seleção brasileira.
O que é preciso mudar no Botafogo para você permanecer e cumprir seu contrato?
- Hoje, sabemos que o problema do Botafogo é financeiro e não vai ser da noite para o dia que vai se reestruturar, se levantar novamente. A pendência com os jogadores é grande. A partir do momento que começar a desafogar, o clube vai começar a se organizar. Entraram pessoas competentes. Acho que as coisas podem melhorar, jogadores serem contratados... Sabemos que são 19 atletas que encerram o contrato. Vamos dizer que se permanecerem dez jogador no total, são dois ou três que estão jogando. Muito pouco. Vai ter que começar do zero. Quem vier para o Botafogo, tem que ter paciência. No começo vai ser difícil.