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Após muitas negociações, Botafogo retorna ao Ato Trabalhista

Boa notícia foi dada pelo presidente Carlos Eduardo Pereira em reunião do Conselho Deliberativo, na noite desta quarta-feira, em General Severiano


Luiz Gustavo Moreira e Roberto Veloso Rio de Janeiro (RJ)
Carlos Eduardo Pereira (Foto: Wagner Meier/ LANCE!Press)


Depois de um longo período de ausência, o Botafogo, enfim, voltou ao Ato Trabalhista e terá suas receitas desbloqueadas. A boa nova foi noticiada pelo próprio presidente Carlos Eduardo Pereira, na reunião de posse do novo Conselho Deliberativo, na noite desta quarta-feira, em General Severiano. A saída do acordo foi tida por muitos como o principal motivo para a crise instaurada no clube.


A juíza centralizadora do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) aprovou, por e-mail, a proposta apresentada pelo Botafogo e encaminhou ao presidente do Tribunal, que deverá assinar o pedido na quinta. Assim que o Ministério Público anunciar o retorno, o Alvinegro terá as contas desbloqueadas em até 48 horas.



Na terça-feira, a diretoria do Glorioso se reuniu com a Contadoria do TRT e apresentou a proposta. Atualmente, o clube possui uma conta que tem aproximadamente R$ 15 milhões, mas está bloqueada. O desbloqueio deste dinheiro será fundamental para quitar uma dívida no valor de R$ 4 milhões com o Refis (Programa de Recuperação Fiscal) e deixar o dinheiro restante separado para futuros pagamentos.


Desde o início do mandato, essa era a prioridade de Carlos Eduardo. Agora, a diretoria terá condições de assinar cheques e contratar reforços para 2015, algo que não podia ser feito com 100% das receitas bloqueadas.


O Ato Trabalhista é um acordo com o TRT para destinar, mensalmente, uma parte da verba arrecadada pelo clube para pagar dívidas trabalhistas. Neste ano, o tribunal tirou o benefício do Botafogo após acusar o ex-presidente Mauricio Assumpção de sonegação e ocultação de receitas, algo admitido pelo próprio em entrevistas. Por isso, o TRT negou todos os pedidos da antiga diretoria de retorno.


TIMEMANIA FOI PRIMEIRO PASSO


Na semana passada, o Alvinegro quitou uma dívida de R$ 1,350 milhão com a Timemania, referente a oito parcelas que estavam em atraso com o programa. Era o último dia para realizar o pagamento.


A quitação era fundamental para que o clube fosse mantido no Refis, um programa de financiamento de dívidas.

Presidente do Botafogo lamenta saídas de jogadores via Justiça: 'Eles querem dinheiro'

Carlos Eduardo Pereira falou que Daniel e Gabriel querem mais do que as boas intenções demonstradas pela nova diretoria do clube


Luiz Gustavo Moreira - Rio de Janeiro (RJ)
Botafogo x Santos - Daniel (Foto: Wagner Meier/ LANCE!Press)


Sem dinheiro para regularização o atraso salarial do elenco, o Botafogo já viu duas promessas saírem de graça, via Justiça, nessa semana. Apesar do diálogo e das boas intenções mostradas pela nova diretoria do clube, o presidente Carlos Eduardo Pereira sabe que Daniel e Gabriel querem mais do que isso. Eles querem dinheiro na conta.


- O que os atletas querem ouvir são propostas concretas. Boas intenções nós temos e eles sabem disso. Mas não querem ouvir isso agora. Infelizmente querem além de boas ações. Querem dinheiro. Com receitas bloqueadas, não temos condição disso. Senão vou fazer promessas vazias e que não poderei cumprir. É mais um preço que temos que pagar, mas faz parte. Regularizamos a Timemania e esperamos voltar ao Ato em breve. Com as receitas desbloqueadas, poderemos pagar alguma coisa - disse o presidente, após a apresentação do técnico Renê Simões.
Twitter; Luiz Penido @LuizPenidoGlobo 51 segHá 52 segundos
Juíza Controladora aprova volta do Botafogo ao Ato Trabalhista. Falta a assinatura do pres. do TRT para Fogão sair da lama

Presidente fala em ‘esforço sobre-humano’ para melhorar situação do Botafogo

Carlos Eduardo Pereira falou ao LANCE!Net sobre a tentativa de retorno ao Ato Trabalhista

2014120197145.jpg GMB1VI8MA.1 Presidente fala em esforço sobre humano para melhorar situação do Botafogo

O início do mandato de Carlos Eduardo Pereira no Botafogo tem sido prejudicado pela ausência total de receitas, que estão 100% bloqueadas pela Justiça do Trabalho. Porém, aos poucos, o presidente alvinegro e a diretoria do clube vão avançando para tirar o Glorioso da asfixia financeira. Na terça-feira, uma reunião com a Contadoria do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) deixou a diretoria otimista com o retorno ao Ato. E o presidente Carlos Eduardo Pereira falou do ‘esforço sobre-humano’ feito pelos novos comandantes do clube para melhorar a situação.

– Estamos muito otimistas com o retorno ao Ato Trabalhista. Apresentamos uma proposta muito consistente ao Tribunal. Estamos fazendo um esforço sobre-humano para realizar isso. Quando acertarmos, vamos ter um pouco mais de tranquilidade – disse o presidente Carlos Eduardo Pereira ao LANCE!Net.

O mandatário preferiu não revelar os valores propostos pelo clube para o pagamento parcelado do Ato:

– Até que a proposta seja aceita ou não, prefiro não falar em valores.

A proposta apresentada pelo Glorioso será levada até a juíza centralizadora. Ela decidirá se encaminhará ou não para o presidente do Tribunal. Agora, o Alvinegro torce para que o presidente analise a situação antes do recesso para o Natal e Ano Novo (que começará no fim de semana), para agilizar o planejamento de orçamento para o próximo ano.
– Estamos muito empenhados nisso, buscando o retorno ao Ato para melhorar a situação financeira do Botafogo – disse o presidente.

Se o presidente do Tribunal concordar com o retorno ao Ato, o clube deverá aguardar até 48h para ter acesso ao dinheiro que está bloqueado. Atualmente, o clube possui uma conta que tem aproximadamente R$ 15 milhões, mas está bloqueada. O clube tenta o desbloqueio deste dinheiro para quitar uma dívida no valor de R$ 4 milhões com o Refis (Programa de Recuperação Fiscal) e deixar o dinheiro restante separado para futuros pagamentos.

Caso não consiga pagar o Refis, o Botafogo terá que desembolsar valores mais altos em 2015. Se o Ato não sair até o dia 30, prazo para quitar a dívida com o Refis, o Botafogo deverá contar com o aporte financeiro de torcedores milionários.




Fonte: Lancenet

Bastidores FC


por Martín Fernandez

Cartolas derrotam o Bom Senso FC na Câmara dos Deputados

A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira o projeto de lei da Responsabilidade Fiscal do Esporte. O texto agora segue para o Senado e, se aprovado, vai para a presidente Dilma Rousseff - que pode (ou não) transformá-lo em lei. O texto que passou pela Câmara é uma vitória dos dirigentes de clubes e da CBF - e uma derrota do Bom Senso FC.


Do jeito como foi aprovado, o projeto prevê o parcelamento das dívidas fiscais dos clubes em até 240 meses, mas sem contrapartidas dos clubes ou a responsabilização de seus dirigentes. No início de 2015 a guerra vai recomeçar, mas agora no Senado.

O projeto estava no meio de uma Medida Provisória com 43 assuntos diferentes. O tema divide o Governo Federal: o Ministério do Esporte é a favor do que foi aprovado (com a ressalva de que defende punições para quem não cumprir os pagamentos), a Casa Civil e a presidente Dilma Rousseff deram sinais no sentido contrário.

Dívidas dos clubes: renegociação sem contrapartidas passa pela Câmara

Parlamentares aprovam Medida Provisória em que o deputado Jovair Arantes, vice-presidente do Atlético-GO, incluiu refinanciamento sem o "fair play" financeiro

Por Brasília
Jovair Arantes deputado federal vice-presidente do Atlético-GO (Foto: Lúcio Bernardo Jr / Câmara dos Deputados)Jovair Arantes que renegociação com urgência (Foto: Lúcio Bernardo Jr / Câmara dos Deputados)

A tentativa do deputado Jovair Arantes (PTB-GO) de acelerar a aprovação da renegociação das dívidas dos clubes no Congresso Nacional sem contrapartidas segue firme. Na madrugada desta quarta-feira, o plenário da Câmara dos Deputados aprovou o texto da Medida Provisória 656, que estabelece normas de isenção tributária e regulamenta medidas para estimular o crédito imobiliário. Foi nesta MP que Jovair, vice-presidente do Atlético-GO, conseguiu incluir um artigo que trata do refinanciamento dos débito sem o chamado "fair play" financeiro.
A MP 656 segue agora para votação no Senado Federal, onde ainda há a possibilidade de o artigo da renegociação das dívidas clubes ser retirado do texto. Mesmo que também seja aprovado pelos senadores, a proposta ainda dependeria da sanção da presidente Dilma Rousseff para virar lei.

 A iniciativa do deputado Jovair Arantes de incluir o refinanciamento em uma Medida Provisória recebeu muitas críticas, principalmente por parte do movimento Bom Senso. A renegociação das dívidas dos clubes vem sendo discutida no Congresso Nacional desde novembro de 2013, quando foi apresentado o Projeto de Lei 5201/13, batizado de Proforte (Programa de Fortalecimento dos Esportes Olímpicos). Após meses de debates em uma comissão especial na Câmara dos Deputados, presidida pelo próprio deputado Jovair Arantes, o projeto ganhou um substitutivo (Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte - LRFE), que, entre outras coisas, prevê a aplicação do "fair play" financeiro como condição para que os clubes possam renegociar seus débitos.

Plenário Câmara dos Deputados (Foto: Luis Macedo / Câmara dos Deputados)
Plenário Câmara dos Deputados aprovou MP na madrugada desta quarta (Foto: Luis Macedo / Câmara dos Deputados)


As contrapartidas, como rebaixamento de clubes que não apresentarem Certidões Negativas de Débitos (CNDs), têm o intuito de impedir que os clubes voltem a contrair as mesmas dívidas. Detalhes do texto, que aguarda desde maio votação no plenário da Câmara, seguem sendo discutidos constantemente em reuniões entre parlamentares, representantes dos clubes, do movimento Bom Senso e do governo federal. Esses debates, somados à agenda cheia do Congresso Nacional, têm atrasado a apreciação do projeto, que deve ficar para 2015.

Segundo o deputado Jovair, a inclusão em uma Medida Provisória foi justamente a tentativa de acelerar a votação do tema, considerado urgente pelo parlamentar, que chegou a ser cotado para assumir a presidência do Atlético-GO em 2015.

Vice nega falta de diálogo com Daniel e Gabriel e entrega caso ao jurídico

Mantuano diz que diretoria pediu voto de confiança aos jogadores nos dois últimos dias de treinamento. Meia e volante entraram na Justiça e pediram rescisão

Por Rio de Janeiro
gabriel daniel botafogo (Foto: Gustavo Rotstein)Gabriel e Daniel entraram na Justiça contra o Botafogo cobrando salários atrasados e FGTS (Foto: Gustavo Rotstein)

As duas últimas baixas do Botafogo para a temporada de 2015, Daniel e Gabriel foram assunto na apresentação do novo técnico René Simões. Após o meia e o volante terem entrado na Justiça para pedir rescisão de contrato com o Alvinegro, por causa dos atrasos salariais e de FGTS, o presidente Carlos Eduardo Pereira se mostrou um pouco frustrado com a situação, afirmando que eles poderiam ter conversado com o clube. Durante entrevista coletiva nesta quarta-feira, o vice de futebol Antonio Carlos Mantuano disse que a diretoria estabeleceu contato com o grupo e pediu um voto de confiança ao elenco nos dois últimos dias de treinamento.

- O Botafogo manteve diálogo com os jogadores. A diretoria esteve presente, sim, o que não acontecia com a diretoria anterior. Transmitimos, nos dois últimos dias de treinamento, que gostaríamos de ter um voto de confiança e de credibilidade. Quanto à situação de eles terem entrado na Justiça, nosso departamento jurídico está tomando as providências - disse o vice de futebol.


René Simões mostrou-se preocupado com a perda da dupla. O treinador ressaltou o fato de os dois terem passado pela base do Botafogo e chegou a falar em uma possível manutenção dos jogadores para a temporada, caso o clube consiga aparar algumas arestas.

- Fico preocupado, claro. São dois ótimos jogadores, e eu gostaria de tê-los no elenco. São formados aqui, têm a segunda pele botafoguense. Se houver uma possibilidade, se o Botafogo puder reverter isso para tê-los conosco, seria muito bom. Que eles possam repensar e que continuem aqui. Assim, podemos ter um ano fantástico com eles, ajudaria muito - afirmou René.

Os casos, porém, não são simples, e é difícil que a situação seja revertida. Os problemas financeiros são graves, e o presidente Carlos Eduardo já lamentou o fato de não poder cumprir com as obrigações do clube por causa do bloqueio total das receitas.

Enquanto o elenco passa por uma reformulação para a disputa da Série B, René diz já ter feito a lista dos jogadores que pensa em ter no grupo em 2015.

- Conversamos e estamos bem encaminhados. Já temos a relação dos jogadores que queremos. Vamos ver o que será possível. Não sabemos o que vamos conseguir, mas temos que nos basear em muito foco. Foco, foco, foco. Trabalho duro - finalizou.

Por que caiu? Caiu por quê? Dossiê Botafogo III: surrealismo e descontrole

Orçamento que contava com premiação de todos os torneios do ano, aumentos para  a "turma da praia", adeus de Seedorf e fiasco na Libertadores: a queda se desenha

Por - Rio de Janeiro
Header BOTAFOGO - Por que caiu? Caiu por quê? (Foto: Infoesporte)



A terceira reportagem da série começa no fim de 2013, quando a falta de planejamento do Botafogo transbordou. O Departamento de Futebol resolveu ignorar solenemente os pedidos de contenção de despesas do financeiro. Em vez de cortar custos, o futebol resolveu aumentá-las e produziu um orçamento surrealista. Em janeiro, os salários já estavam em atraso e a volta do clube à Libertadores virou um pesadelo.

       CAPÍTULO I

       CAPÍTULO II

      CAPÍTULO III
Dossiê Botafogo Libertadores (Foto: Editoria de Arte)Dossiê Botafogo

      CAPÍTULO IV
Dossiê Botafogo Gabriel  PB (Foto: Editoria de Arte)No ar: 18/12



1 - O orçamento surreal
Apesar do caos financeiro, a vitória no estadual e a vaga na Libertadores deram argumentos para que o departamento de futebol vendesse sucesso. O Botafogo, afinal, tinha voltado à Libertadores depois de 18 anos. Em vez de assumir os erros, Sidnei e Chico resolveram dobrar a aposta e produziram um orçamento que beirava o inacreditável. Previram premiações para todos os títulos do ano: estadual, Copa do Brasil, Brasileiro, Libertadores e Mundial.
– Fui no Corinthians pegar o orçamento deles do time campeão do mundo. Os caras conseguiram fazer um orçamento maior que aquele – comentou um dirigente.
Em e-mail enviado a vários diretores, o diretor executivo Sérgio Landau reclamou que o orçamento enviado pelo futebol previa gastos mensais de R$ 11,7 milhões. Só em salários e direitos de imagem, a previsão mensal era de R$ 7 milhões. O departamento financeiro tinha informado ao departamento de futebol e ao presidente, em outubro, que o clube estava quebrado e com aquele orçamento seria bem pior. As despesas do futebol precisariam ser reduzidas para R$ 3,7 milhões. Foi ignorado.
– O presidente de fato do primeiro mandato foi o Landau. No segundo, Sidnei fez a cabeça do Maurício para assumir de fato e esvaziar o Landau. O futebol não respondia a mais ninguém.
O Conselho Fiscal rejeitou o orçamento surrealista e exigiu um novo. Landau avisou que, mesmo se os gastos ficassem em R$ 3,7 milhões, o clube precisaria captar R$ 40 milhões no mercado. Anotou ainda que as despesas do futebol no último trimestre de 2013 tinham ficado numa média de R$ 5 milhões.
Botafogo orçamento clube (Foto: Vicente Seda)

Orçamento do Botafogo previa premiação para todos os campeonatos da temporada (Foto: Vicente Seda)


2 - Reajustes 
O Departamento de Futebol não apenas ignorou a recomendação de corte de custos, como resolveu aumentá-los. Entre dezembro e janeiro, um festival de aumentos trouxe alegria para antigos e novos membros da comissão técnica. Em dois casos, funcionários criaram empresas e passaram a ganhar via CLT e como prestadores de serviço, situação que o departamento jurídico alertou que era ilegal.

Isso gerou um desconforto em Landau, que havia criado um comitê de gestão responsável por normatizar as alterações salariais. Como o presidente autorizava tudo o que o futebol fazia, Landau acabou com todos os comitês. Irritado com o Futebol e adoentado, o vice financeiro, Carlos Alberto Calumby, também pediu exoneração. Chico Fonseca assumiu também a vice-presidência financeira.
Sérgio Landau, diretor executivo do Botafogo (Foto: Satiro Sodré / AGIF)

Sérgio Landau em coletiva: fim dos três comitês após reajustes (Foto: Satiro Sodré / AGIF)


3 – "Gente de cinza" 
Nada menos que 18 profissionais foram demitidos entre 2013 e 2014. Em janeiro, o departamento médico foi demitido, junto com o fisioterapeuta Altamiro Bottino, o fisioterapeuta Alex Evangelista e o analista de desempenho Marcelo Xavier. Os ex-técnicos dos juniores Anthoni Santoro e Jair Ventura também entraram na barca. Criou-se uma flagrante divisão entre “o pessoal da base” e os profissionais restantes na comissão técnica – como o preparador de goleiros Flavio Tenius, que havia resistido por conta de sua ligação com Jefferson.
– Eles chegaram da base com marra achando que sabiam tudo porque ganharam um campeonato de juniores. E não sabiam nada. Não sabiam que profissional é diferente – disse um membro da comissão técnica.
Ainda em janeiro, Loureiro promoveu uma série de contratações. A comissão passou a ter três auxiliares-técnicos: Eduardo Barroca e Flávio Oliveira e um dos fiéis escudeiros de Loureiro, o preparador de goleiros Christiano Fonseca. Outros homens de confiança de Loureiro, Marcos Pinheiro (o Mineiro) e Cláuber Antunes, também foram promovidos para o profissional. Apesar das demissões, a comissão técnica continuava inchada.

– Tinha mais gente de cinza (comissão) do que de azul (jogador) no campo – comentou um dirigente.

Jefferson e Flavio Tenius botafogo treino (Foto: Thales Soares / Globoesporte.com)

Flavio Tenius treina Jefferson: preparador resistiu por ligação com o goleiro (Foto: Thales Soares / Globoesporte.com)

4 – Praia rica
A rubrica "Pessoas Jurídicas" do orçamento de futebol traz uma noção da quantidade de aumentos ocorridos entre dezembro de 2013 e janeiro de 2014.O clube gastou R$ 291.050 em dezembro com PJs do futebol. Apesar da recomendação de corte de custos, em janeiro esse número pulou para R$ 481.474 em janeiro. Em abril chegou a R$ 595.288.


Os aumentos da chamada "turma da praia" entre 2009 e 2014 chamaram atenção. Eduardo Hungaro, que chegara ao clube em 2009 ganhando R$ 2 mil, saltara para R$ 27 mil e em janeiro de 2014 passou a R$ 65 mil já como PJ (porque virou treinador - em sua defesa, diga-se que certamente era um dos salários mais baixos da série A). Christiano Fonseca pulara de R$ 2 mil para R$ 18 mil. Ele e Ney Souto passaram a ganhar via CLT e também via PJ. Mineiro pulou de R$ 1,5 mil e passou a ganhar R$ 6 mil como auxiliar de coordenação administrativa. Felipe Arantes começara com R$ 2 mil e em 2014 já ganhava R$ 9,5 mil no cargo de auxiliar-técnico. Seu irmão, Bernardo, tinha pulado de R$ 5 mil para R$ 21 mil.

Mas os aumentos não ficaram apenas para os praianos. O analista de desempenho Alfie Assis, que era responsável pelas apresentações em Power Point da base, entrou no clube em 2009, como estagiário, ganhando R$ 150. Em 2014, já como profissional, tinha vencimentos de R$ 5.914. Um aumento de mais de 3.000% em cinco anos num clube sem recursos.

Eduardo Hungaro Botafogo (Foto: Vitor Silva/SSPress)

Eduardo Hungaro comanda treino: do salário inicial de R$ 2 mil a R$ 65 mil em janeiro de 2014 (Foto: Vitor Silva/SSPress)


5 - Ilha da fantasia
A situação financeira do clube só piorava. O clube tinha dívidas imensas com os empresários Eduardo Uram e Carlos Leite. Devia também ao fundo do banco BMG e buscava empréstimos de toda sorte. O fluxo de caixa já era negativo e as penhoras tornavam a gestão praticamente impossível. O departamento financeiro fazia malabarismo para conseguir recursos e antecipações. Enquanto isso, o Futebol aumentava seus gastos. Em dezembro de 2013, a vice-presidência de futebol gastou R$ 4,9 milhões. Em janeiro, os gastos pularam para R$ 5,6 milhões. Em fevereiro chegaram a R$ 5,8 milhões.

Empresario carlos leite (Foto: Janir Júnior)

Carlos Leite em sua empresa: Botafogo acumula dívidas imensas com o empresário (Foto: Janir Júnior)

6 – Adeus de Rafael Marques e Seedorf
Se o time já se enfraquecera em 2013, o início de 2014 foi ainda pior. Seedorf parou de jogar e foi ser técnico do Milan. Sidnei Loureiro confidenciou ao repórter Thales Soares.
– Já sabíamos que o Seedorf ia parar. Por isso nos planejamos antes e trouxemos o Jorge Wagner.
Outro que saiu foi Rafael Marques. Antes criticado por Montenegro e Loureiro, ele tinha se tornado um dos principais jogadores do time em 2013. Foi autor do gol do título estadual. Acabou indo para a China.
– Eu não queria sair, mas todo mundo está saindo e eles não vão pagar ninguém – confidenciou Rafael a um amigo.
Além de Jorge Wagner, o clube foi atrás de reforços. Sem caixa e devendo a empresários, o clube aceitou ofertas como os gêmeos Alex e Anderson, encaixados por Eduardo Uram. E uma série de jogadores em baixa foram contratados. Chegaram os argentinos Ferreyra e Bolatti, Wallyson, Junior Cesar, Airton e Rodrigo Souto. Todos, sem exceção, estavam na reserva de seus times.
Seedorf botafogo despedida (Foto: Satiro Sodré / SSPress)

Seedorf se emociona na despedida do Botafogo: meia optou por virar técnico no Milan (Foto: Satiro Sodré / SSPress)

7 – O gigante voltou
A temporada começou com uma derrota. Com Rodrigo Souto como titular e Ferreyra no ataque, o time perdeu para o Deportivo Quito na altitude por 1 a 0. No jogo de volta, mais de 50 mil alvinegros encheram o Maracanã, fizeram um belíssimo mosaico e o time derrotou os fraquíssimos equatorianos por 4 a 0 – com dois gols de Wallyson.

O time se classificou para a fase de grupos – o que valeria a premiação de R$ 200 mil para o treinador Eduardo Hungaro. E estreou bem contra o San Lorenzo, vencendo o time argentino por 2 a 0 também no Maracanã. Mas a partir daí o time fraquejou. Fora de casa empatou com os  chilenos do Unión Española e perdeu no fim para o Independiente del Valle.

Depois de vitória suadíssima contra os equatorianos em casa, o time precisava apenas da vitória contra o Unión para garantir a vaga nas oitavas de final. Irritados com o atraso de salários e promessas não cumpridas, os jogadores ameaçaram entrar em greve antes da partida contra o Union Española, no Maracanã. O clube dominou mas acabou perdendo num pênalti mal assinalado. A classificação passou a depender de um empate contra o San Lorenzo na Argentina. Em Buenos Aires, o time foi atropelado por 3 a 0. 

Os dirigentes culparam a “postura dos atletas” pelas derrotas – mas sem recursos e com 100% das receitas penhoradas, que punições seriam possíveis?

torcida Botafogo mosaico Maracanã (Foto: Alexandre Cassiano / Agência O Globo)

Torcida do Botafogo faz mosaico gigante: alegria pela volta à Libertadores (Foto: Alexandre Cassiano / Agência O Globo)

8O pior estadual da história
A “turma da base” convenceu Hungaro a escalar o time reserva no estadual e priorizar a Libertadores – contra o conselho dos outros membros, como Barroca. Se time titular já era fraco, o reserva era péssimo. Sem talento nem organização, o Bota fez a pior campanha de sua história. Ficou em nono lugar com 17 pontos – atrás de Cabofriense, Boavista, Macaé, Friburguense e Nova Iguaçu. Em 15 jogos teve quatro vitórias, cinco empates e seis derrotas. Fez meros 16 gols e tomou 17 – saindo do Estadual com saldo negativo. Com o duplo fracasso, a pressão sobre Eduardo Húngaro se tornou insuportável.
João Carlos comemora, Botafogo x Macaé (Foto: Carlos Moraes/Agência Estado)

Botafogo perde para o Macaé no Carioca 2014: pior campanha da história (Foto: Carlos Moraes/Agência Estado)

9 – Corte seletivo
Em abril, a tensão no futebol era imensa. Os salários seguiam em atraso e os jogadores começavam a se desesperar. Pressionado por Landau e pelo financeiro, o departamento teve que cortar custos. Loureiro demitiu vários auxiliares que tinha contratado em janeiro, como Barroca e Flavio Oliveira. Para atingir Jefferson, dispensou Flavio Tenius, trazendo para seu lugar o ex-treinador do Fluminense e do Grêmio Victor Hugo, ligado a Christiano Fonseca.
Esses cortes, porém, não atingiram os homens próximos de Loureiro: o próprio Fonseca, Cláuber e Mineiro. Todos continuaram empregados. E Duda Hungaro, mesmo rebaixado, continuou ganhando o mesmo salário.

– Ele ganha R$ 65 mil pra carregar prancheta – dizia um membro da diretoria.
Eliminado do estadual e da Libertadores, o clube contratou Vagner Mancini para o Brasileiro. E trouxe dois auxiliares: Mauricinho e Régis. Com isso, Christiano Fonseca também foi rebaixado. Deixou de ser auxiliar técnico e virou novamente preparador de goleiros. Ou auxiliar de prepardor de goleiros, já que Victor Hugo tinha sido contratado para o cargo. Mas seu salário foi preservado.

San Lorenzo x Botafogo (Foto: Juani Roncoroni/Agência Estado)

Botafogo perde o San Lorenzo na Argentina e é eliminado da Libertadores (Foto: Juani Roncoroni/Agência Estado)

9 – O amistoso que não foi
Sem resultados no campo, Loureiro voltou suas baterias para os executivos do clube. Internamente, dizia aos jogadores que o financeiro prometia recursos que nunca chegavam. O diretor Marcelo Murad viajou para a Argentina para ver o time ser eliminado da Libertadores contra o San Lorenzo, e o clima ficou tenso, porque jogadores reclamaram de sua presença.

O clube acertou um amistoso por R$ 150 mil contra o Botafogo-PB. O dinheiro seria usado para pagar uma intertemporada em Saquarema, no CT da seleção de vôlei. Os jogadores informaram que não iriam jogar na Paraíba. Loureiro e Assumpção resolveram demitir Bolívar, considerado o líder da insurreição. Informaram ao empresário do atleta.
Bolívar, que ganhava R$ 100 mil mensais, tinha renovado por R$ 360 mil em dezembro de 2013, algo que havia assustado o departamento financeiro. Quatro meses depois seria demitido?
– Eles disseram que querem me mandar embora. Vamos ver se é isso mesmo – disse Bolívar.
Os jogadores se reuniram e convocaram uma reunião com o presidente e a diretoria no Engenhão.
– Se ele sair, sai todo mundo – disse um dos líderes do elenco.
Desmoralizados, os dirigentes engoliram em seco e tiveram que chamar o jogador de volta. Não havia dúvidas sobre quem mandava no vestiário.

Bolívar água Botafogo (Foto: Satiro Sodré / Botafogo)

Bolívar se refresca: demitido e chamado de volta após cancelamento de amistoso (Foto: Satiro Sodré / Botafogo)


10 – Landau x Loureiro
O clima entre Sidnei Loureiro e Sérgio Landau ficou insustentável. Nos bastidores, os dois se metralhavam mutuamente. Loureiro tinha escolhido a única briga que não podia ganhar. Landau era o executivo de confiança de Assumpção, com uma teia de relações que ia da CSM (ex-Golden Goal), operadora do sócio-torcedor do clube, até os donos das novas arenas do futebol brasileiro – em especial a Odebrecht, principal empresa do Consórcio Maracanã.

Sem moral com os jogadores e com o time em frangalhos, Loureiro percebeu que ficaria com a conta do fracasso. No meio de julho deixou o clube. E saiu atirando. Em entrevista gravada ao GloboEsporte.com, Loureiro disse que o Futebol tinha cumprido as metas pedidas pelo financeiro, tendo cortado 30% das folhas dos jogadores e da comissão técnica. E bateu firme no diretor executivo Sérgio Landau e no diretor financeiro Marcelo Murad.

– Eles prometiam, mas o dinheiro nunca chegava.

Landau ficou enlouquecido. No dia 25 de julho, mandou um e-mail desabonador para Assumpção cobrando providências e disse que iria processar Loureiro. Na mensagem, ele rebateu ponto a ponto as declarações do ex-gerente. Disse que, ao contrário de cortar, os gastos do futebol foram de R$ 6.052.000,00 em média no primeiro quadrimestre de 2014 - muito acima dos recomendados R$ 3,7 milhões e 64% acima do que fora aprovado pelos Conselhos Fiscal e Deliberativo do clube. Mais: disse que uma das causas do desvio orçamentário do departamento de futebol foi o aumento que Sidnei deu a si mesmo – de R$ 42 mil para R$ 65 mil entre 2013 e 2014.

Segundo Landau, o ex-gerente promovera uma “verdadeira sangria nos cofres alvinegros” ao conceder aumentos generalizados no departamento "contrariando o que determinava o departamento financeiro". O e-mail disse também que Sidnei não tinha “qualquer histórico de sucesso no futebol profissional” e que "reconhecidamente não tinha moral alguma com jogadores". E bateu forte:

"Embora fosse clara a falta de capacidade do ex-gerente para o exercício de função tão relevante para o Botafogo, jamais poderia esperar que a menos de um ano do término deste mandato, durante o momento mais crítico da atual gestão, ele simplesmente colocasse seu cargo à disposição, sob o argumento de estar fazendo isso em benefício do Botafogo, quando todos sabem que, na verdade, ele sempre teve sua presença e autoridade contestada pelos profissionais do futebol. Lembro que na comemoração do título de 2012 o nosso técnico citou o nome de vários colaboradoes e nunca o dele"

O diretor-executivo foi mais longe: afirmou ser contra o pagamento da multa rescisória de Loureiro.

Sidnei Loureiro Botafogo (Foto: Gustavo Rotstein)

Sidnei Loureiro, em entrevista ao GloboEsporte.com: fortes críticas após sair do Botafogo (Foto: Gustavo Rotstein)

11 – A sinuca de Assumpção
O e-mail de Landau deixou Assumpção em situação difícil. Ele não podia brigar com Landau, seu grande parceiro no clube. Mas também tinha lealdade a Loureiro. O presidente resolveu sair pela tangente. Deu entrevista para a Rádio Globo dizendo que tinha, sim, demitido Loureiro – o que garantiria o pagamento da multa rescisória. Fez elogios ao trabalho do ex-gerente, mas disse que não concordava com suas críticas ao financeiro.
Meses depois, em setembro, em entrevista ao Esporte Espetacular, Maurício Assumpção diria que o departamento de futebol tinha feito um orçamento realista para o ano. Sua declaração literal.
– Sabendo dos problemas que iríamos enfrentar por conta da questão do Ato Trabalhista e das penhoras fiscais, fizemos um orçamento do futebol melhor que o de 2013. Em novembro de 2013, o orçamento do futebol, que contempla base e profissional, era de R$ 6,8 milhões. Em março de 2014 caiu para R$ 3,6 milhões. E precisávamos de um time melhor do que tinha, pois estávamos disputando a Libertadores. Sabíamos que não podia fazer isso.
Esses números de Maurício tinham um problema: eram diferentes dos reais. O departamento de futebol gastou R$ 4,8 milhões em novembro de 2013. Em março de 2014 o gasto foi de R$ 5,6 milhões. Ou seja, R$ 800 mil a mais mesmo com as saídas de Oswaldo, Seedorf, Rafael Marques e Renato.
Maurício Assumpção presidente Botafogo (Foto: Satiro Sodré)

Maurício Assumpção: sinuca de bico após desentendimento entre Landau e Loureiro (Foto: Satiro Sodré)

12 – Gottardo
Sidnei Loureiro ficou um ano e quatro meses à frente do futebol profissional e pode botar no currículo o estadual de 2013 e a vaga na Libertadores de 2014. Para o seu lugar, Assumpção contratou Wilson Gottardo. O ex-zagueiro, capitão do time campeão brasileiro em 1995, chegou falando que os atletas tinham que esquecer os problemas financeiros.
– Em 1995, fui campeão com cinco meses de salários atrasados.
Os jogadores odiaram a declaração. Gottardo tentou convencer Jefferson a ser uma espécie de “líder positivo”, dizendo que deveria ser exemplo. Jefferson não gostou muito, mas disse que iria tentar.
Wilson Gottardo Botafogo (Foto: Vitor Silva / SSPress)

Wilson Gottardo volta ao Botafogo como dirigente: declaração pega mal com os jogadores (Foto: Vitor Silva / SSPress)

13 – O sumiço dos uniformes
Mais de mil peças de uniformes desapareceram do estoque do clube. Em um áudio que circulou pelo WhatsApp, um funcionário pedia a outro para esconder uma caixa.
– O André está indo aí conferir. Esconde aquela caixa que tem as minhas camisas por favor – dizia a voz na gravação.
André, no caso, era André Silva, que levou o caso até o presidente Maurício Assumpção. Ninguém foi punido. Contra o Criciúma, o time quis usar camisas pretas, mas no almoxarifado não havia mais nenhuma delas. Isso gerou um corre-corre interno, e dois dias antes da partida uma caixa com os uniformes pretos reapareceu. Os jogadores entraram em campo com eles, que teriam sido recuperados graças a contatos com "milicianos". Um dos funcionários que "recuperou" as roupas era justamente o dono da voz da gravação que circulou no clube.
– Se ficássemos aqui mais um ano, eu comprava um apartamento – ele costumava dizer aos amigos.
Rodrigo Souza Criciúma x Botafogo (Foto: Getty Imagens)

Botafogo quase não consegue usar camisa preta contra o Criciúma após sumiço (Foto: Getty Imagens)

14 – O breve apoio dos cardeais
Em julho, o futebol tinha virado um deserto de dirigentes. Com a saída de Sidnei Loureiro, Chico Fonseca desapareceu. Quem passou a tocar o dia a dia foi o vice administrativo, André Silva, ao lado do recém-contratado Gottardo – que ainda tentava encontrar algum clima.
Os cofres alvinegros estavam vazios e não havia perspectiva de receita. Os atrasos já chegavam a cinco meses em imagem e três na CLT – sem falar no FGTS. O clube tentava estratégias, como recorrer ao apoio do Sindicato de Atletas. Mas este tem as suas regras próprias de pagamento. Ao receber, priorizava atletas de acordo com o salário, de cima para baixo. Isso deixou Lucas fora de um dos pagamentos – e o lateral-direito, irritado, deixou o clube via justiça.
André Silva pediu ajuda a Montenegro e ao executivo Durcésio Mello, que se preparava para se candidatar à presidência. Ambos trouxeram a promessa de pagar os salários futuros. Houve uma reunião dos cardeais com os atletas, e a promessa alegrou o ambiente. O clube engatou alguns bons resultados e se afastou do Z-4. Mas os cardeais pagaram apenas o mês de julho. Em agosto, o dinheiro já não entrou. E o clima começou a azedar de vez.
Lucas Botafogo e Lucas Silva Cruzeiro Série A (Foto: Agência Getty Images)

Lucas, em ação contra o Cruzeiro: lateral deixou o Botafogo após acionar Justça por salários (Foto: Agência Getty Images)

AMANHÃ: DOSSIÊ BOTAFOGO IV - Descontrole, demissões e rebaixamento

Vontade de Loco Abreu sensibiliza o Bota, mas uruguaio não é a prioridade

Vice de futebol afirma que no momento certo a diretoria vai discutir possível retorno do uruguaio. Primeiro, clube tenta liberar verbas na justiça

Por Rio de Janeiro
Loco abreu botafogo gol bangu semifinal taça rio (Foto: Fábio Castro / Agif)Loco Abreu não esconde seu desejo de retornar ao Botafogo, mas clube não trata volta como prioridade (Foto: Fábio Castro / Agif)

O uruguaio Loco Abreu, ídolo da torcida do Botafogo, não esconde que tem o desejo de retornar ao clube sem muitas exigências para participar da tentativa de reconstrução do time e de voltar para a Primeira Divisão. O empenho do atacante, de 38 anos, sensibilizou muitos alvinegros e também parte da diretoria. O assunto, no entanto, ainda não é tratado como uma prioridade.

Enquanto o técnico René Simões entregou uma lista de possíveis reforços para o departamento de futebol, o presidente Carlos Eduardo Pereira tenta de todas as maneiras evitar que a totalidade das receitas do clube continue penhorada. Sem dinheiro, não há como sair ao mercado para contratar.

- O Botafogo ficou sensibilizado pela determinação que ele está dizendo que quer voltar. No momento certo, vamos definir o que será feito - afirmou o vice de futebol Antonio Carlos Mantuano nesta quarta-feira.

Loco Abreu defendeu o Rosario Central nesta temporada, mas não parece disposto a permanecer na Argentina. Ele ainda tem contrato com Nacional, mas não está nos planos do time uruguaio para 2015.

René é apresentado e se diz pronto para o desafio de tirar o Bota da "UTI"

No dia em que completa 62 anos, novo técnico alvinegro considera a missão de tirar o time da Série B a grande oportunidade da sua carreira

Por Rio de Janeiro


Contratado para ser o técnico do Botafogo em 2015 com contrato de um ano, René Simões foi apresentado no início da tarde desta quarta-feira, em General Severiano, justamente no dia do seu aniversário. Ele já começou o trabalho de planejamento junto com a diretoria, entregou uma lista de possíveis reforços e convocou os verdadeiros alvinegros a não abandonarem o clube neste momento em que está na "UTI"

- As pessoas que me ligarem hoje no meu aniversário, que me visitarem, terei muito carinho. Mas o dia que estiver na UTI, as pessoas que visitarem que são meus verdadeiros amigos. Agora é a hora de ver quem são os verdadeiros botafoguenses - disse.

Apresentação René Simões botafogo (Foto: Fred Huber)René Simões é apresentado como novo técnico do Botafogo (Foto: Fred Huber)



René Simões sabe que sua missão não será das mais simples, e o próprio classificou como o "maior desafio da carreira". O Alvinegro vive uma profunda crise financeira e vê seus problemas se acumulares ao mesmo tempo em que jogadores importantes, como Gabriel e Daniel, entraram na justiça para pedir a rescisão contratual.

- Recebi esse grande presente do Botafogo. Talvez seja o maior desafio da minha carreira, mas também é uma enorme oportunidade. O Botafogo de tantas tradições, de ídolos fenomenais, que, quando criança, via Didi, Garrincha, Carlos Alberto... É uma honra muito grande estar em um clube como esse. Sei das dificuldades que teremos, mas agradeço ao presidente Carlos Eduardo Pereira, ao Mantuano (vice de futebol) e ao Carlos Alberto Torrres pela indicação. Estou muito feliz - completou.

René, que completa 62 anos nesta quarta-feira, já conquistou o título da Série B em 2007 quando dirigia o Coritiba. No Rio, ele foi técnico do Fluminense, entre 2008 e 2009, e diretor de futebol do Vasco em 2013. O técnico tem ainda como destaque em sua carreira o fato de ter classificado a Jamaica para a Copa do Mundo de 1998 e ter conquistado a medalha de prata com a seleção brasileira feminina nas Olimpíadas de Sidney, em 2000.

VER VÍDEO

http://globotv.globo.com/globocom/globoesportecom/v/rene-simoes-fala-sobre-diferenca-de-montar-um-time-para-a-serie-b/3837584/

Confira a entrevista completa de René Simões:

Desafio à frente do Botafogo

- A minha vida é marcada por desafios, e a grandeza do Bota estimula a gente a querer estar aqui dentro. O Bota é essa grandeza toda momentaneamente na Segunda Divisão. Espero contribuir muito. Mais do que ser um treinador, tenho que ser um cara que junte pessoas, direção, torcida, jogadores, comissão técnica.

Lista de reforços
- Conversamos e estamos bem encaminhados. Já temos a relação de jogadores que queremos e fizemos aquela relação de jogadores que sonhamos. Vamos ver o que será possível. Gera a necessidade de muita união entre todos, não sabemos que relação vamos conseguir. Temos que nos basear em muito foco, em meritocracia. Vamos ter que ter muito trabalho duro.

Como seduzir atletas a jogarem pelo Botafogo
- Ir no jogador certo. Tem muitos que não estão encaixados em grandes clubes e vão querer entrar no time do Botafogo na Série B. Vão usar o clube, assim como o clube vai usá-los, e eles vão se promover. É uma bela oportunidade jogar no Botafogo. olha o número de jornalistas que temos hoje. A sedução vai vir pelo Botafogo, não pelo o que eu vou falar para eles

Diferença da Série A para Série B
- O tipo de jogo da Série B é diferente, é um jogo mais pegado, que você tem que estar entregue em 90 minutos. A bola nem sempre está embaixo, vem mais em cima, mais agressividade dentro da área, fora da área... Pensando nisso temos uma relação de jogadores que podem ser utilizados na Série B.


Motivação para voltar a ser técnico
- O que move são meus objetivos de vida. Nos últimos dois anos fiz cinco cursos me preparando para retornar ao campo. Estava incomodado e pensei que tinha que voltar. Hoje estou muito mais preparado. Se você não tem os melhores jogadores, já que as condições financeiras inviabilizam, tem que ter o time bem treinado. Vou usar uma palavra que o Tite usou muito: desempenho. A capacidade dos jogadores de absorver no treinamento é o que a gente quer. Isso que me move. Fiz muitas coisas, me sinto um jovem de 62 anos. Fiz cursos, viajei a Europa, acordei cedo...

René Simões, Apresentação Botafogo (Foto: Vitor Silva / SSpress)René Simões, Apresentação Botafogo (Foto: Vitor Silva / SSpress)

Conhece o elenco?
- Eu costumo dizer que o treinador só tem conhecimento de jogador quando trabalha com ele. Fora isso, você tem informação e percepção. Conhecimento eu só vou ter quando trabalhar com eles. Vou saber quem é de jogo, quem é de treino... Vamos ver quando eu trabalhar com eles para definir o grupo para a pré-temporada e iniciar os trabalhos.

Importância de Jefferson
- Jogador como o Jefferson exerce um papel fundamental na equipe. Jogador de seleção brasileira, isso dá peso ao time. É óbvio que conto com ele".

Gabriel e Daniel, que rescindiram na justiça
- São dois ótimos jogadores. Se o Botafogo puder reverter isso para tê-los conosco, será muito bom.

Jobson
- Temos que montar o elenco e depois pensar neste processo. É um trabalho de comissão técnica. Para ganhar uma competição como a Série B, precisamos de uma comissão forte e experiente, e estamos montando isso. Vou conversar com ele (Jobson) para saber se mudou (dispenso o atacante na época do Bahia). Torço para que tenha mudado. Potencial eu sei que ele tem, mas não pode ser diferenciado dos outros na meritocracia.

Carioca e Copa do Brasil como laboratórios?
- Você não pode desprezar nenhuma competição. Autoconfiança conta, e isso ganhamos com coisas boas que acontecem com a gente. As dificuldades são muito grandes, mas vamos trabalhar. Vamos trabalhar no Campeonato Carioca, na Copa do Brasil, mas o foco principal é a Série B. Mas eu adoraria ser campeão carioca. Nunca fui, adoraria ser campeão no meu estado

Salário considerado abaixo da média do mercado
- Se olharmos todos os treinadores, todos estão ganhando menos do que ganhavam. Parabéns ao futebol brasileiro. É irracional oferecer sem ter. A mim não incomoda. Ganho mais do que a grande maioria dos milhões de brasileiros. Estou ganhando muito bem, o futebol brasileiro que estava fora da realidade. Falei isso antes (como dirigente), e agora estou me ajustando na prática.

Local da pré-temporada
Estamos visitando um local, parece excepcional. Vamos dar uma olhada, tem tudo para ser o escolhido. Já temos data, está muito bem encaminhado. Apesar der ainda estarmos discutindo algumas coisas.

*Estagiária, sob supervisão de Jessica Mello.

NOTA OFICIAL




A partir de hoje (16/12/2014) o DEPARTAMENTO DE FUTEBOL 7 está encerrando suas atividades de muitas Glórias Regionais, Estaduais, Nacionais e Internacionais.
Iremos manter as páginas do Departamento de Futebol 7 "viva" para que nossos torcedores possam ver e lembrar de nossa bela trajetória durante esses 6 anos.
Obrigado à vocês torcedores por nos apoiar em todos os momentos, nós do Departamento de Futebol 7 NUNCA iremos esquece-los!

O ÚNICO detentor da Tríplice Coroa do Esporte
CAMPEÃO MUNDIAL
CAMPEÃO BRASILEIRO
CAMPEÃO DA LIGA NACIONAL

Estaremos terminando a nossas atividades este ano, mais nosso caminhos são de Glórias!

Fogooooooooooooooooooo!

Bruno Serôa
Botafogo Futebol e Regatas(FUTEBOL 7)
Carta aberta - DESPEDIDA



Há exatos 06 anos e alguns dias, entrei de vez no Botafogo de Futebol e Regatas mais não como atleta e sim como Diretor Executivo da modalidade que na qual é extremamente apaixonante; o FUTEBOL 7!


Após 02 anos como atleta, vi a necessidade e a coragem de abraçar algo muito maior, a gestão de uma equipe aonde o esporte era apenas um embrião. Nesses anos de BOTAFOGO, tive muitas responsabilidades e tive que tomar diversas decisões, tive também que colher muitas derrotas, derrotas essas que viraram vitórias com o desenvolver do trabalho e assim veio a criação de um Departamento Oficial da modalidade, veio também a responsabilidade de ser o Primeiro Clube Profissional a criar um Departamento voltado para a prática do Futebol 7 e vendo no esporte a possibilidade de trazer grandes glórias, revelação atletas (levamos diversos atletas para jogarem Futsal fora do Brasil) e de mostrar a todos que não é somente de Futebol Profissional que se faz um Clube.


Com a criação do Departamento de Futebol 7, veio mais responsabilidades e um mundo completamente novo e desconhecido a desbravar. Então me agarrei com todas as minhas forças e procurei sempre observar dirigentes honestos, suas condutas, suas decisões para que futuramente eu pudesse ter o mínimo de sabedoria a frente do Departamento de Futebol 7 (e tive a honra de tê-los no BOTAFOGO, ou seja, não precisei sair de casa). Fiz questão de iniciar as atividades do Futebol 7 na Terceira Divisão (feito esse que somente o BOTAFOGO fez questão de iniciar por baixo e fazer o correto), assim fomos tendo credibilidade num esporte que acabara de nascer, conquistamos então de forma invicta o Campeonato Carioca da Terceira Divisão e assim conquistamos também a Segundona, partindo então pra famosa “Elite” – Primeira Divisão.


Já na Primeira Divisão, tomamos o conhecimento profissional da modalidade, a visibilidade que o esporte agregava a “MARCA” (televisão ao vivo, jornais, sites de diversos meios de comunicação e etc..), a responsabilidade que tínhamos na 3ª Divisão agora era imensurável. Aos poucos, fomos conquistando torneios, campeonatos e a Sala de Troféu de General Severiano foi ficando cheia.


Foi então que dentro do Departamento de Futebol 7, eu criei Sub-Departamentos; Juríco, Comercial, Marketing, Social, TI, Futebol entre outros...


Quando dei por mim, tinha montado um esquema que andava muito bem dentro de campo e fora de campo e muito bem dentro do Clube, respeitando sempre as Normas e Regulamentos do nosso BOTAFOGO. Como num amanhecer lindo, o BOTAFOGO tinha se tornado o melhor time do mundo, isso mesmo, em 2012 o BOTAFOGO conquistou as competições mais importantes do esporte e tendo assim o direito de ostentar o título da TRÍPLICE COROA – CAMPEÃO MUNDIAL DE CLUBES, CAMPEÃO BRASILEIRO E CAMPEÃO DA LIGA NACIONAL!


Diga-se de passagem que é o ÚNICO que tem a Tríplice Coroa.


Mesmo em 2012, o Departamento de Futebol 7 levou para dentro do BOTAFOGO o Futsal que na qual teve uma brilhante passagem em todas as categorias, conquistando diversos títulos Nacionais e Estaduais, assim como o seu “primo” Futebol 7 que conquistou títulos Internacionais, Nacionais e Estaduais em diversas categorias.


Estava aí o BOTAFOGO mais uma vez na frente de diversos Clubes, em duas modalidades de grande visibilidade. Quando 2013 chegou, o Departamento de Futebol 7 trouxe consigo mais 02 (duas) modalidades: Futebol Feminino de Campo e Judô em todas as categorias.


Não preciso nem dizer que foi SUCESSO absoluto, o Judô com diversos títulos Nacionais e Regionais e o Futebol Feminino de Campo pela primeira vez vestia a camisa Alvinegra da modalidade.


Ah, o Futebol Feminino!

Diversas atletas da Seleção Brasileira Sub-15,17,20 e Adulto (assim como a equipe de Futebol 7), com um bom planejamento e muito trabalho conseguimos a tão sonhada vaga do Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino de Campo (feito inédito) aonde conseguimos a 4ª Colocação, mas levantamos o troféu de CAMPEÃO Carioca E Vice – Campeão em duas categorias.


Vale ressaltar que todos os esportes que o Departamento de Futebol 7 teve a gestão nesses anos, NUNCA teve nenhum aporte financeiro do Clube, era um Departamento independente que cumpriu com suas obrigações sem onerar o BOTAFOGO em nenhum momento. O Departamento de Futebol 7, sobrevivia a base de seus patrocinadores de cada esporte, sendo assim o responsável direto por manter sua folha salarial de cada membro envolvido diretamente, seja ele no Futebol 7, Futebol Feminino de Campo, Futsal ou Judô.


O Clube por sua vez, nos dava os uniformes para que pudéssemos ir para as competições uniformizados e assim fazendo valer a elegância Gloriosa do nosso BOTAFOGO.


Volto a dizer, o BOTAFOGO nunca me deu 01 centavo sequer para comprar água, taxas das Federações, passagens ou outros tipos, o Departamento de Futebol 7 existiu durante todos esses anos graças a gestão e planejamento de todos os integrantes envolvidos diretamente com seus esportes.


Hoje o sonho acabou, porém certo de entender e saber que o trabalho foi bem feito e de grande SUCESSO, e digno de um Clube grande como o BOTAFOGO. Hoje termino um ciclo de MUITAS conquistas, de MUITAS glórias, de MUITAS alegrias aos torcedores botafoguense e de MUITA paixão por esse clube que honrei e defendi durante esses anos.


Agradeço a todos que estiveram comigo nessa “batalha” de tantos anos, aos que fizeram história com a camisa do BOTAFOGO e fiquem certos que cada um de vocês contribuíram ao máximo para que o DEPARTAMENTO DE FUTEBOL 7 tenha sido reconhecido MUNDIALMENTE e com o crescimento do esporte.


Obrigado a todos os Sub-Departamentos; Futsal, Futebol Feminino de Campo e Judô, obrigado aos membros das comissões técnicas, aos atletas, ao patrocinadores que sem vocês o Departamento de Futebol 7 não teria essa visibilidade, aos dirigentes que acreditaram que tudo isso era possível e foi possível e aos funcionários do BOTAFOGO que me acolheram de braços abertos.


Obrigado!


Bruno Serôa