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Gaciba aprova tecnologia no futebol, mas diz: "Nem tudo será solucionado"

Comentarista defende uso de vídeos, porém faz ressalvas sobre geração de imagens e questiona: "Por que não dar ao juiz o direito da dúvida?"

Por Rio de Janeiro


VÍDEO Aqui

Após mais uma rodada do Campeonato Brasileiro com lances duvidosos marcados pela arbitragem, o uso ou não dos vídeos nos jogos voltou a ser debatido. Com a experiência de ter sido juiz de futebol e hoje trabalhando como comentarista de arbitragem, Leonardo Gaciba falou ao "Redação SporTV" dessa quinta-feira sobre o tema. Para ele, a tecnologia no esporte pode ajudar, mas não vai solucionar todos os lances, em função de algumas jogadas serem interpretativas (assista ao vídeo).

- A gente viu outro dia, um pênalti demorar quatro minutos, um pênalti a dois metros e meio fora da área, marcado pelo árbitro Francisco Carlos Nascimento. Se a gente visse pelo televisor, em 30s a gente colocaria essa bola fora da área e tudo estaria solucionado da forma correta. Agora, no vôlei, a coisa é mais simples porque é questão de uma imagem: tocou ou não tocou, foi dentro ou foi fora. No futebol, nem tudo será solucionado porque nós temos muitas matérias interpretativas, no qual nós mesmos, comentaristas, observamos uma jogada por vários ângulos e tomamos decisões diferentes. Temos opiniões diferentes a respeito do lance. Agora, nessas jogadas simples, onde não há critério de interpretação, acho que seria maravilhoso e validaria a justiça. Isso é o mais importante - comentou Gaciba.

Árbitro Francisco Carlos do Nascimento assinala pênalti para o Coritiba, mas volta atrás (Foto: Divulgação/ Site oficial Coritiba)

Árbitro Francisco do Nascimento marca pênalti para o Coxa e volta atrás (Foto: Divulgação/Site oficial Coritiba)

A 22ª rodada do Brasileirão foi marcada por polêmicas de arbitragem. No duelo entre Palmeiras e Flamengo, o Alviverde reclama de pênalti de João Paulo em Henrique, não marcado pelo árbitro Anderson Daronco. Além disso, Eduardo da Silva confirmou que dominou a bola com o braço, no lance do segundo gol do time carioca. Para Leonardo Gaciba, pode ter havido falha de comunicação entre o juiz e seus auxiliares.

Frame Eduardo da Silva mão (Foto: Reprodução)
Eduardo da Silva dominou a bola com a mão no
segundo gol do Flamengo (Foto: Reprodução)

- Outra coisa que eu acho equivocada em relação ao que a Fifa está com o adicional é sinalizarem o que estão marcando. Demoraram quase meio século para os bandeiras começarem a avisar o que estavam vendo dentro de campo. Sempre foram gestos de forma secreta e esse árbitro adicional atrás do gol deveria ter uma bandeira para que todo mundo visse e ele chamasse a responsabilidade quando ele marcasse pênalti. Muitas vezes estão ocorrendo dentro do campo de jogo e o assistente fala para o árbitro "pênalti" e nós não sabemos se ele marcou pênalti ou não. Eu não estou afirmando, mas nessa jogada do Flamengo, o adicional poderia ter gritado "pênalti" e o árbitro, no centro do campo, ter achado que a jogada não era para marcar.

Na partida entre Botafogo e Bahia, a arbitragem também foi motivo de reclamação. O atacante Emerson reclamou bastante de seus dois cartões amarelos. O Alvinegro teve três jogadores expulsos pelo árbitro Igor Junio Benevenuto e o goleiro Jefferson chegou a falar em "roubo". O Tricolor também tem motivos de reclamação. No primeiro gol carioca, Ramírez recebeu passe em situação irregular. Depois, o pênalti que originou o segundo gol dos donos da casa veio em toque de mão polêmico de Railan. No segundo tempo, um gol de Kieza legal foi mal anulado.

Emerson Sheik Botafogo x Bahia (Foto: André Mourão / Ag. Estado)

Emerson Sheik desabafa para a câmera depois de ser expulso (Foto: André Mourão / Ag. Estado)


O ex-árbitro explicou que os próprios juizes das partidas também são a favor da implementação da tecnologia no futebol. No entanto, para Gaciba, o assunto precisa ser tratado com cautela, já que seria necessário definir questões importantes como por exemplo, quem iria gerar as imagens. Outra preocupação levantada pelo comentarista se refere a metodologia do "desafio", se seria proposto somente pelos técnicos ou se o próprio árbitro teria o direito de parar um lance em caso de não ter certeza de qual decisão tomar.
Quem vai gerar as imagens, como vai ser o desafio e por que não dar ao árbitro o direito da dúvida?"

Leonardo Gaciba
- Acho que quem é mais a favor de tecnologia entre todos os envolvidos no futebol, tem que ser os árbitros. Afinal de contas, as arbitragens estão desmoralizadas. Então, tudo o que vem ajudar a arbitragem é uma maravilha. Quem fica marcado pelos erros são os próprios árbitros. A única coisa que eu faço uma "vírgula" é  que todos nós queremos tecnologia, agora, a forma como isso vai ser utilizado é que tem que ser muito bem estudado. Quem vai gerar essas imagens, como isso vai ser feito e como é que vai ser feito o sistema de desafio. Uma pergunta que eu coloco no ar: por que colocar em desafio e não dar ao árbitro o direito da dúvida? por que o próprio árbitro não pode dizer: "olha, essa jogada, eu não consegui ver da melhor forma possível. Eu tenho dúvida, eu quero parar o jogo e olhar a imagem no televisor" - disse o comentarista.
Recentemente, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, utilizando o exemplo do tênis, se mostrou favorável a implementação do "desafio" no futebol. Entretanto, o tema é controverso dentro da alta cúpula da entidade, já que o secretário geral Jérôme Valcke, dias depois, revelou ser contrário à tecnologia no esporte.