Defesa de Jobson crê em represália de sauditas e vai à Fifa por liberação
Documento
enviado por Ministério do Esporte afirma que atacante está suspenso até
1º de abril de 2022, mas advogado fala em abordagem obscura a jogador
na Arábia
Documento do Ministério do Esporte à CBF na última quinta-feira avisando de suspensão de Jobson (Foto: Reprodução)
Cerca de 40 minutos antes da partida contra o Goiás, na
última quinta-feira, o Botafogo recebeu um documento que havia sido emitido
pelo Ministério do Esporte e encaminhado à CBF. Endereçado ao presidente José Maria
Marin e assinado por Marco Aurelio Klein, secretário nacional da Autoridade
Brasileira de Controle de Dopagem, ele avisava que Jobson estava suspenso até
1º de abril de 2022 por supostamente ter se recusado a fazer exame antidoping
quando atuava pelo Al Ittihad, da Arábia Saudita. Por precaução, o Alvinegro
decidiu tirá-lo do jogo, mas nesta sexta-feira, os advogados do atacante vão ao
encontro da Fifa em busca da liberação. Afinal, eles têm a certeza de que o
aconteceu na ocasião foi uma arbitrariedade.
A principal tese levantada pelos responsáveis pela defesa de
Jobson é de que trata-se de uma espécie de represália, já que o atacante
acionou o Al Ittihad na Fifa para receber salários e outros pagamentos devidos.
Como o clube tem força na Federação Saudita, teria havido uma suposta
articulação para punir o jogador numa situação no mínimo incomum quando se
trata de um procedimento antidoping.
Futuro de Jobson será discutido pela Fifa (Foto: Satiro Sodré / SSPress)
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O clube queria que o Jobson abrisse mão do que tinha a
receber para conseguir sua liberação. Ele não aceitou e começou a sofrer
pressão. O ponto dessa história foi a abordagem obscura desse exame
antidoping. O Jobson estava no hotel e lá foi abordado por uma pessoa
com um
crachá se dizendo representante da federação. Ele só falava árabe, e
obviamente
o jogador não entendeu nada, se recusando a assinar os documentos que
essa
pessoa portava. Como alguém pode ser condenado sem possibilidade de
defesa, sem
um julgamento? Não existe qualquer comunicação oficial de doping ou
envio de
notificação à CBF ou à Fifa sobre o caso. Acredito que essa questão está
vinculada
a essa cobrança do Jobson por salários – afirmou Rodolpho Cezar, um dos
advogados do atacante.
O objetivo é garantir a possibilidade de Jobson ser
relacionado pelo Botafogo para a partida contra o Grêmio, neste domingo. Para
isso, será necessário que a Fifa se manifeste sobre o caso, que não tramitou em
suas vias oficiais.
- Queremos saber junto à Fifa da validade desse documento
para passarmos ao Botafogo a tranquilidade para utilizar o Jobson - explicou Rodolpho
Cezar.
Confira um trecho do documento enviado pela Autoridade
Brasileira de Controle de Dopagem à CBF na última quinta-feira:
Senhor presidente,
O jogador Jobson Leandro Pereira de Oliveira, contratado
recentemente pelo Botafogo de Futebol e Regatas, está cumprindo um período de
suspensão por dopagem, portanto encontrando-se impedido de competir ou
participar de treinamentos oficiais.
Em 28 de agosto do corrente ano, a Saudi Anti-Doping Appeal
Panel sentenciou ao jogador uma sanção de oito anos de suspensão, contados a
partir de 1º de abril de 2014. Esta decisão foi notificada à Fifa e à Agência
Mundial Antidopagem – AMA.
Segundo email da AMA recebido hoje, acompanhado de
reportagem do site Globo Esporte sobre o retorno de Jobson aos campos
brasileiros, informamos que pelo art. 29 da FIFA Anti-Doping Regulations o
jogador poderá retornar aos treinamentos três meses antes da data do término da
suspensão imposta por dopagem, ou seja em janeiro de 2022.