Ex-judoca, remadora do Bota desarma rapaz em assalto, mas acaba agredida
Bianca
Miarka rendeu um dos homens na moto, mas sofreu agressões de seu
comparsa, foi hospitalizada e não pôde competir. Segundo dirigente, ela
passa bem
O
Botafogo conquistou neste domingo o título do Campeonato Brasileiro de
Remo, em São Paulo, vencendo
oito das vinte provas disputadas, seguido pelo Grêmio Náutico União de
Porto Alegre e pelo Flamengo. Mas o fim de semana não foi só de alegrias
para os alvinegros. Especialista no skiff single e inscrita no four
skiff sênior, a remadora Bianca Miarka passou por uma situação um tanto
quanto desagradável e não pôde competir em nenhuma das categorias. Ela
sofreu um assalto perto da entrada da raia olímpica da Universidade de
São Paulo (USP) e até conseguiu desarmar um dos assaltantes graças aos
conhecimentos de artes marciais, mas teve pertences levados e foi
agredida.
A loira de 31 anos foi judoca profissional, tendo
integrado a equipe olímpica de 2004, em Atenas, como reserva. Ao ser
abordada por dois homens em uma moto, um deles com uma arma de fogo,
Bianca reagiu. Ela conseguiu tirar o revólver das mãos do rapaz, mas
acabou sendo agredida pelo outro. Na confusão, eles fugiram, mas levaram
alguns pertences da esportista e a deixaram bastante machucada. A
remadora foi levada para o hospital e, segundo o diretor técnico do
Glorioso, Marcelo Murad, passa bem no momento.
- A família
dela reside em São Paulo e, por isso, a Bianca não ficou com a gente no
hotel, ficou na casa dela, de onde ia para a raia. Ontem ela ia competir
em duas provas. Ao descer do ônibus na entrada da raia olímpica, ela
foi abordada por dois motoqueiros que, com uma arma, tentaram
assaltá-la. Ela é ex-judoca, faixa preta, então, em um impulso, ela
desarmou o homem. O outro, que estava por trás, a agrediu. Depois, eles
fugiram. Ela se machucou muito, foi atendida no hospital. No momento,
ela está bem. Ficou com uma contratura nas costas e não conseguiu remar.
Tínhamos a Bianca inscrita no single skiff feminino sênior, que é a
especialidade dela, e acabamos sem participar porque não pode haver
substituição nessa prova. Ela estava inscrita também no four skiff
feminino sênior. Tivemos que substituir a guarnição, colocamos duas
outras meninas que se superaram e, mesmo sem treino, ganharam - explicou
o dirigente.
Bianca Miarka é remadora, mas já foi judoca profissional (Foto: André Durão)
A
própria Bianca fez uma postagem em sua conta em uma rede social após o
ocorrido. Ela reclamou da falta de segurança no entorno da USP. No dia
20 de setembro, o jovem Victor Hugo Santos desapareceu em uma festa dos
111 anos do Grêmio Politécnico no Velódromo da instituição. O corpo foi
encontrado apenas na manhã de terça-feira, dia 23. Ele foi enterrado um
dia depois, e a polícia ainda investiga para saber se houve crime ou
morte acidental (saiba mais sobre o caso no G1).
-
Até quando precisaremos de um mártir social para melhorar a segurança e
o policiamento nas regiões ao redor da USP e na própria Cidade
Universitária? Quantos corpos terão que ser encontrados? Eu tive sorte
de ter praticado 25 anos de esportes de combates, o que serviu para
minha auto-defesa para desarmar o bandido e mesmo assim estou com
diversas lesões. Quantos jovens e mulheres a mais precisarão ser
encontrados mortos ou espancados no futuro por falta de segurança ou
policiamento naquela região? - desabafou a atleta.
Bianca faz
doutorado na Universidade de Pelotas, no Rio Grande do Sul. Sua carreira
acadêmica gira em torno do judô profissional. Ela é pesquisadora em
táticas da modalidade e autora de um software para esportes de combate, o
FRAMI, que faz a análise técnica e tática de lutas e que já está sendo
usado
por vários treinadores de judô no mundo, em países como Espanha, Itália,
México, Chile
e no Leste Europeu. Por isso, mesmo competindo no remo, ela é uma
referência internacional na modalidade.
Confira a postagem de Bianca abaixo:
Bianca Miarka desabafa após assalto em SP (Foto: Reprodução)