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Sheik alfineta Assumpção: saideira tem ironias, deboche e propaganda

Demitido com mais três, atacante volta críticas ao presidente, fala da dura rotina de desempregado na praia e espera a festa dos alvinegros na saída de Maurício

Por Rio de Janeiro
Líder do quarteto demitido pelo presidente do Botafogo, Maurício Assumpção, no início deste mês, Emerson Sheik foi anfitrião na tarde de quarta-feira. O atacante abriu espaço no badalado restaurante do qual é sócio, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, para que ele, Bolívar, Julio Cesar e Edilson falassem pela primeira vez sobre o caso. Tão salgado quando o preço do prato que leva o seu nome no cardápio, o atacante abusou do sarcasmo e do deboche. Também falou sério, como quando relatou que atletas do grupo alvinegro passam fome e pedem dinheiro a companheiros que ganham mais, mas desde a entrada dos quatro no local da entrevista coletiva deixou claro que estava afiado.

VÍDEO

http://globotv.globo.com/globocom/globoesportecom/v/emerson-sheik-nao-economiza-nas-perolas-e-arranca-gargalhadas-durante-coletiva/3699565/

– Está lotado hoje, né? Eu gosto assim. Fico empolgado – disse, no início da sua primeira resposta na entrevista coletiva.

Em 57 minutos de perguntas e respostas, Sheik foi quem mais falou. O zagueiro Bolívar não ficou muito atrás, mas manteve o tom sério. Edilson e Júlio ficaram como coadjuvantes, apesar de terem sido duros em vários momentos.
Eu estou na praia e à noite venho jantar aqui. Estão todos convidados"
Emerson

O ex-camisa 7 do Alvinegro carregou durante praticamente todo o tempo da coletiva um sorriso de canto de boca, que se abria com facilidade. Quando não falava, ou digitava no telefone celular ou cochichava no ouvido dos colegas – como no momento em que disse "não vai falar besteira" para Edilson, quando o assunto era o técnico do Flamengo, Vanderlei Luxemburgo. Em quase todas as respostas, distribuiu alfinetadas na direção de Assumpção. 

– Não trabalhei com ele, só o vi duas vezes – afirmou, ao comentar a relação quase nula com o mandatário. 

Assim como quando postou um vídeo numa rede social dançando funk em sua cobertura na Barra dias depois da demissão, Emerson mostrou-se tranquilo com sua situação. Ao falar da rotina de desempregado – só tem que se apresentar ao Corinthians no ano que vem –, aproveitou para fazer propaganda de seu restaurante. 
– Eu estou na praia e à noite venho jantar aqui. Meu restaurante é top. Estão todos convidados.
Ainda que nas entrelinhas, sobrou até para a torcida do Botafogo. Nas respostas iniciais, usou adjetivos como linda e maravilhosa para falar dos botafoguenses. Depois, o tom mudou. 
– Fora a história (do clube), que é linda, tem uma torcida não muito grande, mas vibrante, apaixonada. Ela é diferente, leva o público de mais idade ao futebol, aos estádios, resgatando uma paz que hoje em dia já não vemos em outros jogos. Voltaria facilmente a vestir a camisa do Botafogo com uma nova direção, com planejamento.
Mosaico Emerson Coletiva (Foto: Editoria de Arte)

Assumpção na mira. Sheik também

O mandatário foi alvo quase que exclusivo dos ex-jogadores. Ele vive dias apinhados de crise no clube, mas derradeiros, já que seu mandato termina em 31 de dezembro – o pleito será em 25 novembro. Para Emerson, a saída é motivo de comemoração para os alvinegros.

– Se o próprio presidente assumiu a responsabilidade por tudo o que está acontecendo com o clube, acho que a torcida do Botafogo vai fazer festa, sim.
A entrevista do quarteto foi pouco conclusiva sobre os motivos das demissões. Os jogadores apenas rebateram declarações de Maurício Assumpção.

– Vai continuar papo de maluco para ca...... É isso aí. Ninguém entende nada, não tem o que falar. Não era nem para estarmos aqui hoje. Dessa vez, olha que surpresa, eu não fiz nada (risos).

Se quiser contratar alguém que não possa falar o que quer, contrata um pastor"
Emerson

Mas o jogador também foi alvo. Uma de suas respostas foi interrompida por berros de um rapaz que passava na frente do restaurante, dentro de um carro e com metade do corpo para fora, não parecendo lá muito contente com Sheik.
– Sheik, chinelinho filho da p...!
Emerson sorriu e continuou.  

– Eu não posso falar do caráter dele (Assumpção), não tinha relacionamento fora do trabalho. Eu sou a favor de festa para caramba, ele comemorou o aniversário dele, e eu nem sabia da festa dele. Não sei quantos anos o cara tem. Vou saber da festa do Maurício? Deve ser uma galera nada a ver (risos).

O episódio da “vergonha”, em que Sheik atacou a CBF, também foi abordado. Questionado sobre o peso de sua manifestação na decisão de Maurício, salpicou mais uma pitada de ironia.

– Se quiser contratar alguém que não possa falar o que quer, contrata um pastor.

E o tamanho do estrago da atual administração?


– Conhece o Monte Fuji (risos)? – afirmou, citando o ponto mais alto do Japão.

E assim termina a passagem de Emerson Sheik pelo Botafogo. E começa a vida de um, por ora, desempregado. Mas uma coisa é certa: hoje tem praia.