Maior do Brasil, Maracanã fica longe do sucesso de público da Copa
Com capacidade para 78 mil,
estádio carioca enfrenta restrições para disponilizar carga máxima.
Menor, Mineirão leva 10 mil a mais no mesmo dia
O Maracanã não é mais o maior do mundo, mas ainda ostenta o título no Brasil. Com capacidade para 78.639 mil pessoas, é o estádio capaz de receber o maior número de torcedores do país. Em jogos do Campeonato Brasileiro e da Copa do Brasil, no entanto, o potencial tem sido deixado de lado. Diferentemente da final da Copa do Mundo, entre Alemanha e Argentina, quando mais de 74 mil pessoas assistiram à decisão, o principal palco do futebol carioca enfrenta restrições em competições nacionais para receber grandes públicos (assista ao vídeo).
Proporcionalmente à capacidade das novas arenas reformuladas para a
Copa, o Maracanã é o estádio que tem o maior número de restrições. No
jogo entre Cruzeiro e Atlético-MG, pela 23ª rodada do Campeonato
Brasileiro, realizado no Mineirão, 60 mil ingressos foram
disponibilizados - na arena, cabem pouco mais de 62 mil pessoas. Dessa
forma, o clássico mineiro recebeu 10 mil torcedores (51.069) a mais que o
Fla-Flu, disputado no mesmo final de semana.
No estádio carioca, onde houve bloqueio de assentos, 41.666 pessoas estiveram presentes, de 56.604 ingressos disponíveis. O maior público do estádio após a Copa é a de Flamengo 0 x 1 Grêmio, pela 19ª rodada, com 51.858 torcedores
No estádio carioca, onde houve bloqueio de assentos, 41.666 pessoas estiveram presentes, de 56.604 ingressos disponíveis. O maior público do estádio após a Copa é a de Flamengo 0 x 1 Grêmio, pela 19ª rodada, com 51.858 torcedores
As razões para o Maracanã não disponibilizar sua carga máxima para
jogos são explicadas pelo diretor de marketing do estádio, Marcelo
Frazão. Ele aponta quatro fatores que limitam o número de bilhetes
colocados à venda. O primeiro é a lei da gratuidade, a mais generosa do
país: ex-atletas, de qualquer modalidade, menores de 12 anos e maiores
de 65 entram de graça. O Ministério Público recomenda o bloqueio de 20%
da carga total para este público.
Flamengo x América-RN: Maracanã recebeu
42.046 torcedores (Foto: Thales Soares)
- Se você pegar um preço médio, você vai ter uma arrecadação potencial
desses 18, 19 mil ingressos em torno de R$ 700 mil, que é um valor
relevante para clubes, estádio, para a arrecadação, inclusive do Estado -
diz Frazão.
O segundo ponto é o direito assegurado aos donos de cadeiras cativas:
mais de 5 mil lugares. Nos camarotes do setor leste, que só costumam ser
usados em jogos decisivos, outros 1.500 assentos ficam livres. Por
último, a divisão das torcidas obriga a colocação de grades, o que
diminui a capacidade do estádio.
- Cabe a comparação porque o estádio é o mesmo, não diminuiu – diz Frazão.
O número de lugares destinados aos torcedores visitantes também é um
ponto polêmico. Segundo o tenente-coronel da Polícia Militar do Rio de
Janeiro, João Fiorentini Guimarães, a Confederação Brasileira de Futebol
determina que 10% seja oferecido ao time adversário. Número que muitas
vezes fica longe de ser alcançado.
- O regulamento do campeonato, da CBF, determina que o estádio reserve
10% da sua capacidade para a torcida visitante. Basta os clubes se
unirem e solicitarem à CBF que refaça essa conta e destine um espaço
menor – disse.
Clássico | Capacidade | Público |
---|---|---|
Fla x Flu | Maracanã - 78 mil | 41.666 |
Cruzeiro x Atlético-MG | Mineirão - 62 mil |
51.069 |
O jornalista Jorge Luiz Rodrigues, de “O Globo”, citou o exemplo da
Inglaterra, onde os clubes que se enfrentam negociam a carga para o time
visitante. Segundo ele, o modelo é mais sensato que o adotado no
Brasil.
- Dar 10% ao visitante é uma regra burra. Na Inglaterra, não existe
essa regra. Há um acordo. O time mandante fica com a totalidade da renda
e envia um acordo para o clube. Se reúnem e dizem que têm "x" ingressos
e uma cota. Se for bem-vinda, pode se destinar mais ingressos. Tudo
isso é feito com duas semanas de antecedência. Pode haver até cota extra
na semana do jogo. É a regra mais plausível, mais sensata - disse.